O livro Cartas de uma Morta é ditado pelo Espírito da mãe de Chico Xavier, Maria João de Deus (1881-1915). Nesta obra psicografada por Chico Xavier, a sua mãe narra a sua vida na erraticidade, no mundo espiritual, em uma das suas experiências vividas, encontramos a sua visita ao planeta Saturno. Vamos juntos ler as passagens do livro sobre essa pequenina descrição de Saturno. Apenas o Espiritismo para nos fazer entrever a vida de outros planetas como a vida nos submundos.
BELEZAS DE SATURNO A VERTIGINOSA EXCURSÃO
Um dos planetas, cuja constituição
mais me impressionava quando raramente me entretinha com essas questões na
Terra, era Saturno, imaginando como seriam pridigiosos os fenômenos da luz em
sua superfícies, em virtude de seu anel e numerosos satélites.
Revelando essas preocupações
ao espíritos benévolo, que prosseguia dispensando-me carinhosa proteção,
concedeu-me o seu valioso auxílio para que eu pudesse excursionar aquele orbe
distante.
Bastou que fixássemos em nossa mente
semelhante desejo para que me visse ao lado de um boníssimo companheiro,
envolto em atmosfera distante da que me era habitual nas adjacências da Terra.
O SOL AZULADO DE SATURNO
Vi-me então, numa superfície diversificada,
onde parecia pisar sobre um amontoado de massas mais ou menos análogas ao gelo
sentindo-me envolvida numa temperatura singular.
Avistei muito distante, como
um novelo de luz, levemente azulada, o sol; todavia, só pude saber que se
tratava desse astro porque me disse o esclarecido mentor e devotado guia, tal
era a diferença que eu constatava. A luz se espalhava por todas as cosias, mas,
o seu calor era menor, dando-me a impressão de frescura e amenidade, arrancando
do cenário majestoso, que eu presenciava, tonalidades de um rosa pálido e de um
azul indefinível.
Vi, depois, varias habitações
de estilo gracioso, onde predominavam grandes colunatas artisticamente
dispostas, decoradas com uma substância para mim desconhecida, que mudava de
cor, em lindíssimas nuanças, aos reflexos da luz solar.
UM MUNDO SEM CLOROFILA
Uma vegetação estranha
coalhava o solo branco, às vezes brilhante; a clorofila, porém, que se conhece
no planeta terráqueo, devia estar substituída por outro elemento, porque todas
as folhagens e ramarias eram azuladas; contudo, os espécimes de flores, que eu
tinha sob as vistas, eram de coloridos variegados, apresentando as mais
singulares tonalidades quando refletiam a luz circunstante. Flores
extraordinárias pela sua originalidade e perfume ornamentavam todo o ambiente.
OS MONSTROS FEIOS E GRACIOSOS
Contemplando o espaço, muito
acima de nós, vi grandes massas multicores, que tomei por variegadas nuvens, e,
ao mesmo tempo notei que seres estranhos evolucionavam nos ares, em gráceis
movimentos, apesar de me parecerem bizarros. Nada tinham de comum com os tipos
da humanidade terrena, afigurando-se-me extraordinariamente feios com a sua
organização animalesca, com suas membranas à guisa de asas, tão estranhas para
mim, as quais lhe facultavam o poder de volitar à vontade.
O DIA DE DEZ HORAS
Ante a minha atitude
de assombro, solicitamente o guia explicou:
- Vês, filha, estamos na
superfície de Saturno, onde o dia se compõe de dez horas e as estações duram
mais de sete anos consecutivos, segundo a contagem do tempo no planeta que
deixaste. Aqui a situação climatérica é eminentemente benéfica, em razão do
equilíbrio da obliqüidade da eclíptica, propiciando aos habitantes deste
venturoso orbe, elementos de duradoura saúde.
NOVOS ASPECTOS DA LUZ
O sol, aqui apresenta novos
aspectos, porquanto sua luz, em combinação com os elementos atmosféricos,
caracteriza-se por composições que desconheces; e essa claridade eterna e
suave, que te provoca admiração, é conservada em suas vibrações pelos numerosos
satélites que a refletem, multiplicando os raios luminosos e caloríficos.
MEDIUNIDADE GENERALIZADA
Aqui ainda existe o colégio sacratíssimo
da família, que se reúne sob os imperativos das afinidades naturais.
Chegados a certa idade, os
saturninos ouvem os espíritos, seus irmãos das outras esferas do sistema,
existindo entre eles a mais poderosa mediunidade generalizada. Conhecem todas
as combinações fluídicas requeridas ao seu bem-estar, e a eletricidade e a
mecânica não tem para eles segredos, sabendo utilizar-lhes as forças com a
plena consciência das suas possibilidades.
