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terça-feira, 17 de outubro de 2023

UMA EXCURSÃO AO PLANETA SATURNO

            O livro Cartas de uma Morta é ditado pelo Espírito da mãe de Chico Xavier, Maria João de Deus (1881-1915). Nesta obra psicografada por Chico Xavier, a sua mãe narra a sua vida na erraticidade, no mundo espiritual, em uma das suas experiências vividas, encontramos a sua visita ao planeta Saturno. Vamos juntos ler as passagens do livro sobre essa pequenina descrição de Saturno. Apenas o Espiritismo para nos fazer entrever a vida de outros planetas como a vida nos submundos.

 


BELEZAS DE SATURNO A VERTIGINOSA EXCURSÃO
            Um dos planetas, cuja constituição mais me impressionava quando raramente me entretinha com essas questões na Terra, era Saturno, imaginando como seriam pridigiosos os fenômenos da luz em sua superfícies, em virtude de seu anel e numerosos satélites.
            Revelando essas preocupações ao espíritos benévolo, que prosseguia dispensando-me carinhosa proteção, concedeu-me o seu valioso auxílio para que eu pudesse excursionar aquele orbe distante.
            Bastou que fixássemos em nossa mente semelhante desejo para que me visse ao lado de um boníssimo companheiro, envolto em atmosfera distante da que me era habitual nas adjacências da Terra.

 

O SOL AZULADO DE SATURNO
            Vi-me então, numa superfície diversificada, onde parecia pisar sobre um amontoado de massas mais ou menos análogas ao gelo sentindo-me envolvida numa temperatura singular.
            Avistei muito distante, como um novelo de luz, levemente azulada, o sol; todavia, só pude saber que se tratava desse astro porque me disse o esclarecido mentor e devotado guia, tal era a diferença que eu constatava. A luz se espalhava por todas as cosias, mas, o seu calor era menor, dando-me a impressão de frescura e amenidade, arrancando do cenário majestoso, que eu presenciava, tonalidades de um rosa pálido e de um azul indefinível.
            Vi, depois, varias habitações de estilo gracioso, onde predominavam grandes colunatas artisticamente dispostas, decoradas com uma substância para mim desconhecida, que mudava de cor, em lindíssimas nuanças, aos reflexos da luz solar.

 

UM MUNDO SEM CLOROFILA
            Uma vegetação estranha coalhava o solo branco, às vezes brilhante; a clorofila, porém, que se conhece no planeta terráqueo, devia estar substituída por outro elemento, porque todas as folhagens e ramarias eram azuladas; contudo, os espécimes de flores, que eu tinha sob as vistas, eram de coloridos variegados, apresentando as mais singulares tonalidades quando refletiam a luz circunstante. Flores extraordinárias pela sua originalidade e perfume ornamentavam todo o ambiente.

 

OS MONSTROS FEIOS E GRACIOSOS
            Contemplando o espaço, muito acima de nós, vi grandes massas multicores, que tomei por variegadas nuvens, e, ao mesmo tempo notei que seres estranhos evolucionavam nos ares, em gráceis movimentos, apesar de me parecerem bizarros. Nada tinham de comum com os tipos da humanidade terrena, afigurando-se-me extraordinariamente feios com a sua organização animalesca, com suas membranas à guisa de asas, tão estranhas para mim, as quais lhe facultavam o poder de volitar à vontade.


O DIA DE DEZ HORAS
            Ante a minha atitude de assombro, solicitamente o guia explicou:
            - Vês, filha, estamos na superfície de Saturno, onde o dia se compõe de dez horas e as estações duram mais de sete anos consecutivos, segundo a contagem do tempo no planeta que deixaste. Aqui a situação climatérica é eminentemente benéfica, em razão do equilíbrio da obliqüidade da eclíptica, propiciando aos habitantes deste venturoso orbe, elementos de duradoura saúde.

 

NOVOS ASPECTOS DA LUZ 
            O sol, aqui apresenta novos aspectos, porquanto sua luz, em combinação com os elementos atmosféricos, caracteriza-se por composições que desconheces; e essa claridade eterna e suave, que te provoca admiração, é conservada em suas vibrações pelos numerosos satélites que a refletem, multiplicando os raios luminosos e caloríficos.

 

MEDIUNIDADE GENERALIZADA
            Aqui ainda existe o colégio sacratíssimo da família, que se reúne sob os imperativos das afinidades naturais.
            Chegados a certa idade, os saturninos ouvem os espíritos, seus irmãos das outras esferas do sistema, existindo entre eles a mais poderosa mediunidade generalizada. Conhecem todas as combinações fluídicas requeridas ao seu bem-estar, e a eletricidade e a mecânica não tem para eles segredos, sabendo utilizar-lhes as forças com a plena consciência das suas possibilidades.
            Também estão ao par do que ocorre nos outros mundos e todo habitante de Saturno pode calcular com precisão matemática, de um momento para outro, a posição dos satélites dos outros planetas, respondendo com acerto qualquer arguição nesse sentido. Conhecem a historia e os fenômenos dos globos comentários que lhes são familiares, e sabem medir a paralaxe das estrelas mais próximas, conservando uma vasta ciência das cosias do céu.  

