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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

SOFRER POR ANTECIPAÇÃO

“A cada dia basta o seu mal”

Por que acrescentamos espinhos em nosso coração ante a “possibilidade” de sofrimento no futuro?

Quantas vezes não nos envolvemos em fluidos nocivos por inquietação precoce ante fatos que, muitas vezes, não chegam a concretizar-se?

Contorna qualquer ansiedade por dores que não se justificam presentemente.

 As dificuldades reais que atravessamos no presente já representam cotas abençoadas de ensinamentos redentores, para nos fixar em temores futuros.

 Não esqueças que o livre-arbítrio pode alterar destinos e a previdência dos céus conhece tuas forças e necessidades, alterando rumos, a te aliviar, tanto quanto possível, a jornada.

Com certeza, não vale que te perturbes por situações que podem não ser exatamente como pensas.

Vive cada dia na busca de fazer o melhor, guardando a convicção de que quem produz o melhor qualifica-se a conquistar vultosos créditos morais, reorganizando planos, reordenando lutas, redirecionando provas e contribuindo a multidão de deslizes anteriores, apresentando-se como candidato feliz a novas etapas evolutivas na terra ou em outros mundos de progresso.

Acima de nossas impressões existe a lei sapiente, ordenadora da vida, cuja direção empreendida é sempre na rota que nos favoreça com o sumo bem.

 

 Fonte: Livro – Ajuda-te. Ditado pelo Espírito Marta. Psicografia de Frederico Menezes. Cap. 12.

 

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

LINDOS CASOS DE BEZERRA DE MENEZES: BONDADE E RENÚNCIA


        A companheira do abnegado médico já havia combinado com o amigo Cordeiro para cobrar aos que pudessem pagar à razão de cinco mil reis por consulente. O dinheiro não passaria pelas mãos de Bezerra e deveria ser encaminhado a D. Cândida. Bezerra sabia disto e concordou desde que recebesse apenas dos que estivessem em condições de pagar...

        Certa vez, penetra no seu consultório da Farmácia Cordeiro uma pobre mulher com uma criança ao colo. Sentou-se e apresentou-lhe o filhinho para exame.

        O aspecto da pobre mulher como o da criança traduzia miséria e fome.

        Bezerra atende à criança. Sentiu-lhe o físico em mísero estado. E receitou, aconselhando à mãe sofredora:

        - Minha filha, dê a seu filho estes remédios de hora em hora. São remédios homeopáticos e, se desejar, pode comprá-los aqui mesmo...

        - Comprá-los, doutor, com que, se não tenho comigo nenhum níquel! Se eu e meu filho estamos até agora em jejum...

        O bondoso medico olhou para a mãe sofredora. Seus olhos mansos e verdes, refletindo compaixão, encheram-se de pranto.

        Ambos choravam!

        O ambiente deveria ser tocante e vestido de luz e amor!

        Abraçando-a, disse-lhe Bezerra: - Não se apoquente, minha filha, vou ajudá-la. Confiemos no amor da Virgem, que vela por todos nós.

        Procurou nos bolsos das calças e do paletó algum dinheiro e nada encontrou.

        Pôs-se a pensar, olhando para cima, como se fizesse uma prece muda e sentida.

        De repente, fazendo-a sentar-se, sai e procura seu amigo Cordeiro, também manso e bom.

        - Cordeiro, prometi-lhe não mexer no dinheiro das consultas, a fim de que você o encaminhe diretamente à minha esposa. Mas o caso de hoje é doloroso... Já rendeu alguma coisa?

        - Nada, porque os doentes, até agora, são pobre e como sua ordem é para receber apenas dos que podem pagar...

        - E o resultado de ontem, já o entregou?

        - Não, está ainda comigo.

        - Dê-me, então, este dinheiro e esperemos na proteção da Virgem, que há de nos mandar algum, mais tarde.

        Cordeiro lhe atendeu. Bezerra penetra o consultório.

        E, dirigindo-se à infeliz irmã em provas:

        - Tome, minha filha, este envelope. Com o dinheiro que está aí, compre remédios, também leite e alimentos para seu filho.

        A pobre mãe, de olhos surpresos, lacrimosos, lábios trêmulos, tartamudeia e nada pode dizer para lhe agradecer. Chora...

        E Bezerra, abraçando-a:

        - Nada de lágrimas, vamos, vá na santa Paz de Deus e que a Virgem a proteja e o seu filhinho. Ele há de ficar bom...

        Assim atendida, a sofredora mãe deixa o consultório.

        E, quando volta, da porta, para agradecer, ouve apenas a voz mansa e boa de Bezerra:

        - Entre aquele que estiver em primeiro lugar.

