Translate

quarta-feira, 28 de abril de 2021

O LIVRO DOS ESPÍRITOS: CONSIDERAÇÕES E CONCORDÂNCIAS BÍBLICAS REFERENTES À CRIAÇÃO

*As respostas são dos Espíritos Superiores.

LIVRO PRIMEIRO / AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO III – CRIAÇÃO


59 – Os povos formaram ideias muito divergentes sobre a Criação, segundo o grau dos seus conhecimentos. A razão, apoiada na Ciência, reconheceu a impossibilidade de certas teorias. Aquela dada pelo espírito confirma a opinião admitida, há longo tempo, pelos homens mais esclarecidos.

A objeção que se pode fazer a essa teoria é que está em contradição com o texto dos livros sagrados; mas um exame sério faz reconhecer que essa contradição é mais aparente que real e que ela resulta da interpretação dada a um significado frequentemente alegórico.

A questão do primeiro homem, na pessoa de Adão, como única fonte da humanidade, não é o único ponto sobre o qual as crenças religiosas tiveram que se modificar. O movimento da Terra pareceu, em certa época, de tal forma oposto ao texto sagrado, que não houve tipo de perseguição que essa teoria não tivesse servido de pretexto e, todavia, a terra gira malgrado os anátemas, não podendo, hoje, ninguém contestá-lo sem agravar a sua própria razão.

A Bíblia diz, igualmente, que o mundo foi criado em seus dias e fica a época em torno de 4000 anos antes da era cristã. Antes disso a Terra não existiria; foi tirada do nada; o texto é formal. Eis que a Ciência positiva, a ciência inexorável, veio provar o contrário. A formação do globo está escrita em caracteres perenes no mundo fóssil, estando provado que os seis dias da criação indicam períodos, cada um podendo ser de varias centenas de milhares de anos. Isto não é um sistema, uma doutrina, uma opinião isolada, é um fato também constante como aquele do movimento da Terra e que a Teologia não pode se recusar a admitir, prova evidente do erro em que podem cair os que se atêm à letra das expressões de uma linguagem frequentemente figurada. É preciso concluir que a Bíblia é um erro? Não, mas que os homens se equivocaram ao interpretá-la.

A Ciência, escavando os arquivos da Terra, reconheceu a ordem pela qual os diferentes seres vivos apareceram em sua superfície, e esta ordem está de acordo com aquela indicada na Gênese, com a diferença de que esta obra, ao invés de sair milagrosamente das mãos de Deus, em algumas horas, se realizou sempre pela sua vontade, mas segundo a lei das forças da Natureza, em alguns milhões de anos. Deus ficou, por isso, menor ou menos poderoso? Sua obra ficou menos sublime por não ter o prestígio da instantaneidade?

Não, evidentemente; seria preciso fazer-se da divindade uma ideia bem mesquinha para não se reconhecer a sua onipotência nas leis eternas que estabeleceu para reger os mundos. A Ciência, longe de diminuir a obra divina, no-la mostra sob um aspecto mais grandioso e mais conforme as noções que temos do poder e da majestade de Deus, pela razão mesma de se cumprir sem derrogar as leis da Natureza.

A Ciência, de acordo nisso com Moisés, coloca o homem em último lugar na ordem da criação dos seres vivos. Todavia, Moisés indica o dilúvio universal no ano 1654 do mundo, enquanto a Geologia nos mostra o grande cataclismo anterior à aparição do homem, atendendo que, até hoje, não se encontrou nas camadas primitivas qualquer traço de sua presença, nem de animais da mesma categoria sob o ponto de vista físico. Mas nada prova que isso seja impossível. Várias descobertas já fizeram surgir dúvidas a tal respeito. Pode ocorrer que, de um momento para outro, se adquira a certeza material dessa anterioridade da raça humana, e então se reconhecerá que, sob esse ponto, como sobre os outros, o texto bíblico é uma alegoria.

A questão é de saber se o cataclismo geológico é o mesmo a que assistiu Noé. Ora, o tempo necessário à formação das camadas fósseis não permite mais confundi-los e do momento em que se encontram os vestígios da existência do homem antes da grande catástrofe, ficará provado, ou que Adão não foi o primeiro homem, ou que a sua criação se perde na noite dos tempos. Contra a evidencia não há raciocínios possíveis, e seria preciso aceitar esse fato como se aceitou aquele do movimento da Terra e dos seus períodos da Criação.

A existência do homem antes do dilúvio geológico, em verdade, é ainda hipotética, mas, eis aqui o que o é menos.

