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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

COMO PODEMOS APRECIAR A LIBERDADE DO ESPÍRITO DURANTE O SONO?

         Nas questões 400 e 401 de O Livro do Espíritos, de Allan Kardec, os espíritos superiores nos informa que: o espírito encarnado aspira sem cessar à sua libertação, e quanto mais o envoltório é grosseiro, mais deseja estar dele desembaraçado. Durante o sono a alma não repousa com o corpo físico, pois o espírito jamais está inativo. Durante o sono, os laços que o unem ao corpo se relaxam, e o corpo não necessita do espírito. Então o espírito percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros espíritos.


         É na pergunta 402 que Allan Kardec indagou aos espíritos superiores sobre, como podemos apreciar a liberdade do espírito durante o sono? E a resposta foi a seguinte:

         Pelos sonhos. Crede, enquanto o corpo repousa, o espírito dispõe de mais faculdades do que na vigília. Tem o conhecimento do passado e, algumas vezes, previsão do futuro. Adquire maior energia e pode entrar em comunicação com os outros espíritos, seja neste mundo, seja em outro. Muitas vezes, dizes: tive um sonho bizarro, um sonho horrível, mas que não tem nada de verossímil; enganaste, é frequentemente  uma lembrança dos lugares e das coisas que viste e veras em uma outra existência ou em um outro momento. Estando o corpo entorpecido, o espírito esforça-se por quebrar seus grilhões, procurando no passado e no futuro.

        Pobres homens, que pouco conheceis os fenômenos mais simples da vida! Acreditai-vos sábios e vos embaraçais com as coisas mais vulgares. Ficais perturbados a esta pergunta de todas as crianças: que fazemos quando dormimos, e que é o sonho?

        O sonho liberta, em parte a alma do corpo. Quando se dorme, se está, momentaneamente, no estado em que o homem se encontra, de maneira fixa, depois da morte. espíritos que se desligam logo da matéria, em sua morte tiveram sonhos inteligentes; estes, quando dormem, reúnem-se à sociedade de outros seres superiores a eles. Com eles, viajam, conversam e se instruem, trabalhando mesmo em obras que encontram prontas quando morrem. Isto deve vos ensinar, uma vez mais, a não temer a morte, pois que morreis todos os dias, segundo a palavra de um santo. Isso para os espíritos elevados. Todavia, a massa dos homens que, na morte deve ficar longas horas em perturbação, nessa incerteza da qual vos falaram, esses vão, seja para mundos inferiores à Terra, onde velhas afeiçoes os evocam, seja a procurar os prazeres que podem ser mais vis, mais ignóbeis, mais nocivos que as que professam em vosso meio. O que gera a simpatia sobre a Terra não é outra coisa que o fato de se sentirem ao despertar, ligados pelo coração, aqueles com quem vieram de passar oito ou nove horas de felicidade ou de prazer. Isso explica também as antipatias invencíveis, pois sabem no fundo do seu coração que essas pessoas de lá tem uma consciência diversa da nossa e a conhecem sem as ter visto jamais com os olhos. Explica, ainda, a indiferença, visto que não se deseja fazer novos amigos quando a gente sabe que existem outras pessoas que nos amam e nos querem. Em uma palavra, o sono influi mais do que pensais sobre vossa vida.

        Pelo efeito do sono, os espíritos encarnados estão sempre em relacionamento com o mundo dos espíritos, e é isso que faz com que os espíritos superiores consintam, sem demasiada repulsa, em encarnarem entre vós. Quis Deus que durante o seu contato com o vício eles possam ir se renovar nas fontes do bem, para não falirem, eles que vem instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu até seus amigos do céu. É o recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final que deve devolvê-los ao seu verdadeiro meio.

        O sonho é a lembrança do que vosso espírito viu durante o sono. Notai, porém, que não sonhais sempre porque não recordais sempre do que vistes, ou de tudo o que vistes. Vossa alma não está em pleno desdobramento. Não é, muitas vezes, senão a lembrança da perturbação que acompanha vossa partida ou vossa volta, à qual se junta a do que fizestes ou do que vos preocupou no estado de vigília. Sem isso, como explicareis esses sonhos absurdos que tem os sábios, assim como os mais simples? Os maus espíritos também se servem dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.

        De resto, vereis dentro em pouco se desenrolar outra espécie de sonho, tão velha quanto a que conheceis, mas vós a ignorais. O sonho de Joana, o sonho de Jacob, o sonho dos profetas judeus e de alguns adivinhos indianos. Esse sonho é a lembrança da alma, inteiramente desligada do corpo, a lembrança dessa segunda vista de que sempre vos falo.

        Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonhos naqueles dos quais vos lembrais; sem isso, caireis em contradição e nos erros que serão funestos à vossa fé.   

         Em nota a esta questão Allan Kardec escreveu o seguinte:
Os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida que se estende aos lugares mais distantes, ou que jamais se viu e, algumas vezes, mesmo a outros mundos, assim como a lembrança que traz à memória os acontecimentos ocorridos na existência presente ou nas existências anteriores; a estranheza de imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeadas de coisas do mundo atual, foram esses conjuntos bizarros e confusos que parecem não ter nem sentido, nem ligação.

       A incoerência dos sonhos se explica, ainda, pelas lacunas que produz a lembrança incompleta do que nos apareceu em sonho. Tal seria uma narração à qual se tenha truncado frases ao acaso, ou parte de frases; os fragmentos restantes reunidos perderiam toda significação razoável.



Fonte: O Livro dos Espíritos, Allan Kardec. Questões 400 à 402. 


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