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terça-feira, 28 de julho de 2015

ORAÇÃO DA CURA

Pai celestial, que habitais o meu interior, impregna com a Tua Luz vital cada célula de meu corpo, expulsando todos os males, pois estes não fazem parte de meu ser. Na minha verdadeira realidade, como filho de Deus perfeito que sou, não existe doença; por isso que se afaste de mim todo o mal, todos os bacilos, micróbios, vírus, bactérias e vermes nocivos, para que a perfeição se expresse no meu corpo, que é templo de Divindade.

Pai Teu Divino filho Jesus disse: pedi e recebereis, porque todo aquele que pede recebe, portanto, tenho absoluta certeza de que a minha oração da cura já é a própria cura. Para mim agora, só existe esta verdade: a cura total. Mesmo que a imagem do mal permaneça por algum tempo no meu corpo, só existe em mim agora a imagem mental da cura e a verdade da minha saúde perfeita.

Todas as energias curadores existentes em mim estão atuando intensamente, como um exercito poderoso e irresistível, visando os inimigos, fortalecendo as posições enfraquecidas, reconstruindo as partes demolidas, regenerando todo o meu corpo. Sei que é o poder de Deus agindo em mim e realizando o milagre maravilhoso da cura perfeita.  

Esta é a minha verdade mental. Esta portanto é a verdade do meu corpo.

Agradeço-Te, oh! Pai, porque Tu ouvistes a minha oração.

Dou-Te graças, com toda alegria e com todas as forças interiores porque tua vontade de perfeição e saúde aconteceram em mim, em resposta ao meu pedido.
Assim é e assim será.

Autor: Dr. Manoel Dantas



Fonte: Site – Mensagem Espírita.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Post.211: JESUS E AS CURAS

Jesus apenas curou aqueles que já estavam preparados, os que tinham merecimento, em que tinham começado com sinceridade seu processo de auto aprendizado, estes estavam aptos para serem curados e não mais voltar a cair nos mesmos erros. Pois, se Jesus tivesse curado deliberadamente a todos Ele não teria dado a oportunidade dessas pessoas buscarem a sua iluminação, de irem  em busca de seu melhoramento. Iriam cometer os mesmos erros, e assim atrasar o seu processo evolutivo. Aquelas pessoas que foram curadas já estavam aptas, tinham a capacidade de entender , e seguir as máximas de Cristo Jesus.

Jesus era um passista; com um potencial magnético inigualável. E o exemplo maior de médium curador. É por isso que realizou tantas curas. Os que tinham merecimento para serem curados, eram curados. Jesus doava fluidos terapêuticos medicamentosos, e ensinou os seus discípulos tal meio de cura e recomendou-os claramente para também realizarem: “Curai os enfermos.” (Mt. 10:8). No final do dia, quando as tarefas diárias eram encerradas, as pessoas levavam seus parentes até Jesus, na esperança de serem curados.  Lucas nos informa sobre os poderes curativos de Jesus, que: “Ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de varias moléstias lhos traziam; e Ele os curava impondo as mãos sobre cada um.” (Lc 4:40)

O fato preponderante para a cura é a postura do paciente, sua fé e o empenho de renovação.  Por isso que Jesus deixava bem claro, em duas expressões que usava com frequência, a primeira: “A fé te salvou”. Pois, nem todos eram curados. Havia uma condição essencial: a fé, a certeza de que haveria o beneficio da cura. Não se tratava de premiar os fervorosos, mas, apenas atender aos imperativos da sintonia, porque quem acreditava, sintonizava com Jesus e podia ser beneficiado. A outra expressão: “Vai e não peques mais,para que não te suceda pior”, significa que os nossos males estão subordinados ao comportamento, a Lei de Causa e Efeito. Portanto, é preciso que estejamos dispostos a mudar, superando nossas mazelas. Caso contrário, eles sempre aumentarão. 

