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terça-feira, 5 de setembro de 2017

DESAFIOS E AMIZADE NA VIDA CONJUGAL


         A grande pergunta que norteia qualquer reflexão acerca da experiência conjugai é a forma como poderemos produzir um relacionamento estável e feliz. Primeiro, deveremos realizar um trabalho interior. A proposta da Doutrina Espírita prevê que consigamos o autoconhecimento. Se não nos conhecermos, não saberemos quais serão as nossas reações e não teremos uma ideia de como nos comportar em determinadas situações, o que resultará em atitudes intempestivas desencadeadas por questões familiares muito simples, quando entramos em litígio com o parceiro em nome de verdadeiras banalidades, graças ao capricho de querermos impor a nossa opinião.

         Como a união conjugal é uma parceria, é indispensável que cada um dos membros contribua com a sua melhor parte. Que cada um realize um movimento na direção do outro sem esperar que seja sempre a parte que cede.

        Muitas vezes, no egoísmo masculino, o homem deseja que a mulher permaneça como sua serva, sem dar-se conta de que essa época histórica já passou. O desejo que o outro exerça o papel subalterno pode existir também por parte da companheira, cabendo-lhe tomar os mesmos cuidados que recomendamos para o indivíduo do gênero masculino.

      Vivemos um tempo de direitos iguais na relação a dois, tornando-se imprescindível que ambos se reconheçam como responsáveis por desenvolver a maturidade no relacionamento, numa atitude recíproca de respeito e de compreensão.

      Com muita frequência desejamos que o outro seja o que não conseguimos. A nossa afetividade reproduz uma forma de fuga psicológica. O indivíduo ama na pessoa a imagem do que não consegue ser e ela tem que corresponder a essa expectativa. Este fato é tão comum que a maioria dos casais, quando transcorrem alguns meses após o casamento, enfrenta um processo de insatisfação que leva um dos cônjuges a dizer ao outro: “Eu me decepcionei com você!”.

      É óbvio que isso teria que acontecer, pois a pessoa construiu uma imagem do companheiro ou companheira. Aquele rapaz bonito, gentil e bem cuidado não era exatamente o que ela pensou. A parceira criou uma imagem e desejava obrigar o marido a interpretar aquele papel projetado futuro a fora. Quando ele deixou de ser alguém que queria conquistá-la, porque já o conseguiu e não soube mantê-la, é evidente que a mudança produza um choque.



         Para que uma união seja estável e feliz o casal deverá cultivar o sentimento de amizade e companheirismo, uma parceria afetiva profunda pelo ser que se encontra ao seu lado. Se esta medida for adotada na vida conjugai o êxito será inevitável.

         A amizade é o primeiro passo do amor. Quem não é capaz de ser amigo não será capaz de ser amante, no sentido estético e profundo desta palavra. Porque a amizade é este jogo de fraternidade e de confiança.

        Se o marido chega a casa e não anda muito bem consigo mesmo, a esposa pensa,
inadvertidamente: “Ele está me subestimando’. Está fazendo pouco caso de mim!”

        Em vez de imaginar hipóteses absurdas, a companheira poderia simplesmente entender que ele não está bem e procurar tratá-lo com mais atenção. Se ele não está bem, dê-lhe o direito de ter uma fase ruim e ame-o mais! Somente porque o divórcio está banalizado iremos declinar das nossas responsabilidades diante da primeira dificuldade?

       Ninguém se casou para ter um inimigo dentro de casa, mas para ter um amigo. Se por alguma razão o seu companheiro encontra-se numa fase em que não lhe procura como parceira sexual, receba-o em sua intimidade na condição de um amigo, envolvendo-o em ternura, uma qualidade essencial às relações humanas e que se encontra muito esquecida. Diga-lhe: “Meu bem, não há problema! Eu compreendo você!” Não há homem que resista a uma expressão de carinho da mulher amada! Dê aquele toque de sensibilidade que só as mulheres sabem colocar.

        Há esposas que são curiosas em suas atitudes. Busca o espelho e adorna o cabelo com um penteado especial. Quando o marido vai acariciá-la, tocá-la na cabeça, dá um salto de desespero e solicita: “Não desmanche o meu penteado!” Mas ela está se penteando para quem? Não será para o marido? Eu entendo que ela queira embelezar-se para manter a sua autoestima, em primeiro lugar, mas de permitir que o seu marido mereça uma parte dessa história... Faculte ao seu marido despenteá-la um pouquinho! Eu não sei por que, mas o homem adora desmanchar o cabelo da esposa! A companheira pode até fazer melhor: quando o marido chegar do trabalho, sendo sábia, deve deixar o cabelo exposto... (risos)...

        Por sua vez, o marido tem obrigação de entender a indisposição momentânea da esposa. Ela passa por ciclos hormonais que apresentam fases de intensa alteração física e emocional. É necessário tratá-la como uma pessoa que merece o seu respeito, e não como um objeto que se usa e se descarta como melhor aprazer.

       A nossa viagem em busca do amor que liberta pode ser feita de desafios e dificuldades, que fazem parte do caminho ascensional. O espiritismo, ao nos falar de amor, liberta-nos definitivamente do pieguismo. Amor não é conivência. Muitas pessoas confundem os conceitos e não se dão conta de que a conivência é uma forma de covardia, pois é preciso coragem para dizer não. É uma palavra que podemos utilizar com naturalidade, sem cultivar a raiva daquele de quem discordamos.


Por
Divaldo Franco

Fonte: Sexo e Consciência. Divaldo Franco. Organizado por Luiz Fernando Lopes.

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