Estamos no setembro amarelo, mês de prevenção contra o suicídio. E como
espíritas temos a convicção de que a morte não é o fim, a vida continua.
No livro Sexo e Consciência, Divaldo Franco, organizado por Luiz
Fernando Lopes. Divaldo Franco relata a seguinte história sobre suicídio, que
nos leva a refletir sobre como as ilusões do mundo físico nos entorpece,
podendo a nos levar a atos como o suicídio.
Em uma oportunidade eu tive notícias
de um suicídio que me impressionou muito. Desde então comecei a orar por aquela
pessoa desconhecida. Era uma jovem senhora que tirou a própria vida quando descobriu
que o marido tinha uma amante.
Dez anos depois, em um momento de
oração e meditação, ela me apareceu e contou-me o seu sofrimento no mundo
espiritual, ainda demonstrando profundo desespero.
Vinte anos mais tarde ela veio ao meu
encontro novamente. Já estava mais serena, embora estivesse amargurada devido a
uma dolorosa constatação. Após as dores excruciantes da substância tóxica que
havia ingerido, ela agora vivia as dores morais, ao observar os filhos que
deixou na orfandade e a mãezinha que enlouqueceu de dor. Porque o suicida não
mata somente ele. Mata também aqueles que o amam. E um ato de vingança contra
os outros e contra a sociedade, que expõe as feridas não cicatrizadas de um
drama psicológico de alta complexidade.
Profundamente entristecida, ela me
concedeu o seguinte depoimento:
— Divaldo, o que mais me dói é a raiva
que eu tenho de mim mesma! Eu me matei por ciúmes daquele homem! Nesses vinte
anos em que estou do lado de cá eu nunca mais o tinha visto. Agora que estou
lúcida, fui recentemente atraída até ele. E confesso-lhe que tive dificuldades
de reconhecê-lo. Ele está com setenta anos, com mal de Parkinson, envelhecido e
com clemência em fase avançada. Parece uma bola de carne de tão deteriorado e
doente! Então eu pensei: “Meu Deus! Foi por causa dessa coisa que eu me matei?
Eu merecia agora um castigo ainda maior! Onde está aquele homem lindo, sedutor,
sexualmente atraente, másculo e confiante?!”.
Essa é uma importante lição para
vermos como a juventude e o corpo são ilusões que o tempo dilui.
Fonte: Livro – Sexo e Consciência,
Divaldo Franco, organizado por Luiz Fernando Lopes.