 

A CIÊNCIA UNIDA A FÉ
            Entre eles, a justiça e a verdade não são um mito e, há muito, a ciência está reunida à fé. Não amontoam as riquezas, que resplendem no solo em que pisam, no qual se conservam matérias preciosíssimas, as quais somente são retidas para ornamentação de seus lares ou dos templos da sabedoria, onde se verificam prodigiosas manifestações da Onipotência Divina.
            A simplificação da existência, por meio das aplicações do seu extraordinário engenho e de suas nobilíssimas concepções acerca das finalidades da vida, minorou-lhes as fadigas e os trabalhos, que aqui não precisam ser tão intensos. Podem-se dedicar com mais devoção ao que concerne à espiritualidade, conservando-se acima da ciência terrena nos problemas referentes à medicina; as moléstias incuráveis entre eles são desconhecidas e sagradas instituições recebem os que se avizinham da transição que denominais morte, na Terra. Para eles a morte não existe, porque estão cientes de tudo o que ocorre ao espírito liberto.
            Não são, contudo, seres perfeitos como talvez presumas; são ainda falíveis, mas o que te procuro demostrar é a sua incontestável superioridade sobre o orbe que abandonaste.

 

ASSEMBLÉIAS AÉREAS
            Vendo grandes nuvens multicores, que escoaçavam no firmamento, expressei minha admiração ao companheiro zeloso, que me esclareceu:
            - Não são nuvens o que contemplas. São aparelhos gigantescos onde os saturninos se reúnem para estudos maravilhiosos. Em cada um deles se agrupa uma assembléia de espíritos sedentos de sabedoria. A música, a poesia e todas as artes lhes merecem especial carinho, porquanto um único objetivo os irmana num mesmo ideal – a grandeza intelectual.



AS ALMAS SOFREDORAS
            Nas paragens da erraticidade nem todos os lugares são estâncias de repouso, de aprendizagem ou bem-estar. Há regiões obscuras, atopetadas de amargores, formadas pelas consciências polutas que as povoam.
            Confrangente é a situação das almas sofredoras, que a esses ambientes se destinam, porque viverão com o fruto amargo das sementes que espalharam nos dias de sua vida temporária.

 

SATURNO, DOS MARES ROSADOS...
            Nesse instante reparei que o dia se findava no hemisfério em que nos achávamos, desaparecendo o globo azulado e longínquo do sol nos horizontes desse mundo prodigioso; seu brilho esmaecia e, quando o reflexo cerúleo se observava em todas as cosias, um cenário esplendoroso e inenarrável descerrou-se ao meu olhar atônito. Nas imensidades do éter acendeu-se o lampadário maravilhoso; afigurava-se que uma auréola de chamas, lindamente coloridas, coroava esse orbe encantado, em meio às luas fulgurantes, que me pareciam vitórias-régias, resplandecendo num mar de suavíssimas claridades.
            Locomovemo-nos em determinada direção e qual não foi o meu espanto ao deparar com grande massa de substancia fluídica, um pouco semelhante à água levemente rosada, elucidando o meu prezado mentor tratar-se dos mares saturninos, enquanto apreciava as fontes encantadas e os lagos róseos como se fossem encravados em geleiras alvíssimas.
            Observei, então, um quadro indescritível; bem no cume de um monte, que parecia de neve, certo palácio de colunas preciosas energias de uma alcatifa de flores.
            Resplandeciam os anéis luminosos no firmamento e grande multidão ali se reunia em atitude de recolhimento e prece.
            Vi, então, elevar-se aos céus constelados uma onda de luminosidades feérica e, da amplidão azul, onde evolucionavam os lindos satélites desse orbe de sabedoria e ventura, um jorro de sol desceu sobre aqueles seres silenciosos e recolhidos.
            Era a correspondência visível entre dois planos...
            Nesse instante, porém, o desvelado mentor me arrancou do êxtase em que me achava. Saí então, daquela atmosfera densa, mas cheia de encantamentos e de maravilhas, levando comigo a visão eterna daquele celeste orbe de harmonia e beleza, que se afigurou, ao meu espírito acanhado e imperfeito, como prodigiosa estância de perfeição do Universo.

 

Fonte: Livro – Cartas de uma Morta. Psicografia de Chico Xavier. Pelo espírito Maria João de Deus.




Esta foto foi capturada por lentes de infravermelho do telescópio James Webb. Os lindos anéis de saturno podem refletir luminosidade e, em 2019, a NASA conseguiu pela primeira vez capturá-los brilhando em um registro do telescópio Hubble, mas nesta imagem do Telescópio James Webb divulgada pela agência, é possível ver essa luz de forma ainda mais intensa. Além dos anéis luminosos feitos de gelo e detritos interplanetários, é possível ver algumas dos seus satélites naturais que circundam o planeta: Dione, Encelodus e Tethys.

“Saturno, em si, aparece extremamente escuro neste comprimento de onda infravermelho observado pelo telescópio, pois o gás metano absorve quase toda a luz solar que incide na atmosfera. No entanto, os anéis de gelo permanecem relativamente brilhantes levando ao aparecimento incomum de Saturno na imagem de Webb”, explica a Nasa.

Os anéis de Saturno são constituídos por uma série de fragmentos rochosos e gelados. Essas partículas variam em tamanho: as menores são similares a um grão de areia e algumas são tão grandes quanto montanhas na Terra, segundo a Nasa.



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