Admitindo-se que o homem apareceu pela primeira vez sobre a Terra, 4000 anos antes de Cristo, se 1650 anos depois toda a raça humana foi destruída, à exceção de uma só família, disso resulta que o povoamento da Terra de Noé, quer dizer, de 2350 anos antes da nossa era. Ora, quando os Hebreus emigraram do Egito, no décimo oitavo século,  encontraram esse país muito povoado e já bem avançado em civilização. A história prova que nessa época a Índia e outros países estavam igualmente florescentes, sem mesmo se levar em conta a cronologia de certos povos que remontam a uma época bem mais recuada. Seria preciso, pois, que, do vigésimo quarto ao décimo oitavo século, quer dizer, num espaço de 600 anos, não somente a posteridade de um único homem pudesse povoar todos os imensos países então conhecidos, supondo-se que os outros não o fossem, mas que, nesse curto intervalo, a espécie humana pudesse se elevar da ignorância absoluta do estado primitivo, ao mais alto grau de desenvolvimento intelectual, o que é contrário a todas as leis antropológicas.

          A diversidade das raças vem, ainda, em apoio desta opinião. O clima e os costumes produzem, sem dúvida, modificações nos caracteres físicos, mas se conhece até onde podem chegar as influencias dessas causas, e o exame fisiológico prova que há, entre certas raças, diferenças constitucionais mais profundas que aquelas que podem o clima produzir. O cruzamento das raças produz os tipos intermediários. Ele tende a apagar os caracteres extremos, mas não os produz; apenas cria variedades. Ora, para que houvesse cruzamento de raças era preciso que houvesse raças distintas, e como explicar sua existência dando-lhes um tronco comum e, sobretudo, ainda próximo? Como se admitir que, em alguns séculos, certos descendentes de Noé se transformaram a ponto de produzirem a raça etíope, por exemplo? Uma tal metamorfose não é mais admissível que a hipótese de um tronco comum para o lobo e o cordeiro, para o elefante e o pulgão, para o pássaro e o peixe. Ainda uma vez, nada pode prevalecer contra a evidência dos fatos. Tudo se explica, ao contrário, em se admitindo a existência do homem antes da época que lhe é vulgarmente assinalada; que as origens são diversas; que vivendo há seus mil anos, Adão tenha povoado uma região ainda desabitada; o dilúvio de Noé como uma catástrofe parcial confundida com o cataclismo geológico; tendo-se em conta, enfim, a forma alegórica particular ao estilo oriental e que se encontra nos livros sagrados de todos os povos. Por isso, é prudente não se negar, apressadamente, como falsas, doutrinas que cedo ou tarde, como tantas outras, podem desmentir aqueles que as combatem. As ideias religiosas, longe de perderem, se engrandecem, caminhando com a Ciência; esse é o único meio de não apresentarem, ao ceticismo, um lado vulnerável. 



quarta-feira, 14 de abril de 2021

RELATO DE UM ALCOÓLATRA NO MUNDO ESPIRITUAL

Texto do livro Vozes do Grande Além. Psicografia de Chico Xavier. Diversos Espíritos.




ALCOÓLATRA

Joaquim Dias


Reunião da noite de 12 de janeiro de 1956.
Emocionadamente, o nosso grupo recebeu a visita de Joaquim Dias, pobre espírito sofredor que nos trouxe o doloroso relato ,de sua experiência, da qual recolhemos amplo material para estudo e meditação.



Alcoólatra!

Que outra palavra existirá na Terra, encerrando consigo tantas potencialidades para o crime?

O alcoólatra não é somente o destruidor de si mesmo.

É o perigoso instrumento das trevas, ponte viva para as forças arrasadoras da lama abismal.

O incêndio que provoca desolação aparece numa chispa.

O alcoolismo que carreia a miséria nasce num copinho.

De chispa em chispa, transforma-se o incêndio em chamas devoradoras.

De copinho a copinho, o vício alcança a delinquência.

Hoje, farrapo de alma que foi homem, reconheço que, ontem, a minha tragédia começou assim...

Um aperitivo inocente...

Uma hora de recreio...

Uma noite festiva...

Era eu um homem feliz e trabalhador, vivendo em companhia de meus pais, de minha esposa e um filhinho.

Uma ocasião, porém, surgiu em que tive a infelicidade de sorver alguns goles do veneno terrível; disfarçado em bebida elegante, tentando afugentar pequeninos problemas da vida e, desde então, converti-me em zona pestilencial para os abutres da crueldade.

Velhos inimigos desencarnados de nossa equipe familiar fizeram de mim seu intérprete.

A breve tempo, abandonei o trabalho, fugi à higiene e apodreci meu caráter, trocando o lar venturoso pela taverna infeliz.

