O verdadeiro sentido da palavra
caridade, como a entendia Jesus é Benevolência (boa vontade) para com todos,
indulgência (tolerância) para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
O amor e a caridade são o
complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem
que está ao nosso alcance e que gostaríamos nos fosse feito a nós mesmos. Tal é
o sentido das palavras de Jesus: Amai-vos
uns aos outros, como irmãos.
A caridade, segundo Jesus, não
está restrita à esmola. Ela abrange todas as relações que temos com nossos
semelhantes, quer sejam nossos inferiores, nossos iguais ou nossos superiores.
Ela nos ordena a indulgência (tolerância) porque nós mesmos temos necessidade
dela. Proíbe-nos de humilhar o infortúnio, contrariamente ao que se pratica
muito frequentemente. Se uma pessoa rica se apresenta, tem-se por ela mil
atenções, mil amabilidades; se é pobre , parece não haver mais necessidade de
se incomodar com ela. Quanto mais sua posição seja lastimável, mais se deve
respeitar antes de aumentar seu sofrimento pela humilhação. O homem
verdadeiramente bom procura realçar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo
a distância entre ambos.
Disse Jesus também: amai mesmo vossos inimigos. Ora, o amor
por nossos inimigos não é contrario às nossas tendências naturais e a inimizade
não provém da ausência de simpatia entre os espíritos? Sem dúvida, não se pode
ter pelos inimigos um amor terno e apaixonado; não foi isso que Jesus quis
dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e retribuir bem por mal. Por este meio
nos tornamos superiores a eles; pela vingança, colocamo-nos abaixo deles.
Que pensar da esmola?
O homem reduzido a pedir esmola se degrada moral e fisicamente: ele se
embrutece. Numa sociedade baseada sobre a lei de Deus e a justiça, deve-se
prover a vida do fraco sem humilhação para ele. Ela deve assegurar a existência
daqueles que não podem trabalhar, sem deixar sua vida à mercê do acaso e da boa
vontade.
Há homens reduzidos à mendicância por suas faltas, mas se uma boa
educação moral os houvesse ensinado a praticar a lei de Deus, eles não cairiam
nos excessos que causam sua perda; é disso sobreduto que depende o melhoramento
do nosso planeta.
“Não é a esmola que é reprovável, frequentemente, é a maneira pela qual
é feita. O homem de bem, que compreende a caridade segundo Jesus, se antecipa
ao infeliz sem esperar que ele lhe estenda a mão.
A verdadeira caridade é sempre boa e benevolente; ela está mais no
gesto que no fato. Um serviço feito com delicadeza duplica de valor; se é feito
com ostentação, a necessidade pode fazê-lo aceitar, mas o coração não é tocado
por ele.
Lembrai-vos também que a ostentação, aos olhos de Deus, tira o mérito
do favor. Disse Jesus: Que a vossa mão esquerda ignore o que dá vossa mão
direita; Ele vos ensina com isso a não deslustrar a caridade pelo orgulho.
É preciso distinguir a esmola propriamente dita da benevolência. O mais
necessitado não é sempre aquele que pede; o receio de uma humilhação retém o
verdadeiro pobre e, frequentemente, ele sofre sem se lamentar. É a este que o
homem, verdadeiramente humano, sabe ir procurar sem ostentação.
Amai-vos uns aos outros é toda a lei, a lei divina pela qual Deus
governa os mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados;
a atração é a lei de amor para a matéria inorgânica.
Não esqueçam jamais que o espírito, qualquer que seja seu grau de
adiantamento, sua situação como reencarnação ou erraticidade, está sempre
colocado entre um superior que o guia e o aperfeiçoa, e um inferior diante do
qual tem os mesmos deveres a cumprir. Portanto, sede caridosos, não somente
dessa caridade que vos leva a tirar de vossa bolsa o óbolo que dais friamente
àquele que ousa vo-lo pedir, mas ide ao encontro das misérias ocultas. Sede
indulgentes para com os defeitos dos vossos semelhantes; em lugar de menosprezar a ignorância e o vício,
instruí-os e moralizai-os. Sede dóceis e benevolentes para com todos os que vos
são inferiores, assim como em relação aos seres mais inferior da criação, e
tereis obedecido à lei de Deus.” SÃO
VICENTE DE PAULO.
Fonte: O Livro dos Espíritos, questões 886 à 889.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos podem deixar seu comentário no Blog Jardim Espírita. Se for caso de resposta, responderei assim que poder, podendo levar alguns dias.
Não publicarei comentários que contenham termos vulgares, palavrões, ofensas, publicidade e dados pessoais (como e-mail, telefone, endereços, etc.). E não entrarei em contato por ligação telefônica, nem mensagem de SMS, nem por mensagem de Whatsapp... Podemos nos comunicar sempre por aqui pela área dos comentários do Blog, que acompanhamos as suas mensagens e respondemos no mesmo local, na mesma postagem que foi realizada a mensagem conforme o tempo que tenho disponível. Então fiquem a vontade para comentar!