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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

4 ANOS DO JARDIM ESPÍRITA

         


          É com imensa alegria e satisfação que hoje 28 de fevereiro de 2017, o Jardim Espírita completa 4 anos.

         O Jardim Espírita veio com a intenção de os Amigos Leitores ter um espaço onde pudessem por um momento se desconectarem das notícias negativas que percorrem o mundo. Um lugar em que as pessoas pudessem relaxar e expandir os conhecimentos por meio dos ensinos do Espiritismo. Todos os lugares em que vamos só escutamos negatividades, as pessoas alimentam mais o mau do que o bem. Por isso que é tão importante buscarmos alimentar, engrandecer o Bem e falarmos, divulgar e praticar mais o Bem e não dar valor a maldade. Há tantas coisas lindas acontecendo por todos os cantos do planeta Terra e que não são divulgadas, o Bem está trabalhando de uma forma silenciosa, mas inexorável.

         Amigos não desistam do Amor, não desistam do Bem, apesar de seus olhos verem o contrário; amem, pratiquem o Bem; para que esta sociedade seja melhor precisamos começar a mudança em nós, e expandir ao nosso convívio. Todos nós podemos fazer o Bem e trabalhar para ele, utilizemos o que temos de melhor, e assim vamos nos desenvolvendo cada vez mais. Com a certeza de que não estamos sozinhos, verdadeiros amigos benfeitores de outras vibrações nos segue com seu zeloso amor, com a permissão de Mestre Jesus. Despertem o que há de melhor em vocês.

         Desejo que o Jardim Espírita que foi e é um grandíssimo presente para mim, esteja cumprindo o seu objetivo, e divulgando o Espiritismo de uma forma clara, para cada vez mais as pessoas terem acesso a Doutrina Espírita que nos enche de alegria, de harmonia, de paz, que nos consola... Que faz expandir nossos conhecimentos por meio da verdade da vida que é a espiritualidade. Entender os mecanismos da vida por meio do Espiritismo deixa tudo mais fácil e claro.

         Que possamos continuar este pequeno trabalho de forma continua e com perseverança. E perseverança em novos tempos, temos melhores com as bênçãos de Deus.

        Agradeço a todos Amigo Leitores por sempre nos visitar. Agradeço por todos os comentários. Agradeço pela participação de cada um. E um grande abraço aos que aqui sempre vem acompanhar as postagens. É com Gratidão que o Jardim Espírita existe.


Deus conosco.
Paz, Luz e Harmonia.
Jardim Espírita.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A CIDADE PERVERSA - O SEXO NO MUNDO ESPIRITUAL

       A Cidade Perversa ou também conhecida como A Cidade Estranha, foi detectada por Francisco Cândido Xavier em suas experiências além do corpo físico. Antes da revolução sexual ocorrida nas décadas de 1960 e 1970, Chico Xavier foi levado por Emmanuel, seu guia espiritual, em suas experiências além do corpo físico para conhecer uma cidade no Além onde seus habitantes, profundamente dominados pelas sensações primitivas e grotescas, realizavam orgias inimagináveis para a mente humana, traduzidas em desfiles de carnaval que expunham a condição de grande torpeza espiritual daquela comunidade.

       Em uma das conversas que Chico Xavier teve com o amigo Newton Boechat, Chico lhe revelou este caso que presenciou durante um dos seus desdobramentos. Anos mais tarde Newton Boechat explicou em certa ocasião a amigos que inúmeros fatos foram contados por Chico Xavier, em caráter íntimo, e que, na ocasião, algumas vezes não era oportuna a sua revelação ao público. Entretanto, com o passar do tempo, tais confidências foram se tornando livres de censura e poderiam ser dadas a conhecer, sem quaisquer inconvenientes.