Bebendo por mim e por todas as entidades viciosas que nos hostilizavam a casa, falsifiquei documentos, matando meu pai com medicação indevida, depois de arrojá-lo à extrema ruína.

Mais tarde, tornando-me bestial e inconsciente, espanquei minha mãe, impondo-lhe a enfermidade que a transportou para a sepultura.

Depois de algum tempo, constrangi minha esposa ao meretrício, para extorquir-lhe dinheiro, assassinando-a numa noite de horror e fazendo crer que a infeliz se envenenara usando as próprias mãos e, de meu filho, fiz um jovem salteador e beberrão, muito cedo eliminado pela polícia...

Réprobo social, colhia tão-somente as aversões que eu plantava.

Muitas vezes, em relâmpagos de lucidez, admoestava-me a consciência:

-Ainda é tempo! Recomeça! Recomeça!

Entretanto, fizera-me um homem vencido e cercado pelas sombras daqueles que, quanto eu, se haviam consagrado no corpo físico à criminalidade e à viciação, e essas sombras rodeavam-me apressadas, gritando-me, irresistíveis:

- Bebe e esquece! Bebe, Joaquim!

E eu me embriagava, sequioso de olvidar a mim mesmo, até que o delírio agudo me sitiou num catre de amargura e indigência.

A febre, a enfermidade e a loucura consumiram-me a carne, mas não percebi a visitação da morte, porque fui atraído, de roldão, para a turba de delinqüentes a que antes me afeiçoara.

Sofri-lhes a pressão, assimilei-lhes os desvarios e, com eles, procurei novamente embebedar-me.

A taverna era o meu mundo, com a demência irresponsável por meu modo de ser...

Ai de mim, contudo! Chegou o instante em que não mais pude engodar minha sede!...

A insatisfação arrasava-me por dentro, sem que meus lábios conseguissem tocar, de leve, numa gota do liquido tentador.

Deplorando a inexplicável inibição que me agravava os padecimentos, afastei-me dos companheiros para ocultar a desdita de que me via objeto.

Caminhei sem destino, angustiado e semilouco, até que me vi prostrado num leito espinhoso de terra seca...

Sede implacável dominava-me totalmente...

Clamei por socorro em vão, invejando os vermes do subsolo.

Palavra alguma conseguiria relatar a aflição com que implorei do Céu uma gota d’água que sustasse a alucinação de minhas células gustativas...

Meu suplicio ultrapassava toda humana expressão...

Não passava de uma fogueira circunscrita a mim mesmo.

Começaram, então, para mim, as miragens expiatórias.

Via-me em noite fresca e tranquila, procurando o orvalho que caía do céu para dessedentar-me, enfim, mas, buscando as bagas do celeste elixir, elas não eram, aos meus olhos, senão lágrimas de minha mãe, cuja voz me atingia, pranteando em desconsolo:

- Não me batas, meu filho! Não me batas, meu filho!...

Devolvido à flagelação, via-me sob a chuva renovadora, mas, tentando sorver-lhe o jorro, nele reconhecia o pranto de meu pai, cujas palavras derradeiras me impunham desalento e vergonha:

- Filho meu, por que me arruinaste assim? Arrojava-me ao chão, mergulhando meu ser na corrente poluída que o temporal engrossava sempre, na esperança de aliviar a sede terrível, mas, na própria lama do enxurro, encontrava somente as lágrimas de minha esposa, de mistura com, recriminações dolorosas, fustigando-me a consciência:

- Por que me atiraste ao lodo? e por que me mataste, bandido?

- De novo regressava ao deserto que me acolhia, para logo após me entregar à visão de fontes cristalinas...

-Enlouquecido de sede, colava a boca ao manancial, que se convertia em taça de fel candente, da qual transbordavam as lágrimas de meu filho, a bradar-me, em desespero:

- Meu pai, meu pai, que fizeste de mim?

Em toda parte, não surpreendia senão lágrimas... Arrastei-me pelos medonhos caminhos de minha peregrinação dolorosa, como um Espírito amaldiçoado que o vício metamorfoseara em peçonhento réptil... Suspirava por água que me aliviasse o tormento, mas só encontrava pranto...

Pranto de meu pai, de minha mãe, de minha esposa e de meu filho a perseguir-me implacável...

Alma acicatada por remorsos intraduzíveis, amarguei provações espantosas, até que mãos fraternas me trouxeram à bênção da oração...

Piedosos enfermeiros da Vida Espiritual e mensageiros da Bondade Divina, pelos talentos da prece, aplacaram-me a sede, ofertando-me água pura...

Atenuou-se-me o estranho martírio, embora a consciência me acuse...