O fluido que Jesus liberava era muito puro, desta forma curou muitos pela imposição divina de suas mãos. Posteriormente, os discípulos de Jesus por meio do ensino do Mestre usaram a imposição de mãos com fins terapêuticos, como também para curas. O ato dessa transmissão de fluidos terapêuticos de uma para outra pessoa nada tem de milagroso e fantástico. É uma natural conjunção de recursos que podem ser cultivados e aprimorados. Essa transmissão fluídica será tanto mais qualificada quanto sejam as qualidades morais do doador. Assim, é que a fé, o equilíbrio emocional e espiritual do doador, aliado à boa vontade e sintonia com os bons espíritos são fatores primordiais para a boa transmissão desses fluidos.


E como vimos, a fé das pessoas enfermas contribuíam para essas curas. Porque, a fé tem o poder de plasmar a forma mental da coisa desejada. Paulo, na Carta aos Hebreus, diz: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.”

É lógico que Jesus não veio apenas curar nossos corpos físicos mas, sobretudo, a paralisia de nossas almas. Seus apóstolos e discípulos sabiam que as moléstias refletiam a enfermidade da alma.

As doenças no estado de evolução em que encontramos são numerosas porque numerosas são nossas falhas e dificuldades. Além das desarmonias atuais, trazemos outras dificuldades das nossas vidas passadas. Nossas enfermidades, portanto, começam e terminam no nosso espírito. Tanto a saúde quanto a enfermidade tem a sua origem na mente, nas emoções, nos sentimentos e em todas as sensações da criatura, como um ser vivo formado de corpo e alma.

A doença nasce primeiramente na organização perispiritual, para então ser projetada em nosso corpo. O mal viver, o mal sentir e o mal pensar podem nos levar a quadros mórbidos dolorosos. Daí vem a necessidade de abandonar as praticas negativas, para deixar surgir um novo modo de viver, com amor e harmonia. Temos que cuidar da nossa mente para que a saúde reflita-se em nosso corpo. É como Jesus afirmou: “Procuremos as coisas de Deus (espirituais) e tudo o mais nos será dado por acréscimo.” Quem quer saúde não pode continuar a viver pensando mal, agindo mal, odiando e guardando mágoas e ódio em seu coração.

Quando tivermos os ensinos de Cristo Jesus no íntimo, as nossas necessidades serão completamente modificadas, pois para renovar as noções de dor e sofrimento é preciso compreender e levar o evangelho no nosso coração, é o processo da auto iluminação, ou seja, é educar o espírito, é entrar em um processo de auto conhecimento e auto descobrir-se, para trabalhar nossas dificuldades, nossas falhas. A afirmação de Mestre Jesus: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e o que crê em mim, nunca mais terá sede.” (Jo 6:35)

O Espiritismo é uma doutrina que visa promover a evolução do homem, por meio da sua transformação ética e moral, ajudando-nos a encontrar-nos com nós mesmos para entendermos nossas necessidades, e trabalharmos nas mudanças para a reforma interna do nosso ser imortal. A Doutrina Espírita não é uma corrente religiosa de caráter salvacionista, mas sim de doutrina que impulsiona a renovação humana. Pois, a cura para todos os males físicos e espirituais está no processo de renovação do ser humano à luz dos ensinos de Jesus Cristo.

A Doutrina Espírita nos mostra que somos seres em evolução, conscientizado-nos da nossa realidade espiritual, que incentiva-nos ao soerguimento e à busca de conquistas espirituais, que são os bens imperecíveis e que impulsiona no progresso e cura todas as nossas enfermidades tanto física como espiritual.

Então, não haverá cura sem renovação de atos e atitudes, sem reforma interior. Se observarmos atentamente o Evangelho veremos que Jesus falou para grandes multidões, porém, curou poucos.

Como Ele mesmo disse: “Não vim destruir a Lei”, ou seja, não veio curar a todos que cruzavam seu caminho, e sim aqueles que já estavam preparados para a cura. Jesus nos impulsiona a vencer a nossa paralisia espiritual.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo o espírito de J. B. Vianney, Cura D’Ars, assim se exprime:
“Meu Pai, curai-me, mas fazei com que a minha alma doente seja curada antes das enfermidades do corpo; que minha carne seja castigada, se necessário, para que a minha alma se eleve para vós com a brancura que possuía quando a criastes.”



Fonte: Livro A Casa do Caminho. De Sergito de Souza Cavalcanti. 