       Foi quando Newton estivera com Chico Xavier, em 1947, na cidade de Pedro Leopoldo, o livro intitulado No Mundo Maior, tinha sido recentemente psicografado por Chico (mais precisamente, terminou de recebê-lo em 25 de março de 1947). Nesse livro há um capítulo versando sobre o sexo (cap.XI). Cerca de 30% da matéria deste capítulo, recebida psicograficamente, teve de ser suprimida, para não causar reações negativas, devido aos preconceitos ainda vigentes em nosso meio, naquela época. Somente mais tarde, puderam vir a lume livros que abordaram um tanto livremente as questões ligadas ao sexo. Mas o episódio que Newton ficou sabendo, foi-lhe relatado justamente logo após Chico Xavier haver recebido o livro No Mundo Maior.

         Em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, havia um bambuzal onde o médium costumava passear e conversar com os amigos que o procuravam. Foi ali que Chico revelou o caso ao Newton. Ei-lo:


        Em um dos constantes desdobramentos astrais ocorridos com o nosso médium maior, durante o sono, Emmanuel conduziu o duplo-astral de Chico Xavier a uma imensa “cidade espiritual”, situada numa região do Umbral. Esta lhe pareceu extremamente inferior e bastante próxima da crosta planetária.
       Era uma “cidade estranha” não só pelo seu aspecto desarmônico e antiestético, como pelas manifestações de luxúria, degradação de costumes e sensualidade dos seus habitantes, exibidas em todos os logradouros públicos, ruas, praças etc. Emmanuel informou a Chico que aquela vasta comunidade espiritual era governada por entidades mentalmente vigorosas, porém negativas em termos de ética e sentimentos humanos. Eram esses maiorais que davam as ordens e faziam-se obedecer, exercendo sobre aquelas entidades um poder do tipo da sugestão hipnótica, ao qual tais espíritos estariam submetidos, ainda mesmo depois de reencarnados.
        Pelas ruas da referida cidade estranha, desfilavam, de maneira semelhante a cordões carnavalescos, multidões compostas de entidades que se esmeravam em exibições de natureza pornográfica, erótica e debochada.
        Os maiorais eram conduzidos em andores ou tronos colocados sobre carros alegóricos, cujos formatos imitavam os órgãos sexuais masculinos e femininos.
       Uma euforia generalizada parecia dominar aquelas criaturas, ou mais apropriadamente, assistia-se a uma “festa de despedida” de uma multidão revelando a certeza da aproximação de um fim inexorável, que extinguiria a situação cômoda, até então, usufruída por todos. De fato, aqueles Espíritos, sem exceção, haviam recebido um aviso de que estava determinado, de maneira irrevogável, pelos Planos da Espiritualidade Superior, o seu próximo reingresso à vida carnal na Terra. A esse decreto inapelável não iriam escapar nem os próprios maiorais.


                   
       
 Alguns Anos se Passaram 

        Cerca de dez a doze anos se passaram depois que Newton Boechat fez esta revelação aos seus amigos, sobre o seu bate-papo com Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, causou a eles uma forte impressão. Nisto, um desses amigos que havia regressado de uma viagem de férias de países do norte da Europa, ficou surpreendidíssimo, vira em bancas de jornais, em algumas capitais, revistas pornográficas expostas à venda livremente. Impressionado com aquela novidade, ele adquiriu algumas revistas e trouxe-as, para mostrar aos amigos o que estava se passando naqueles países “ultracivilizados”. Quando chegou e voltou para as suas atividades no centro espírita, ele mostrou as tais revistas aos seus colegas. Imediatamente lembraram do episódio que fora relatado por Newton e, inadvertidamente, deixaram escapar uma expressão que nenhum dos outros colegas que não sabiam do relato da Cidade Estranha entendeu: “Oh! Eles já estão aí!”.

         Perceberam imediatamente que aquelas revistas deviam ser um dos sinais típicos do reingresso daqueles espíritos que jaziam nas zonas do Baixo Astral, na corrente da vida terrena. Com eles viriam mudanças profundas nos costumes da humanidade: a licenciosidade; as músicas ruidosas e desequilibrastes; a rebeldia dos filhos; a instabilidade das instituições familiares e sociais; e, finalmente, o que presenciamos, hoje em dia, com o recrudescimento da criminalidade e da insegurança, além do cortejo de outros inúmeros problemas com os quais se defrontam as criaturas humanas, neste atribulado fim de século.