Ainda assim, amparado por aqueles que vos inspiram, ofereço-vos o triste exemplo de meu caso particular par escarmento daqueles que começam de copinho a copinho, no aperitivo inocente, na hora de recreio ou na noite festiva, descendo desprevenidos para o desequilíbrio e para a morte...

E, em vos falando, com o meu sofrimento transformado em palavras, rogo-vos a esmola dos pensamentos amigos para que eu regresse a mim mesmo, na escabrosa jornada da própria restauração.



Fonte: Livro - Vozes do Grande Além. Psicografia de Chico Xavier. Diversos Espíritos.


domingo, 11 de abril de 2021

SERVE E ENCONTRARÁS O TESOURO DA LUZ



Observa a natureza que te cerca no mundo. Tudo é riqueza e esforço laborioso por assegurá-la.

O solo ferido pelo arado é berço da produção.

A árvore mil vezes dilacerada, persevera auxiliando sempre mais.

A fonte, superando os montões de seixos, pouco a pouco, se transforma em grande rio, a caminho do mar.

Algumas sementes formam a base de preciosa floresta.

Pedras agressivas, se convertem nas obras-primas da estatuária, quando não vertem no seio a faiscante beleza do material da ourivesaria.

Animais humildes, padecendo e auxiliando, garantem o conforto das criaturas contra a intempérie ou alimentam-lhes o corpo, sustentando-lhes a existência.

A pobreza é marca do homem, enquanto se refugia, desassisado, na furna da ignorância.

Somente a alma humana distanciada do Conhecimento Superior assemelha-se a um fantasma de angústia de penúria e lamentação.

Se podes observar o patrimônio das Bênçãos Celestiais, no caminho em que evoluis, procura o lugar de trabalho que te compete e serve infatigavelmente ao Bem, para que o Bem te ensine a ver a Fortuna Imperecível que o Pai te concedeu por Sublime Herança.

Serve aos semelhantes, protege a planta e socorre ao animal; seja a tua viagem, por onde passes, um cântico de auxílio e bondade, de harmonia e entendimento...

E à medida que avançares na senda de elevação, encontrar-te-ás cada vez mais rico de amor, encerrando no próprio peito o tesouro intransferível da Luz que te abençoará com a felicidade inextinguível, nos cimos da Espiritualidade Maior.


Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia de Chico Xavier.


Fonte: Livro – Sentinelas de Luz. Psicografia de Chico Xavier. Espíritos Diversos.



segunda-feira, 5 de abril de 2021

QUERO TRAZER À MEMÓRIA O QUE ME PODE DAR ESPERANÇA

Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.

As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;

renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.

A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.

Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.

Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio.

(Lamentações de Jeremias 3:21-26)


      Nesses momentos escuros que vive a humanidade encarnada, em que está vivenciando atualmente esta pandemia do coronavírus, temos necessidade das mais fortes em buscar esperança. Como Jeremias em suas lamentações clama, que quer trazer à memória o que pode dar esperança; nós estamos sedentos em trazer a mente o que pode nos dar esperança em meio a estes dias escuros em que estamos atravessando, com tantas pessoas sofrendo, seja por perda dos seus amados, por estarem doentes, por estarem com dificuldades financeiras, em depressão, com síndrome do pânico, e tantas e tantas outras causas de sofrimento em que a pandemia trouxe.

        Esta busca por esperança apenas encontramos na misericórdia Divina, em que achamos na Fonte Criadora a força que nos falta em meio a estes dias escuros, convictos que estamos de que Deus nunca deixou de nos amparar e de renovar as nossas forças quando esta nos falta. Em que a cada manhã, o Sol como um dos divinos mensageiros está a nos iluminar lá do alto para renovar as nossas forças pela Divina Misericórdia que jamais nos falta, a nos lembrar que tudo passa, que tudo se renova, que a cada dia, que a cada momento temos uma nova oportunidade de melhoramento, de renovar as nossas atitudes, começando pelas pequenas coisas.

     Continuemos todos nós, a caminhar buscando trazer a mente tudo que nos traga esperança. Vibrando no amor, na luz, na caridade, na fraternidade... Para que se faça em nós pontos de luz, para que possamos na caminhada iluminar os nossos companheiros de jornada que está ao nosso redor. Sejamos fortes, confiantes na misericórdia de Deus que nunca falta, pois não estamos sozinhos, Deus está conosco, sempre, sempre, sempre... A misericórdia Divina não tem fim, para com todos os seres do Universo.

       Esperemos dias melhores, esperemos melhores noticias; esperemos em Deus... tenhamos paciência, amor, sejamos gentis, fraternos... Cultivando sempre melhores sentimentos e melhores pensamentos, a lembrar sempre do que possa trazer esperança para nossa mente.


Amor à todos.
Blog Jardim Espírita.