A escala espírita é um auxilio para sabermos a que classificação o espírito
comunicante pertence.
Observações preliminares: A classificação dos espíritos baseia-se sobre
o grau do seu adiantamento, sobre as qualidades que adquiriram e sobre as
imperfeições das quais devem ainda se despojar.
Esta classificação, de resto, nada tem de absoluta; cada categoria não
apresenta um caráter nítido senão no seu conjunto.
Todavia, de um grau a outro a transição é insensível e sobre seus
limites a pequena diferença se apaga como nos reinos da natureza, como nas
cores do arco-íris, ou ainda como nos diferentes períodos da vida do homem.
Não podemos esquecer jamais que: entre os espíritos, do mesmo modo que
entre os homens, há os muito ignorantes, assim não podemos crer que todos os
espíritos devem saber de tudo porque são espíritos, pois quem desencarna
permanece do mesmo jeito de quando estava vivendo na matéria. E Toda
classificação exige método, análise e conhecimento profundo do assunto.
Esta escala auxilia a determinar a ordem e o grau de superioridade ou
inferioridade dos espíritos com os quais podem entrar em comunicação e, por,
consequência, o grau de confiança e de estima que merecem , em uma comunicação.
Esta divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta caracteres
bem definidos.
Observamos, contudo, que os espíritos não pertencem para sempre
exclusivamente a tal ou tal classe; seu progresso, não se realizando senão
gradualmente em frequentemente, mais num sentindo que em outro, eles podem
reunir os caracteres de varias categorias, o que se pode apreciar pela sua
linguagem e pelos seus atos.
Terceira Ordem – Espíritos Imperfeitos
Características gerais: predominância da
matéria sobre o espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más
paixões que lhes são consequências.
Tem
a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Não são todos essencialmente maus; em
alguns há mais de irreflexão, de inconsequência e de malícia, do que verdadeira
maldade. Uns não fazem o bem, nem o mal, porém, só pelo fato de não fazerem o
bem, denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e
ficam satisfeitos quando encontram oportunidade de fazê-lo. Eles podem aliar a
maldade e a malícia à inteligência, mas qualquer que seja seu desenvolvimento
intelectual, suas idéias são pouco elevadas e seus sentimentos mais ou menos
inferiores.
Os seus conhecimentos sobre as coisas do
mundo espírita são limitadas e o pouco que sabem se confunde com as idéias e os
preconceitos da vida corpórea. Não podem nos dar senão noções falsas e
incompletas.
O seu caráter se revela pela sua
linguagem. Todo espírito que, em suas comunicações, revela um mau pensamento,
pode ser classificado na terceira ordem. Assim como, todo mau pensamento que
nos é sugerido, vem de espírito dessa ordem.
Pode-se dividi-los em cinco classes
principais, que são:
-
Espíritos impuros: são inclinados ao mal e fazem dele objeto de suas preocupações.
Como espíritos,
dão conselhos desleais, fomentam a discórdia, a desconfiança e se mascaram de
todas as formas para melhor enganar. Podem ser reconhecidos, em suas manifestações,
pela sua linguagem: a trivialidade e a grosseria das expressões, nos espíritos como
nos homens, é sempre um indicio de inferioridade moral e/ou intelectual. Suas comunicações
revelam a baixeza de suas inclinações, e se falam de uma maneira sensata é para
enganar, eles não sustentam a faça por muito tempo e acaba se revelando quem
realmente é.
Quando estão
encarnados, os seres que eles animam são inclinados a todos os vícios que
engendram as paixões vis e degradantes: a sensualidade, a crueldade, o embuste,
a hipocrisia, a cupidez e a avareza sórdida. Fazem o mal pelo prazer de fazê-lo,
as vezes ate mesmo sem motivo.
- Espíritos
Levianos: são ignorantes,
maliciosos, inconsequentes e zombeteiros. Envolvem-se em tudo,respondem a tudo,
sem se preocuparem com a verdade. Se satisfazem em causar pequenos desgostos ou
alegrias, atormentando, induzindo maliciosamente ao erro por meio de mistificações
e travessuras. A esta classe pertencem os espíritos vulgarmente designados sob
os nomes de gnomos, duendes, diabretes, trasgos. Nas suas comunicações, a sua
linguagem é algumas vezes espirituais e engraçadas, mas, quase sempre, sem conteúdo.
Se usam nomes supostos, é mais por malicia do que por maldade.
-
Espíritos Pseudo-Sábios: seus conhecimentos são bastante amplos, mas crêem saber
mais do que realmente sabem. Tendo, algumas vezes, progredido em diversos
pontos de vista, sua linguagem tem um caráter serio que pode iludir sobre as
suas capacidades e sua iluminação interior. É uma mistura de verdade ao lado
dos erros mais absurdos, nos quais se percebe a presunção, o orgulho, a inveja
e a obstinação das quais não puderam se despir.
-
Espíritos Neutros: não são nem muito bons para fazerem o bem, nem muito
maus para fazerem o mal, inclinando-se tanto para um como para outro, e não se
elevam acima da condição vulgar da humanidade, tanto pelo moral como pela inteligência.