         Divaldo Franco, no livro Sexo e Consciência explica que: “Os espíritos habitantes dessa região, que se entregam a sensualidade desde o tempo do imperador romano Tibério César e de Calígula, estão, aos poucos, sendo trazidos à dimensão física pelo mecanismo da reencarnação compulsória. Os guias da humanidade assim procedem para dar-lhes uma última oportunidade de permanecerem na Terra, rumando para o mundo de regeneração em que ela se transformará. Nesse sentido, fascina-me o amor de Deus pelos Seus filhos! A oportunidade que está sendo oferecida aos habitantes da Cidade Perversa é para que eles não afirmem no futuro que foram relegados a uma espécie de presídio e depois de certo tempo foram expulsos da Terra sem a menor consideração.

        Por isso, a partir das décadas de 1960-70 eles passaram a renascer em massa no solo do planeta. Como o fenômeno da hereditariedade pode lhes proporcionar formas físicas harmoniosas, frequentemente os seus corpos são muito belos, mas os espíritos que os animam são grosseiros e ainda distantes do sentido de beleza transcendente, preferindo viver do corpo e para o corpo, em vez de trabalharem pelo seu enobrecimento e pelo desenvolvimento de suas potencialidades espirituais.

         Philomeno ainda narra no livro referido – Sexo e Obsessão – que a música apreciada por esses espíritos possui uma espécie de propriedade hipnotizante de baixo teor, que contribui para que entrem em estados de êxtase perturbador. Afinal, a música influencia o ser humano em todas as áreas.”

         Isso é para termos uma ideia da paisagem de um núcleo de obsessores que se alimentam do psiquismo de criaturas da Terra atormentadas pelo sexo. Essas criaturas, oferecem o seu plasma psíquico aos espíritos vampirizadores. São aqueles indivíduos que, quando se vão deitar para dormir, começam a mentalizar imagens não realizadas de prazeres alucinantes. São aqueles que se permitem mentalmente as fantasias eróticas e sonham que estão frequentando verdadeiros bordéis. Na verdade, eles estão vivenciado a concretização dos seus sonhos, pois estão frequentando aquela região infeliz, cujas imagens o cérebro registra como sonhos lúbricos e perturbadores.

          As nossas elucubrações, desejos e aspirações inferiores atraem espíritos inferiores, que se tornarão comensais da nossa vida e passarão a participar da nossa realidade psíquica, influindo no nosso comportamento, no nosso equilíbrio, na nossa saúde e na nossa necessidade de paz.

         Assim, é elementar, e poucos ignoram que a História da espécie humana apresenta-se pontilhada de períodos de grandes crises, seguidos de fases de prosperidade e reequilíbrio. É semelhante a uma sucessão de ciclos que se desenvolvem como uma espiral em constante ascensão. Há um lento progredir, apesar dos episódios negativos. Os Planos Superiores da Espiritualidade velam pela humanidade, dosando sabiamente os “ingredientes injetados na corrente da vida. A par dos espíritos rebeldes, reencarnam também aqueles que lutam pelo bem, pela Ciência e pelo aperfeiçoamento do homem. Não percamos a esperança. (HGA, janeiro de 1990)


Fonte: Livro Sexo e Consciência de Divaldo Franco. Organizado por Luiz Fernando Lopes.
           Livro Lições de sabedoria de Marlene Rossi Severino Nobre.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

CARNAVAL NA VISÃO ESPÍRITA

         O texto abaixo veio do livro Sexo e Consciência de Divaldo Franco. Organizado por Luiz Fernando Lopes. Um texto riquíssimo de ensinamentos para todos nós, para cada vez mais passarmos a compreender a vida de uma outra forma, em que existe muitas coisas além do que os nossos olhos físicos veem.


       Allan Kardec, quando estudou as Leis Morais, estabeleceu a Lei do Trabalho como uma das mais importantes para a vida. Contudo, o codificador reconheceu que o repouso é um elemento gerador de bem estar.

      A criatura humana tem necessidade de espairecimento para renovar as suas energias e vitalizar as suas células. Alegria e repouso são indispensáveis ao equilíbrio do nosso estado psicológico.