Também estão ao par do que
ocorre nos outros mundos e todo habitante de Saturno pode calcular com precisão
matemática, de um momento para outro, a posição dos satélites dos outros
planetas, respondendo com acerto qualquer arguição nesse sentido. Conhecem a
historia e os fenômenos dos globos comentários que lhes são familiares, e sabem
medir a paralaxe das estrelas mais próximas, conservando uma vasta ciência das
cosias do céu.
A CIÊNCIA UNIDA A FÉ
Entre eles, a justiça e a verdade
não são um mito e, há muito, a ciência está reunida à fé. Não amontoam as
riquezas, que resplendem no solo em que pisam, no qual se conservam matérias
preciosíssimas, as quais somente são retidas para ornamentação de seus lares ou
dos templos da sabedoria, onde se verificam prodigiosas manifestações da
Onipotência Divina.
A simplificação da existência,
por meio das aplicações do seu extraordinário engenho e de suas nobilíssimas
concepções acerca das finalidades da vida, minorou-lhes as fadigas e os
trabalhos, que aqui não precisam ser tão intensos. Podem-se dedicar com mais
devoção ao que concerne à espiritualidade, conservando-se acima da ciência
terrena nos problemas referentes à medicina; as moléstias incuráveis entre eles
são desconhecidas e sagradas instituições recebem os que se avizinham da transição
que denominais morte, na Terra. Para eles a morte não existe, porque estão
cientes de tudo o que ocorre ao espírito liberto.
Não são, contudo, seres
perfeitos como talvez presumas; são ainda falíveis, mas o que te procuro
demostrar é a sua incontestável superioridade sobre o orbe que abandonaste.
ASSEMBLÉIAS AÉREAS
Vendo grandes nuvens multicores, que
escoaçavam no firmamento, expressei minha admiração ao companheiro zeloso, que
me esclareceu:
- Não são nuvens o que
contemplas. São aparelhos gigantescos onde os saturninos se reúnem para estudos
maravilhiosos. Em cada um deles se agrupa uma assembléia de espíritos sedentos
de sabedoria. A música, a poesia e todas as artes lhes merecem especial
carinho, porquanto um único objetivo os irmana num mesmo ideal – a grandeza
intelectual.
AS ALMAS SOFREDORAS
Nas paragens da erraticidade nem
todos os lugares são estâncias de repouso, de aprendizagem ou bem-estar. Há
regiões obscuras, atopetadas de amargores, formadas pelas consciências polutas
que as povoam.
Confrangente é a situação das
almas sofredoras, que a esses ambientes se destinam, porque viverão com o fruto
amargo das sementes que espalharam nos dias de sua vida temporária.
SATURNO, DOS MARES ROSADOS...
Nesse instante reparei que o dia se
findava no hemisfério em que nos achávamos, desaparecendo o globo azulado e
longínquo do sol nos horizontes desse mundo prodigioso; seu brilho esmaecia e,
quando o reflexo cerúleo se observava em todas as cosias, um cenário
esplendoroso e inenarrável descerrou-se ao meu olhar atônito. Nas imensidades
do éter acendeu-se o lampadário maravilhoso; afigurava-se que uma auréola de
chamas, lindamente coloridas, coroava esse orbe encantado, em meio às luas
fulgurantes, que me pareciam vitórias-régias, resplandecendo num mar de
suavíssimas claridades.
Locomovemo-nos em determinada
direção e qual não foi o meu espanto ao deparar com grande massa de substancia
fluídica, um pouco semelhante à água levemente rosada, elucidando o meu prezado
mentor tratar-se dos mares saturninos, enquanto apreciava as fontes encantadas
e os lagos róseos como se fossem encravados em geleiras alvíssimas.
Observei, então, um quadro
indescritível; bem no cume de um monte, que parecia de neve, certo palácio de
colunas preciosas energias de uma alcatifa de flores.
Resplandeciam os anéis
luminosos no firmamento e grande multidão ali se reunia em atitude de
recolhimento e prece.
Vi, então, elevar-se aos céus
constelados uma onda de luminosidades feérica e, da amplidão azul, onde evolucionavam
os lindos satélites desse orbe de sabedoria e ventura, um jorro de sol desceu
sobre aqueles seres silenciosos e recolhidos.
Era a correspondência visível
entre dois planos...
Nesse instante, porém, o
desvelado mentor me arrancou do êxtase em que me achava. Saí então, daquela
atmosfera densa, mas cheia de encantamentos e de maravilhas, levando comigo a
visão eterna daquele celeste orbe de harmonia e beleza, que se afigurou, ao meu
espírito acanhado e imperfeito, como prodigiosa estância de perfeição do
Universo.
Fonte: Livro
– Cartas de uma Morta. Psicografia de Chico Xavier. Pelo espírito Maria João de
Deus.
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