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Post.210: MÉDIUNS CURADORES

            
                 Este gênero de mediunidade consiste na faculdade, que certas pessoas possuem, de curar pelo simples toque, pela imposição das mãos, o olhar, um gesto mesmo, sem a ajuda de nenhum medicamento. Esta faculdade, incontestavelmente, tem o seu princípio na força magnética; dela difere, todavia, pela energia e pela instantaneidade da ação, ao passo que as curas magnéticas exigem um tratamento metódico mais ou menos longo. Todos os magnetizadores estão quase aptos para curar se sabem a isso se ligar convenientemente; eles tem a ciência adquirida; nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns a possuem sem jamais terem ouvido falar do magnetismo.

                A faculdade de curar pela imposição das mãos tem, evidentemente, o seu princípio numa força excepcional de expansão, mas é aumentada por diversas causas, entre as quais é necessário colocar em primeira linha: pureza dos sentimentos, o desinteresse, a benevolência, o ardente desejo de aliviar, a prece fervorosa e a confiança em Deus em uma palavra, todas as qualidades morais. A força magnética é puramente orgânica; pode ser, como a força muscular, dada a todo o mundo, mesmo a homens perversos; mas só o homem de bem dela se serve exclusivamente para o bem, sem dissimulação de interesse pessoal, nem satisfação do orgulho ou da vaidade; seu fluido depurado possui propriedades benfazejas e reparadoras que não pode ter aquele do homem vicioso ou interessado.

                Todo efeito mediúnico, como foi dito, é o resultado da combinação dos fluidos emitidos por um espírito e pelo médium: por essa união, esses fluidos adquirem propriedades novas que não teriam separadamente, ou pelo menos não teriam no mesmo grau. A prece, que é uma verdadeira evocação, atrai os bons espíritos solícitos em virem secundar os esforços do homem bem intencionado; seu fluido benfazejo se une facilmente ao dele, ao passo que o fluido do homem vicioso se alia com o dos mau espíritos que o cercam.

                O homem de bem que não tivesse a força fluídica não poderia pois, senão pouca coisa por si mesmo; ele não pode senão chamar a assistência dos bons espíritos, mas a sua ação pessoal é quase nula; uma grande força fluídica, aliada à maior soma possível de qualidades morais, pode operar verdadeiros prodígios de curas.

                A ação fluídica, por outro lado, é poderosamente secundada pela confiança do enfermo, e Deus recompensa, frequentemente, a sua fé pelo sucesso.

                Só a supertição pode ligar uma virtude a certas palavras, e só os espíritos ignorantes e mentirosos podem manter semelhantes idéias prescrevendo quaisquer formulas. Entretanto, pode ocorrer que, para pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreenderem as coisas puramente espirituais, o emprego de uma fórmula de prece ou de uma pratica determinada, contribui para lhes dar confiança; neste caso, não é a fórmula que é eficaz, mas a fé que é aumentada pela idéia ligada ao emprego da formula.

                Não é necessário confundir os médiuns curadores com os médiuns receitistas; estes últimos são simples médiuns escreventes, cuja especialidade é de servirem, mais facilmente, de intérpretes aos espíritos para as prescrições medicas; mas não fazem absolutamente senão transmitir o pensamento do espírito, e não tem, por si mesmos nenhuma influência.


Fonte: Obras Póstumas. Allan Kardec. Cap.: Manifestações dos Espíritos. Caráter e consequências. Itens 52 à 55.

  

  *Jesus é o maior exemplo de médiuns curadores. Outro exemplo são as benzedeiras.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Post.209: CURAS

O fluido universal, como se viu, é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, que dele não são senão transformações. Pela identidade de sua natureza, este fluido, condensado no perispírito, pode fornecer ao corpo os princípios reparadores; o agente propulsor é o espírito,  encarnado ou desencarnado, que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância de seu envoltório fluídico. A cura se opera pela substituição de uma molécula sã a uma molécula malsã. O poder curador está, pois, em razão da pureza da substância inoculada; ele depende ainda da energia da vontade, que provoca uma emissão fluídica mais abundante, e dá ao fluido uma maior força de penetração; enfim, as intenções que animam aquele que quer curar, quer seja homem ou espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura são como substâncias medicinais alteradas.