Apegam-se às coisas
Deste mundo,
cujas alegrias grosseiras não tem mais.
- Espíritos
Batedores e Perturbadores: estes espíritos podem pertencer a todas as classes
da terceira ordem. Manifestam sua presença por meio de efeitos sensíveis e físicos,
tais como pancadas, o movimento e o deslocamento anormal dos corpos sólidos, a
agitação do ar, etc. parecem ser, mais que os outros, agarrados à matéria, os
agentes principais das perturbações dos elementos do globo, quer atuem sobre o
ar, a água, o fogo, os corpos duros, ou nas entranhas da terra. Reconhece-se
que esses fenômenos não são devidos a uma coisa fortuita e física, quando tem
um caráter intencional e inteligente.
Segunda Ordem – Bons Espíritos
Características gerais: predominância do espírito
sobre a matéria. Desejo do bem. Suas qualidades e seu poder em fazer o bem estão
relacionados com o adiantamento que alcançaram: uns tem a ciência, outros a
sabedoria e a bondade. Os mais avançados reúnem o saber às qualidades morais. Não
estando completamente desmaterializados, conservam, mais ou menos segundo sua
categoria, os traços da existência corpórea, seja na forma da linguagem, seja
nos seus hábitos, onde se descobrem mesmo algumas de suas manias; de outro
modo, seriam espíritos perfeitos.
Compreendem Deus e o infinito e já desfrutam
da felicidade dos bons. São venturosos pelo bem que fazem e pelo mal que
impedem de ser feito. O amor que os une é para eles fonte indescritível bondade,
que não se altera, nem pela inveja, nem pelo remorso, sem por qualquer das más paixões
que fazem o tormento dos espíritos imperfeitos. Mas, todos ainda tem provas a
suportar, até que alcancem a perfeição absoluta.
Como espíritos, provocam bons pensamentos,
deviam os homens do caminho do mal, protegem a vida daqueles que se mostram
dignos e neutralizam a influência dos espíritos imperfeitos naqueles que não se
comprazem em suportá-la.
Quando encarnados, são bons e benevolentes.
Não os move, nem o orgulho, nem o egoísmos, nem a ambição. Não experimentam ódio,
rancor, inveja ou ciúme, e fazem o bem pelo bem.
Pode-se classificá-los em quatro grupos
principais:
-
Espíritos Benevolentes: sua qualidade dominante é a bondade. Alegram-se em
prestar serviço aos homens e protegê-los, mas sue saber é limitado. Seu progresso
é mais efetivo no sentido moral do que no sentido intelectual.
-
Espíritos Sábios: são os que se distinguem, principalmente, pela extensão dos
seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais que com as questões
científicas, para as quais tem mais aptidão. Não consideram a ciência senão do
ponto de vista de sua utilidade, e não a misturam com nenhuma das paixões que são
próprias dos espíritos imperfeitos.
-
Espíritos de Sabedoria : caracterizam-se pelas qualidades morais da
natureza mais elevada. Sem possuírem conhecimentos ilimitados, são dotados de
uma capacidade intelectual que lhes possibilita um julgamento sadio sobre os
homens e as coisas.
- Espíritos
Superiores: reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. Sua linguagem, é
benevolente, e constantemente digna, elevada e, frequentemente, sublime. Sua superioridade
os torna mais aptos do que os outros para nos darem noções mais justas sobre as
coisas do mundo incorpóreo, nos limites do que é permitido aos homens
conhecerem. Comunicam-se voluntariamente com aqueles que procuram a verdade de
boa fé e que tem a alma desligada dos laços terrenos para compreendê-la. Distanciam-se
daqueles que se animam só de curiosidade ou que a influência da matéria afasta
da pratica do bem. Quando, por exceção, encarnam sobre a Terra, é para
cumprirem missão de progresso, oferecendo-nos o modelo de perfeição a que a
humanidade pode aspirar neste mundo.
Primeira Ordem – Espíritos Puros
Características gerais: não sofrem influência
da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta em relação aos espíritos
das outras ordens.
Pertencem a uma única classe.
Percorreram todos os graus da escala e se
despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeições
de que é suscetível a criatura, não tem mais que suportar provas ou expiações. Não
estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, é para eles a vida
eterna, que desfrutam no seio de Deus.
Gozam de inalterável felicidade, visto que
não estão sujeitos, nem às necessidades, nem às vicissitudes da vida material;
mas essa felicidade não é a de uma ociosidade monótona a transcorrer numa
contemplação perpétua. São os mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens executam
para a manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os espíritos que lhe são
inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem a lhes designam as suas missões. Assistir
os homens em suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os
mantêm distanciados da felicidade suprema é, para eles, uma doce ocupação. São designados,
às vezes, sob o nome de anjos, arcanjos ou serafins.
Os homens podem entrar em comunicação com
eles, mas bem presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas
ordens.
Fonte: O Livro dos Espíritos