      Nossa harmonia emocional também depende da restauração das forças físicas. Em uma mensagem que recebi do Espírito Marco Prisco
120, ele afirma que mudanças de atividade são suficientes para promover repouso e renovação. Para descansar não é necessário entrar em ociosidade ou se entregar a agitações descontroladas. Basta sairmos da rotina e fazermos algo útil, que a reconstituição das forças se processa naturalmente. Isso ocorre, por exemplo, quando interrompemos uma atividade intelectual e nos concentramos em outra que exige esforço físico. Por isso, muitos indivíduos do sexo masculino gostam de reservar em suas casas um espaço semelhante a uma oficina para a realização de trabalhos manuais. Nesse espaço eles esculpem objetos em madeira ou realizam pequenos consertos. Da mesma forma, as mulheres procuram costurar, fazer bordados ou algo equivalente para poderem variar de atividade, deixando de lado por alguns instantes o trabalho habitual exaustivo.
120 A mensagem tem o título de Lazer e encontra-se no livro Seara do Bem, psicografado por Divaldo Franco e ditado por diversos Espíritos. Obra publicada pela Editora LEAL. Nota do organizador.

       Se observarmos sob o ponto de vista da cultura popular, seremos forçados a admitir que existem desfiles belíssimos em algumas festas de Carnaval. Certos desfiles são espetáculos de beleza, de Arte e de História, em que grandes compositores populares e artistas plásticos exibem trabalhos dignos dos maiores artistas da humanidade. Se a comemoração se detivesse nesses aspectos, tudo seria diferente. O grande problema é que o ser humano acaba desviando os objetivos do Carnaval para o sexo irresponsável e promíscuo.

       Adicionemos a isso o aumento exponencial da violência. Os indivíduos põem para fora a sua destrutividade, sua intenção de contaminar os outros com atitudes mesquinhas. O número de assaltos, estupros, assassinatos e outras agressões é alarmante, sobretudo, naquelas massas humanas que acompanham desprevenidas o desfile dos grupos carnavalescos. Muitos indivíduos se reprimem o ano inteiro para assumirem a sua realidade psicológica no Carnaval. E, por isso na verdade eles permanecem mascarados por 360 dias, revelando em apenas cinco dias o que realmente são.

       Tudo isso é estarrecedor! Em vez do Carnaval ser uma festa que renove as energias, que prepare o indivíduo para enfrentar com disposição as suas atividades diárias, a comemoração torna-se uma ocasião em que a pessoa se compromete espiritualmente de forma negativa. A exceção fica por conta dos que procuram as praias, os hotéis-fazendas e os lugares tranquilos do interior para um justo refazimento. Por isso, nas expressões da psicanálise o Carnaval transformou-se em uma manifestação de Tanatus, a pulsão de morte que existe dentro de todo ser humano.

        Quando termina o período carnavalesco, continua presente no psiquismo do indivíduo aquela ilusão dos dias que se passaram. Não sabendo discernir uma coisa da outra, a pessoa tenta converter os demais dias do ano em um permanente Carnaval, como se a vida fosse constituída apenas de prazer. Isso sem mencionarmos os efeitos danosos da festança, além das doenças que já enfocamos: a gravidez indesejada, o despertar da consciência, o arrependimento, o transtorno emocional e as obsessões provocadas pelos Espíritos que se utilizaram daqueles dias de atitude irrefletida para perturbar o equilíbrio psicofísico das suas vítimas. Sem contar com o abandono afetivo, pois muitas pessoas cultivam a ilusão de que encontraram alguém para a toda a vida em uma esquina ou em um baile, e acabam descobrindo que foram somente usadas por uma companhia que desejava alguns instantes de prazer, sem nenhum vínculo posterior.

       O Espírito é o comandante em tudo que se faz. é necessário conservarmos a mente pacificada, ao mesmo tempo em que é indispensável valorizarmos o nosso corpo físico, que é o receptáculo sagrado no qual vivenciamos a nossa reencarnação.