Os efeitos da ação fluídica sobre as enfermidades são extremamente variados, segundo as circunstâncias; esta ação, algumas vezes, é lenta e reclama um tratamento continuado, como no magnetismo comum; de outras vezes, ela é rápida como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de uma força tal que elas operam, sobre certos enfermos, curas instantâneas pela só imposição das mãos, ou mesmo só por um ato de vontade. Entre os dois polos extremos desta faculdade, há nuanças ao infinito. Todas as curas deste gênero são variedade do magnetismo e não diferem senão pelo poder e a rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: é o fluido que desempenha o papel de agente terapêutico, e cujos efeitos estão subordinados à sua qualidade e às circunstâncias especiais.


A ação magnética pode se produzir de várias maneiras:
1º Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação está subordinada ao poder e, sobretudo, à  qualidade do fluido;
2° Pelo fluido dos espíritos agindo diretamente, e sem intermediário, sobre um encarnado, seja para curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer, sobre o indivíduo, uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está em razão das qualidades do espírito.
3° Pelos fluidos que os espíritos despejam sobre o magnetizador e ao qual este serve de condutor. É o magnetismo misto, semi-espiritual ou, querendo-se, humano-espiritual. O fluido espiritual, combinado com o fluido humano, dá a este as qualidades que lhe faltam. O concurso dos espíritos, em semelhante circunstância, é por vezes espontâneo, mas, o mais frequentemente, é provocado pelo pedido do magnetizador.

A faculdade de curar por influência fluídica é muito comum, e pode se desenvolver pelo exercício; mas a de curar instantaneamente, pela imposição das mãos, é a mais rara, e o seu apogeu pode ser considerado como excepcional. Entretanto, foram vistos em diversas épocas, e quase entre todos os povos, indivíduos que a possuíam em grau eminente. Nestes últimos tempos, viram-se vários exemplos notáveis, cuja autenticidade não pode ser contestada. Uma vez que estas espécies de cura repousam sobre um princípio natural, e que o poder de operá-las não é um privilégio, é que elas não saem da natureza e não tem de miraculosas senão a aparência.



Fonte: A Gênese . Allan Kardec. Capítulo XIV, itens 31 à 34. 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Post.208: NATUREZA E PROPRIEDADES DOS FLUIDOS

ELEMENTOS FLUÍDICOS

                A ciência deu a chave dos milagres que resultam, mais particularmente, do elemento material, seja explicando-os, seja demonstrando-lhes a impossibilidade, pelas leis que regem a matéria; mas os fenômenos em que o elemento espiritual toma parte preponderante, não podendo ser explicados unicamente pelas leis da matéria, escapam às investigações da ciência: é por isso que eles tem, mais que os outros, os caracteres aparentes do maravilhoso. É, pois, nas leis que regem a vida espiritual que se pode encontrar a chave dos milagres desta categoria.

                O fluido cósmico universal é, assim como foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, da qual as modificações e transformações constituem a inumerável variedade de corpos da Natureza. Quanto ao princípio elementar universal, ele oferece dois estados distintos: o da eterização ou de imponderabilidade, que se pode considerar como o estado normal primitivo, e o da materialização ou de ponderabilidade que, de alguma sorte, não lhe é senão consecutivo. O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível; mas, ainda aí, não há transição brusca, porque se podem considerar nossos fluidos imponderáveis como um termo médio entre os dois estados.

                Cada um destes dois estados dá, necessariamente, lugar a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo  visível, e os primeiros, os do mundo invisível. Uns, chamados fenômenos materiais, são da alçada da ciência propriamente dita; os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam mais especialmente à existência dos espíritos, estão nas atribuições do Espiritismo; mas como a vida espiritual e a vida corpórea estão em contato incessante, os fenômenos destas duas ordens se apresentam, com frequência, simultaneamente. O homem, no estado de encarnação, não pode ter a percepção senão dos fenômenos psíquicos que se ligam à vida corpórea; aqueles que são do domínio exclusivo da vida espiritual escapam aos sentidos materiais, e não podem ser percebidos senão no estado de espírito.  