 

***

        No dia seguinte, Cordeiro e D. Cândida tiveram uma conversa longa. Ambos se inteiraram da ação meritória. Louvaram-na em silêncio. E, embora sabendo que outras ações assim iriam se dar, confiaram no Amor da Virgem, e, de fato, dali por diante, os poucos que podiam pagar, pagavam. Os clientes pobres, na maioria , nada pagavam. E o pouco com Deus penetrava na casa do Seareiro Espírita enchendo corpos e almas de seus familiares de algo abençoado pelo Amor do pai e Criador, que é Deus!

 

 

Fonte: Livro – Lindos Casos de Bezerra de Menezes. Ramiro Gama. Capitulo 32.



segunda-feira, 14 de agosto de 2023

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO



Instrução dos espíritos

            Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão contidos os destinos dos homens na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque aqueles que a tiverem praticado, encontrarão graça diante do Senhor. Esta divisa é a luz celeste, a coluna luminosa que guia o homem no deserto da vida para conduzi-lo à Terra Prometida, e brilha no céu como uma auréola santa na fronte dos eleitos, e na Terra está gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, vós os benditos de meu Pai. Vós reconhecereis pelo perfume de caridade que espargem ao seu redor. Nada exprime melhor o pensamento de Jesus, nada resume melhor os deveres do homem, do que esta máxima de ordem divina; o Espiritismo não podia provar melhor a sua origem do que dando-a por regra, porque ela é reflexo do mais puro Cristianismo; com um tal guia o homem não se perderá jamais. Aplicai-vos, pois, meus amigos, em compreender-lhe o sentido profundo e as consequências, e em procurar, por vós mesmos, rodas as suas aplicações. Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade, e vossa consciência vos responderá; não somente ela vos evitará de fazer o mal, mas vos levará a fazer o bem: porque não basta uma virtude negativa, é preciso uma virtude ativa; para fazer o bem é preciso sempre a ação da vontade; para não fazer o mal basta, frequentemente, a inércia e a negligência.

            Meus amigos, agradecei a Deus que vos permitiu pudésseis gozar da luz do Espiritismo; não porque só aqueles que a possuem podem ser salvos, mas porque vos ajudando a melhor compreender os ensinamentos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos; fazei, pois, que em vos vendo, se possa dizer que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, porque todos aqueles que praticam a caridade são os discípulos de Jesus, qualquer seja o culto a que pertençam. (PAULO, apóstolo, Paris, 1860).  

 


Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec. Cap. XV. Item 10.



segunda-feira, 7 de agosto de 2023

FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO. FORA DA VERDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO


           Enquanto a máxima: Fora da caridade não a salvação se apoia sobre o princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à felicidade suprema, o dogma: Fora da igreja não há salvação se apoia, não sobre a fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, mas sobre a fé especial em dogmas particulares; é exclusivo e absoluto; em lugar de unir os filhos de Deus, os divide; em lugar de os excitar ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre os sectários dos diferentes cultos que se consideram reciprocamente como malditos na eternidade, fossem eles parentes ou amigos neste mundo; desconhecendo a grande lei de igualdade diante do túmulo, os separa até no campo do repouso. A máxima: Fora da caridade não há salvação é a consagração do princípio da igualdade diante de Deus e da liberdade de consciência; com esta máxima por regra, todos os homens são irmãos, e, qualquer que seja a sua maneira de adorar a Deus, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros. Com o dogma: Fora da igreja não há salvação, eles se lançam anátema, se perseguem e vivem em inimizade; o pai não ora pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que se julguem reciprocamente condenados para sempre. Esse dogma, pois, é essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.

            Fora da verdade não há salvação seria o equivalente de: Fora da igreja não há salvação, e também exclusivista, porque não há uma só seita que não pretenda ter o privilégio da verdade. Qual é o homem que pode se gabar de possuí-la inteiramente, quando o circulo dos conhecimentos aumenta sem cessar, e as ideias se retificam a cada dia? A verdade absoluta não pertence senão aos Espíritos de ordem mais elevada, e a Humanidade terrestre não poderia pretendê-la, porque não lhe é dado tudo saber; ela não pode aspirar senão a uma verdade relativa e proporcional ao seu adiantamento. Se Deus houvesse feito da posse da verdade absoluta, a condição expressa da felicidade futura, isso seria uma sentença de proscrição geral; enquanto que a caridade, mesmo na sua acepção mais ampla, pode ser praticada por todos. O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo que a salvação independe da crença, conquanto que se observe a lei de Deus, não diz: Fora do Espiritismo não há salvação; e como não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz: Fora da verdade não há salvação, máxima que dividiria em lugar de unir, e perpetuaria o antagonismo.      

 

 

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec. Cap. XV. Itens 8 e 9.