       No ano de 1982, eu psicografei um livro chamado Nas Fronteiras da Loucura, ditado pelo Espírito Manuel Philomeno de Miranda. A obra estuda profundamente o Carnaval da cidade do Rio de Janeiro em 1968, quando um grupo de Espíritos nobres, capitaneados pelo Dr. Bezerra de Menezes, desenvolveram um trabalho de socorro às vítimas do Carnaval, tanto as encarnadas quanto as desencarnadas. A psicosfera na cidade era terrível. Os desencarnados em estado de primarismo se utilizavam de vibriões mentais das pessoas e passavam a alimentar-se com essas emanações psíquicas. Logo depois, quando o indivíduo vai perdendo o equilíbrio, entra em faixas de grande perturbação. E esses Espíritos insanos praticamente se lhes apossam, atirando-os em processos que Allan Kardec denomina como de subjugação. São vítimas espontâneas que passam a viver entre os dois mundos. Daí porque os gozadores estão sempre frustrados, pois foram instrumentos de outros gozadores que os utilizaram. Estando no corpo físico, os adeptos do carnaval desfrutam ao máximo do prazer, vivenciando situações em que se contaminam com doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS e a sífilis, que dizimam populações inteiras pelo mundo. Por outro lado, entidades perturbadas e vampirizadoras as utilizam para exauri-las, podendo assim experimentar as mesmas sensações que lhes agradavam quando estavam na Terra.

                   

       A médium D. Yvonne do Amaral Pereira, quando jovem foi levada pelos seus mentores desencarnados para ver os desfiles de Carnaval em regiões espirituais inferiores, nas quais ela testemunhava a existência de carros alegóricos semelhantes aos que circulavam nas grandes avenidas do Rio de Janeiro, durante as festividades de Momo. Certa vez, exatamente na época carnavalesca, ela foi à Avenida Rio Branco, na capital carioca, onde passavam inúmeros blocos de Carnaval. A dedicada médium testemunhou cenas que lhe pareceram profundamente chocantes, principalmente o exagero da nudez e as máscaras de Carnaval, que traziam figuras estranhas e monstruosas. O que mais impressionou D. Yvonne foi que as máscaras não lhe eram desconhecidas, pois já havia visto aqueles adereços quando estava em desdobramento espiritual, nas ocasiões em que os seus mentores a levaram para visitar as regiões inferiores do mundo invisível.

        Os mentores da Vida Maior, preocupados com essas ocorrências, têm-se empenhado em criar lugares para atender aos encarnados que se deixam dominar por essas fantasias vampirescas, imiscuindo-se com as entidades perversas do mundo espiritual. Elas se conectam às mentes humanas indisciplinadas e extraem as suas forças fisiopsíquicas, atirando-as aos calabouços da insensatez. São requisitados milhares de Espíritos generosos que desejam servir para auxiliar as vítimas do desvario. Não são todos necessariamente entidades elevadas, mas são seres de boa vontade, orientados a inspirar aqueles que se envolvem em menos situações lamentáveis, em menos abusos. Esses desencarnados reconfortam, socorrem vítimas e trabalham em favor dos que desencarnam nesse período. Ainda prestam auxílio aos Espíritos que influenciam negativamente as pessoas, por malícia ou mesmo por ignorância, acreditando-se ainda encarnados. Esses seres benevolentes socorrem os Espíritos enfermos, oferecem-lhes a terapia do diálogo e levam-nos aos postos de socorro onde são atendidos. Com tais acertadas medidas os benfeitores diminuem a intensidade mórbida dos processos obsessivos.

        Se, com todo esse socorro, ainda vemos resultados funestos, imaginemos se não houvesse a abnegação dessas entidades de boa vontade sob a direção dos nobres guias da humanidade!

       A oração é uma medida fundamental para acelerar a diluição dos prejuízos ocorridos no período carnavalesco. Após o encerramento das festividades, seria ideal que construíssemos uma barreira vibratória do Bem para impedir que essa contaminação mental prosseguisse por vários dias na psicosfera terrestre.