                No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, ele sofre modificações bastante variadas em seu gênero, e mais numerosas talvez que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem os fluidos diferentes que, se bem que procedendo do mesmo princípio, estão dotados de propriedades especiais, e dão lugar aos fenômenos particulares do mundo invisível.

                Tudo sendo relativo, esses fluidos tem, para os espíritos, que são eles mesmos fluídicos, uma aparência tão material quanto à dos  objetos tangíveis para os encarnados, e são para eles o que são para nós as substâncias do mundo terrestre; eles os elaboram, os combinam para produzirem efeitos determinados, como fazem os homens com os seus materiais, todavia, por procedimentos diferentes.

                Mas lá, como neste mundo, não é dado senão aos espíritos mais esclarecidos compreenderem o papel dos elementos constitutivos de seu mundo. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de explicar os fenômenos de que são testemunhas, e para os quais, com frequência, concorrem maquinalmente, quando os ignorantes da Terra o são para explicarem os efeitos da luz ou da eletricidade, de dizerem como veem e ouvem.

                Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e à percepção de nossos sentidos, feitos para a matéria tangível  e não para a matéria etérea. Há os que pertencem a um meio de tal modo diferente do nosso, que não podemos julgá-los senão por comparações, tão imperfeitas quanto aquelas pelas quais um cego de nascença procura fazer para si uma idéia de teoria das cores.

                Mas, entre estes fluidos, alguns estão intimamente ligados à vida corpórea, e pertencem, de alguma sorte, ao meio terrestre. Na falta de percepção direta, pode-se observar-lhe os efeitos, como se obsevam os do fluido do ímã, que nunca se viu, e adquirir sobre a sua natureza conhecimento de uma certa precisão. Este estudo é essencial, porque é a chave de uma multidão de fenômenos inexplicáveis unicamente pelas leis da matéria.

                O ponto de partida do fluido universal é o grau de pureza absoluta, de que nada pode nos dar uma idéia; o ponto oposto é a sua transformação em matéria tangível. Entre estes dois extremos, existem inumeráveis transformações, que se aproximam, mais ou menos, de um ou do outro. Os fluidos mais vizinhos da materialidade, os menos puros por consequência, compõem o que se pode chamar a atmosfera espiritual terrestre. É neste meio, onde se encontram igualmente diferentes graus de pureza, que os espíritos encarnados e desencarnados da Terra haurem os elementos necessários à economia de sua existência. Estes fluidos, por sutis e impalpáveis que sejam para nós, não o são menos de uma natureza grosseira, comparativamente aos fluidos etéreos das regiões superiores.

                Ocorre o mesmo na superfície de todos os mundos, salvo as diferenças de constituição e as condições de vitalidade próprias a cada um. Quanto menos a vida é material, menos os fluidos espirituais tem afinidade com a matéria, propriamente dita.

                A qualificação de fluidos espirituais não é rigorosamente exata, uma vez que, em definitivo, é sempre da matéria mais ou menos quintessenciada. Não há de realmente espiritual senão a alma ou principio inteligente. São assim designados por comparação, e em razão, sobretudo, de sua afinidade com os espíritos. Pode-se dizer que são a matéria do mundo espiritual: é por isso que são chamados fluidos espirituais.

                Quem conhece, aliás, a constituição íntima da matéria tangível? Talvez não seja ela compacta senão em relação aos nossos sentidos, e o que o provaria é a facilidade com que é atravessada pelos fluidos espirituais, e os espíritos, para os quais não são mais obstáculos do que os corpos transparentes não o são para a luz.

                A matéria tangível, tendo por elemento primitivo o fluido cósmico etéreo, deve poder, em se desagregando, retornar ao estado de eterização, como o diamante, o mais duro dos corpos, pode se volatizar em gás impalpável. A solidificação da matéria, em realidade, não é senão um estado transitório do fluido universal, que pode retornar ao seu estado primitivo quando as condições de coesão deixam de existir.

                Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não seria suscetível de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tendem a fazê-lo supor. Não possuímos ainda senão as balizas do mundo invisível, e o futuro nos reserva, sem dúvida, o conhecimento de novas leis que nos permitirão compreender  que é ainda, para nós, um mistério. 



Fonte: A Gênese . Allan Kardec. Capítulo XIV, itens 1 à 6.