É no pensamento que o homem possui uma liberdade sem limites, porque
não conhece entraves. E sendo a consciência um pensamento íntimo que pertence
ao homem, como todos os outros pensamentos.
O ser humano seria uma máquina sem livre-arbítrio. Visto que temos a
liberdade de pensar, e de agir. Há liberdade de agir desde que haja liberdade
de fazer. Nos primeiros tempos da vida na matéria a liberdade é quase nula; ela
se desenvolve e muda de objetivo conforme o crescimento do indivíduo. A criança,
tendo pensamentos relacionados com as necessidades de sua idade, aplica seu
livre-arbítrio às coisas que lhe são necessárias.
As predisposições instintivas que o homem traz ao nascer são as do
espírito antes de sua encarnação. Conforme for ele mais ou menos avançado, elas
podem solicitá-lo para atos repreensíveis, e ele será auxiliado nisso pelos
espíritos que simpatizam com essas disposições, mas não há arrebatamento
irresistível, quando se tem a vontade de resistir. Devemos lembrar de que querer é poder.
O espírito é influenciado pelo corpo físico que o pode entravar em suas
manifestações. Eis por que, nos mundos onde os corpos são menos materiais
comparado a Terra, as faculdades se desdobram com mais liberdade, mas o
instrumento não dá a faculdade. De resto, é preciso diferenciar aqui as
faculdades morais das faculdades intelectuais; se um homem tem o instinto de
homicida, é seguramente seu espírito que o possui e que lhe transmite, mas não
seus órgãos. Aquele que anula seu pensamento para não se ocupar senão com a
matéria, torna-se semelhante ao bruto, e pior ainda, ele nem sonha mais em se
precaver contra o mal, e é nisto que é culpado, visto que age assim por sua
vontade. Pois, o corpo físico não é senão um envoltório do espírito, como a
roupa é o envoltório do corpo. Unindo-se ao corpo, o espírito conserva os
atributos de sua natureza espiritual.
Já a perturbação das faculdades intelectuais por embriaguez não é
desculpa para os atos censuráveis, porque o bêbado está voluntariamente privado
de sua razão para satisfazer paixões brutais: em lugar de uma falta, ele comete
duas.
No homem em estado selvagem, a faculdade dominante é o instinto, o que
não o impede de agir com uma liberdade para certas coisas. Mas, como a criança,
aplica essa liberdade às suas necessidades, e ela se desenvolve com a
inteligência. Por conseguinte, os adultos que é mais esclarecido que um
selvagem, é também mais responsável que ele pelo que faz; ou seja, quanto mais
consciência mais responsabilidade sob o atos.
A questão 850 de O Livro dos Espíritos nos esclarece o livre-arbítrio
em relação a posição social:
850 – A
posição social, algumas vezes, não é um obstáculo à interia liberdade dos atos?
Resposta: “O
mundo tem, sem dúvida, suas exigências. Deus é justo e leva tudo em conta, mas
deixa-nos a responsabilidade do pouco esforço que fazemos para superar os
obstáculos.”
Fonte: O
Livro dos Espíritos – cap. X
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