       Durante o Carnaval, as obsessões ficam mais frequentes porque as pessoas estão
mais receptivas. A maioria pensa que a vida é um Carnaval, ignorando completamente que aqueles dias vão passar. Elas permanecem embaladas na ilusão e mantém uma conexão com os Espíritos que lhes são afins, dando lugar a processos obsessivos de difícil solução. Isso ocorre porque algumas vezes os encarnados sentem falta dos parceiros sexuais que foram apenas momentâneos. E, para compensar a falta, o seu psiquismo atrai companhias fora do corpo físico para estarem ao seu lado. Outras vezes, a fixação nas ideias eróticas não está relacionada a um parceiro específico, mas permite que a entidade vampirizadora possa introjetar na mente de sua vítima o desejo veemente, explorando as energias do desavisado que acaba por tombar em um estado de obsessão grave.

       Nos lares que abrem suas portas para os festejos de Momo, há um risco das entidades inferiores se alojarem no ambiente doméstico. As mentes encarnadas retêm os seres invisíveis através das recordações do prazer que foi fruído e dos desejos que não foram atendidos. As lembranças passam a fazer parte da agenda diária de cada um. O indivíduo vai deitar-se à noite e fica elucubrando, em um verdadeiro diálogo com a entidade que lhe está imantada. E quando se desliga parcialmente pelo sono, ela o arrasta para regiões espirituais inferiores onde existem carnavais de pior procedência, conforme já esclarecemos nos comentários sobre o livro Sexo e Obsessão. Eu estive num desses lugares, desdobrado e levado pelos benfeitores, ocasião em que testemunhei cenas dantescas que se desenrolam em nome da atual alucinação sexual. E só não fiquei horrorizado porque fui preparado para olhar tudo com muita compaixão. Na bacanal organizada por esses Espíritos inferiores eu encontrei pessoas conhecidas da sociedade. Quando eles voltam ao corpo no dia seguinte, estão exaustos porque as energias saudáveis desapareceram. Como consequência dessa incursão ao mundo espiritual inferior, a obsessão está instalada.

       Conforme já dissemos, esses seres do Além permanecem no ambiente doméstico e atraem outros Espíritos exploradores, pois eles, assim como qualquer um de nós, possuem grupos de amigos aos quais dizem: “Vamos para aquela casa porque lá o ambiente nos é propício!”.

       Como se pode notar, essa infestação espiritual acontece porque o intercâmbio psíquico nutriente é muito bom, resultando em consequências devastadoras para a família.

       Ainda poderemos adicionar uma importante consequência do período carnavalesco. Como a pessoa trabalhou, ganhou algum dinheiro e se divertiu durante poucos dias, o encerramento do Carnaval traz consigo a realidade, a frustração e a mágoa. E tendo-se acostumado com o dinheiro e as emoções experimentadas intensamente, dificilmente o indivíduo se ajusta novamente a uma vida normal, tranquila e serena, o que o induzirá a buscar a qualquer preço os recursos de que não dispõe, favorecendo o crescimento da violência urbana.

       Portanto, que deveremos fazer nos dias do Carnaval? Nós, os espíritas, temos diversas sugestões para aproveitar o período. Aliás, não precisa ser espírita para chegar a essa conclusão. Qualquer pessoa de bom senso pode perfeitamente tomar a mesma decisão. Vamos utilizar esses dias para uma boa leitura, para meditar, para visitar pessoas enfermas, para conviver com a família e reestruturar planos, para reavaliar projetos pessoais. Se a pessoa tem uma confissão religiosa, poderá aproveitar a oportunidade e fazer um retiro com os companheiros de ideal.

       Naturalmente poderemos utilizar o Carnaval para ir a festas ou bailes. Não é o Carnaval em si que traz consequências negativas, é o comportamento do indivíduo no Carnaval que pode prejudicá-lo. O fato de alguém isolar-se do convívio social não lhe garante paz interior. Um ermitão, aquele indivíduo que procura afastar-se do mundo e viver isolado de todos, pode estar atormentado pelos conflitos do sexo.

