Sem falar do princípio inteligente,
que é uma questão à parte, há na matéria orgânica um princípio especial,
inacessível, e que não pôde ainda ser definido: é o princípio vital. Este
princípio, que é ativo no ser vivo, está extinto no ser morto, mas não deixa de
dar, à substância, propriedades características que a distinguem das
substancias inorgânicas. A química, que decompõe e recompõe a maioria dos
corpos inorgânicos, pôde decompor os corpos orgânicos. Mas nunca chegou a
reconstruir mesmo uma folha morta, prova evidente de que há nesta alguma coisa
que não existe nas outras.
(...)
Mas, qualquer que seja a opinião que se faça sobre a
natureza do princípio vital, ele existe, uma vez que se lhe veem os efeitos.
Pode-se, pois, admitir logicamente que, em se formando, os seres orgânicos
assimilaram o princípio vital que era necessário à sua destinação; ou, querendo-se,
que esse princípio se desenvolveu, em cada indivíduo, pelo efeito mesmo da
combinação dos elementos, como se vê, sob o império de certas circunstâncias o
calor, a luz e a eletricidade.
O oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono, em se
combinando sem o fluido vital, não formariam senão um mineral ou corpo
inorgânico; o princípio vital, modificando a constituição molecular desse
corpo, lhe dá propriedades especiais. Em lugar de uma molécula mineral, tem-se
uma molécula orgânica.
A atividade do princípio vital é mantida, durante a vida,
pela ação do desempenho dos órgãos, (...); que essa ação cessa pela morte, o
princípio vital se extingue (...). mas o efeito produzido sobre o estado
molecular do corpo, pelo princípio vital, subsiste depois da extinção desse
princípio (...). Na análise de corpos orgânicos, a química encontra bem os
elementos constituintes: oxigênio, hidrogênio, azoto e carbono, mas não pode
reconstituí-los, porque não existindo mais a causa, ela não pode reduzir o
efeito, ao passo que reconstituir uma pedra.
(...) Os corpos orgânicos seriam, assim, verdadeiras pilhas
elétricas, que funcionam enquanto os elementos dessas pilhas estão nas
condições requeridas para produzir a eletricidade: é a vida; que param quando
cessam estas condições: é a morte. Segundo isso, o principio vital não seria
outro que a espécie particular de eletricidade designada sob o nome de
eletricidade animal, liberada durante a vida pela ação dos órgãos, e cuja
produção se suspende na morte pela cessação dessa ação.
Fonte: A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o
Espiritismo. Allan Kardec. Cap. X.
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