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segunda-feira, 9 de outubro de 2023

O HOMEM NO MUNDO


        Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração daqueles que se reúnem sob os olhos do Senhor e imploram a assistência dos bons espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não deixeis neles demorar nenhum pensamento mundano ou fútil; elevai vosso espírito até aqueles a quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as disposições necessárias, possam lançar profusamente a semente que deve germinar em vossos corações e nele dar frutos de caridade e de justiça.

        Não creiais, todavia, que em vos exortando sem cessar à prece e à evocação mental, nós vos exortamos a viver uma vida mística que vos mantenha fora das leis da sociedade em que estais condenados a viver. Não, vivei com os homens de vossa época, como devem viver os homens; sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai-as com um sentimento de pureza que as possa santificar.

        Fostes chamados a entrar em contato com os espíritos de natureza diferente, de caracteres opostos; não choqueis nenhum daqueles com os quais vos encontrardes. Sede alegres, sede felizes, mas da alegria que dá uma boa consciência, da felicidade do herdeiro do céu contando os dias que o aproximam de sua herança.

        A virtude não consiste em tomar um aspecto severo e lúgubre, em repelir os prazeres que as vossas condições humanas permitem; basta informar todos os atos da vida ao Criador que deu essa vida; basta, quando se começa ou acaba uma obra, elevar o pensamento até esse Criador e lhe pedir, num impulso d’alma, seja sua proteção para ser bem sucedido, seja sua bênção para a obra terminada. O que quer que fizerdes, remontai até à fonte de todas as coisas; nada façais sem que a lembrança de Deus venha purificar e santificar os vossos atos.

        A perfeição está inteiramente, como disse o Cristo, na prática da Caridade absoluta; mas os deveres da caridade se estendem a todas as posições sociais, desde a menor até a maior. O homem que vivesse só, não teria caridade a exercer; não é senão no contato com os semelhantes, nas lutas mais penosas, que disso encontra ocasião. Aquele, pois, que se isola, priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de perfeição; não tendo que pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta.

        Não imagineis, pois, que para viver em comunicação constante conosco, para viver sob o olhar do Senhor, seja preciso envergar o cilício e se cobrir de cinzas; não, não, ainda uma vez; sede felizes segundo as necessidades da Humanidade, mas que em vossa felicidade não entre jamais nem um pensamento, nem um ato que possa ofendê-lo, ou fazer velar a face daqueles que vos amam e que vos dirigem. Deus é amor e abençoa aqueles que amam santamente. (UM ESPÍRITO PROTETOR, Bordéus, 1863).

 

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec. Cap. XVII – Item 10.



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