       Desta forma, o Carnaval em si mesmo não é o responsável pelos abusos a que o ser se entrega. Mas sem dúvida, o clima moral e psíquico que existe nesse período favorece o comportamento alucinado e a perda do autocontrole, que encontram campo fértil nas oportunidades que são colocadas na bandeja do prazer. Poderemos perfeitamente, tomando certos cuidados, visitar lugares em que ocorram desfiles ou nos quais ouçamos uma música que nos agrade, que nos faça espairecer. O problema é quando a nossa conduta mental e moral nos faz assumir compromissos negativos com a vida, para depois do Carnaval colocarmos a máscara de hipocrisia social e de puritanismo.

        Portanto, sejamos pessoas normais, alegres e joviais. Mas continuemos a trabalhar as imperfeições para atender ao nosso projeto de evolução. Allan Kardec já nos dizia que o verdadeiro espírita deve dedicar-se a superar as suas más inclinações, que podem emergir de épocas recuadas ou da vida atual mesmo. O indivíduo que se torna espírita somente na vida adulta, por exemplo, muitas vezes tem um longo caminho a percorrer para se libertar dos vícios que fizeram parte da sua juventude e estão impregnados em seu psiquismo... Se ele conhece bem a própria intimidade, sabe que pode vir a ceder a esses convites que durante muito tempo eram naturais em seu cotidiano.

       O conceito de que a carne nada vale deveria ser substituído pelo princípio de que o corpo é o veículo da nossa sublimação. Temos necessidade de nos divertir, de festejar e de espairecer, pois tudo isso faz parte do nosso dia a dia. Não é proibido ser feliz, muito menos ser alegre, mas precisamos trabalhar profundamente para que o Carnaval tenha outro significado em nossa sociedade.


Fonte: Livro Sexo e Consciência de Divaldo Franco. Organizado por Luiz Fernando Lopes.



                                                                       
                                                                           


sábado, 4 de fevereiro de 2017

COMO SURGIU O CARNAVAL?

         A busca da alegria sempre foi parte integrante da nossa existência.

        No passado, em Roma, as tensões do ser humano eram descarregadas no Circo Máximo, quando o imperador oferecia alimento e divertimento às massas. Essas práticas se espalharam pelo mundo inteiro, desenvolvendo-se em cada região com as características específicas das culturas locais. Também havia as célebres Saturnais, comemorações que se estendiam por uma semana e ocorriam durante o solstício de inverno, no dia mais curto do inverno europeu (25 de dezembro). O evento se tornou conhecido como a festa dos escravos, dedicada aos deuses Saturno e outros.

       Nessa festa as pessoas se esqueciam de tudo que se refere ao equilíbrio para se dedicarem ao desbordamento do prazer. Era um momento hedonista, do gozo, da beleza e da ausência absoluta de pudor. Os escravos e os senhores eram livres para fazerem o que quisessem. Havia uma promiscuidade tão tremenda, que os cristãos, na fase da História em que a doutrina era permitida pelo Império Romano, procuraram esvaziar as Saturnais colocando a data do Natal para 25 de dezembro.

       À medida que o Cristianismo se propagou e foi eliminando os excessos de atividades dedicadas aos deuses pagãos, foram criadas as celebrações e as festas populares para substituir as antigas comemorações.


       Séculos depois essas festas ganharam outros rumos. Reapareceram em Veneza, nos conhecidos bailes de máscaras, em que uma pessoa, utilizando-se de pequenas máscaras, procurava ocultar a identidade para participar das comemorações. A princípio era uma festa ingênua, com música, encontros e encantos, para depois se transformar em uma ocasião de entrega irrefletida às mais variadas paixões humanas. Surge aí a figura literária do Don Juan, o conquistador barato que retratava os homens sedutores de moças desavisadas, que se lhes entregavam com muita facilidade.

       Mais tarde o Carnaval se instalou na Cote d’Azur, na Riviera Francesa, proporcionando experiências de insensatez e promiscuidade muito mais graves.

       Em meio a essas comemorações, nasceu uma expressão latina com a seguinte frase: “A carne nada vale”. Ao destacar-se a primeira sílaba de cada palavra surge a expressão carnaval. E a festa foi colocada antes da semana da Páscoa, estendendo-se até a quarta-feira de cinzas, que é uma herança judaica relativa ao mito bíblico da Criação, segundo o qual o homem foi criado do pó da terra e a ele voltará. Aliás, era exatamente para recordar este princípio que muitas pessoas periodicamente se cobriam de pó. São Francisco de Assis, por exemplo, ao sentir a aproximação da morte, pediu que o despissem e o cobrissem de cinzas.

       Portanto, essa tradição de que a carne nada vale encontrou no Carnaval o espaço propício para se manifestar. Após as comemorações, as pessoas se arrependiam pelas loucuras cometidas (ou fingiam arrependimento) e recorriam às cinzas para se depurar. Foi a Igreja Cristã primitiva que criou a Quarta feira de cinzas, cujo símbolo eram os ramos verdes que recordavam a entrada triunfal do Cristo em Jerusalém. Os ramos eram queimados, transformados em pó e utilizados para fazer o sinal da cruz na testa daqueles que participavam das suas crenças, garantindo assim o perdão total às alucinações praticadas no período carnavalesco.

       Trazido pelos portugueses e pelos espanhóis, o Carnaval chegou ao Continente Americano, recebendo também a contribuição da cultura negra trazida pelos escravos africanos, que lhe acrescentaram a sensualidade do batuque, com seu ritmo que induz ao transe para experimentar o prazer das sensações mais grosseiras.

       No Brasil, a contribuição dos portugueses foi particularmente significativa. Eles trouxeram uma forma de comemoração denominada Entrudo, de lamentável recordação. Nessa festividade, as pessoas atiravam umas nas outras todo tipo de substâncias que pudessem sujá-las, inclusive dejetos humanos, em uma imundície que proporcionava problemas de saúde e que inutilmente foi combatida pelas autoridades. A cidade passava a ter odores pútridos em toda parte.

       Ao lado do Entrudo na via pública, havia também festas em clubes e ambientes fechados. Logo depois surgiram os concursos de fantasias, em que se podia exibir a riqueza da imaginação e da arte. E lentamente as formas iniciais de comemoração foram assumindo a configuração atual do Carnaval, quando os foliões prestam homenagem ao deus Momo, o deus-prazer. Esta simbologia é muita curiosa. A cada ano é eleito um rei Momo (primeiro, único e último) que assume o posto de comandante simbólico das festividades. Ele é celebrizado pela sua obesidade e ociosidade porque no passado a gordura significava boa alimentação, saúde e projeção social. Somente no século XX é que a Ciência detectou os inúmeros malefícios à saúde que a obesidade pode provocar, e já se elegem os magros...

        Desta forma, o Carnaval assumiu a feição de grande bacanal, a celebração do deus Baco, o deus do vinho, da embriaguez e do prazer, segundo a mitologia grega. E tornou-se uma genuína tragédia do cotidiano. O Carnaval nos faz retroceder ao primitivismo, quando acessamos vícios soterrados em nosso inconsciente.

       A sensualidade sempre esteve presente desde as manifestações iniciais do Carnaval. Normalmente era algo mais insinuante do que explícito. A nudez denominada hoje de nu artístico, provocante e sem a menor cerimônia, é uma expressão comportamental recente, porque muitos homens e mulheres abandonaram completamente o bom-senso. O problema não está na apresentação do nu em si. O problema está em exibir o corpo em atitudes vulgares, que denotam que a pessoa não se valoriza, que perdeu o respeito por si mesma. Aliás, excetuando-se os indivíduos atormentados, a ruptura total do pudor provoca até um certo asco nas pessoas equilibradas, como consequência do largo processo de civilização, de ética e de cultura que influenciam a nossa estrutura psicológica. Equivale a dizer que um choque repentino de erotismo exacerbado nos perturba porque confronta com os valores de equilíbrio que já construímos ao longo da História. Já não necessitamos de tantas sensações agressivas, relativas ao primitivismo que dominava o nosso passado antropológico. Essas sensações se transformaram e assumiram outra feição, principalmente no que diz respeito ao sexo, que hoje pode ser vivenciado com afetividade e consciência, sem o assalto pelo prazer imediato, fugaz e destituído de sentido.


Fonte: Livro Sexo e Consciência de Divaldo Franco. Organizado por Luiz Fernando Lopes.