A morte não transforma ninguém, muitos creem que depois da morte física os indivíduos se transformam de forma instantânea em um ser de pureza, sabedoria, vivendo nas altas moradas... O caminho do espíritos depois da morte física, só pertence a ele indo de acordo de como viveu a experiência física, seu gênero de morte, de como encara a morte, o apego a matéria... Como o Cristo Jesus afirmou: “A cada um será dado segundo as suas obras.” Sendo assim, a felicidade dos espíritos é sempre proporcional à sua elevação (O Livro dos Espíritos, questão 967). Todos nós caminhamos para o despertar, que se dar de forma lenta, assim como o reequilíbrio depois da morte física, dependendo do estado de consciência, evolução de cada espírito.
No livro Estante da Vida, psicografia de Chico Xavier,
ditado pelo Espírito Irmão X, Capitulo 1. Encontramos uma entrevista com o
espírito de Marilyn Monroe feita em 1969, pelo Espírito Irmão X. Acompanhemos
abaixo a entrevista:
Caminhávamos, alguns amigos, admirando a paisagem do Wilshire Boulevard, em Hollywood, quando fizemos parada, ante a serenidade do Memoriam Park Cemetery, entre o nosso caminho e os jardins de Glendon Avenue.
A famosa mansão dos mortos mostrava grande movimentação de Espíritos libertos da experiência física, e estranhos.
Tudo, no interior, tranquilidade e alegria.
Os túmulos simples pareciam monumentos erguidos à paz, induzindo à oração. Entre as árvores que a primavera pintara de verde novo, numerosas entidades iam e vinham, muitas delas escoradas umas nas outras, à feição de convalescentes, sustentadas por enfermeiros em pátio de hospital agradável e extenso.
Numa esquina que se alteava com o terreno, duas laranjeiras ornamentais guardavam o acesso para o interior de pequena construção que hospedava as cinzas de muitas personalidades que demandaram o Além, sob o apreço do mundo. A um canto, li a inscrição: Marilyn Monroe – 1926-1962. Surpreendido, perguntei a Clinton, um dos amigos que nos acompanhavam:
- Estão aqui os restos de Marilyn, a estrela do cinema, cuja historia chegou até mesmo aos conhecimento de nós outros, os desencarnados de longo tempo no Mundo Espiritual?
- Sim – respondeu ele, e acentuou com expressão significativa: - não se detenha, porém, a tatear-lhe a legenda mortuária... Ela está viva e você pode encontrá-la. Aqui e agora...
A poucos passos de nós, uma jovem desencarnada, mas ainda evidentemente enferma, repousava a cabeleira loura no colo de simpática senhora que a tutelava. Marilyn Monroe, pois era ela, exibia a face desfigurada e os olhos tristes. Informados de que nos seria licito abordá-la, para alguns momentos de conversa, aproximando-nos, respeitosos.
Clinton fez a apresentação e aduzi:
- Sou um amigo do Brasil que deseja ouvi-la.
- Um brasileiro a procurar-me, depois da morte?
- Sim, e porque não? – acrescentei – a sua experiência pessoal interessa a milhões de pessoas no mundo inteiro...
E o dialogo prosseguiu:
- Uma experiência fracassada...
- Uma lição talvez.
- Especialmente.
- Porque?
- Concorrendo sem qualquer obstáculo ao trabalho do
homem, a mulher, de modo geral, se julga com direito a qualquer tipo de
experiência e, com isso, na maioria das vezes, compromete as bases da vida.
Agora que regressei à Espiritualidade, compreendo que a reencarnação é uma
escola com muita dificuldade de funcionar para o bem, toda vez que a mulher
foge à obrigação de amar, nos filhos, a edificação moral a que é chamada.
- Deseja dizer que o sexo...
- Ser-lhe-ia possível clarear um pouco mais este assunto?
- Não tenho expressões para falar sobre isso com o esclarecimento necessário; no entanto, proponho-me a afirmar que o sexo é uma espécie de caminho sublime para a manifestação do amor criativo, no campo das formas físicas e na esfera das obras espirituais, e, se não for respeitado por uma sensata administração dos valores de que se constitui, vem a ser naturalmente tumultuado pelas inteligências animalizadas que ainda se encontram nos níveis mais baixos da evolução.
- Miss Monroe – considerei, encantado, em lhe ouvindo os conceitos - , devo asseverar-lhe, não sem profunda estima por sua pessoa, que o suicídio não lhe alterou a lucidez.
- A tese do suicídio não é verdadeira como foi comentada – acentuou ela sorrindo. – Os vivos falam acerca dos mortos o que lhes vem à cabeça, sem que os mortos lhe possam dar a resposta devida, ignorando que eles mesmos, os vivos, se encontrarão, mais tarde, diante desse mesmo problema... A desencarnação me alcançou através de tremendo processo obsessivo. Em verdade, na época, me achava sob profunda depressão. Desde menina, sofri altos e baixos, em matéria de sentimento, por não saber governar a minha liberdade... Depois de noites horríveis, nas quais me sentia desvairar, por falta de orientação e de fé, ingeri, quase semi-inconsciente, os elementos mortíferos que me expulsaram do corpo, na suposição de que tomava uma simples dose de pílulas mensageiras do sono...
- Conseguiu dormir na grande transição?
- De modo algum. Quando minha governanta bateu à porta do quarto, inquieta ao ver a luz acesa, acordei às súbitas da sonolência a que me confiara, sentindo-me duas pessoas a um só tempo... Gritei apavorada, sem saber, de imediato, identifica-me, porque lograva mover-me e falar, ao lado daquela outra forma, a vestimenta l que me largara... Infelizmente para mim, o aposento abrigava alguns malfeitores desencarnados que, mais tarde, vim a saber, me dilapidaram as energias. Acompanhei, com indescritível angústia, o que se seguiu com o meu corpo inerme; entretanto, isso faz parte de um capitulo do meu sofrimento que lhe peço permissão para não relembrar...
- Ser-lhe-á possível explicar-nos porque terá experimentado essa agudeza de percepção, justamente no instante em que a morte, de modo comum, traz anestesia e repouso?
- Efetivamente, não tive a intenção de fugir da existência, mas, no fundo, estava incursa ao suicídio indireto. Malbaratara minhas forças, em nome da arte, entregara-me a excessos que me arrasaram as oportunidades de elevação... Ultimamente, fui informada por amigos daqui de que não me foi possível descansar, após a desencarnação, enquanto não me desvencilhei da influência perniciosa de Espíritos vampirizadores a cujos propósitos eu aderira, por falta de discernimento quanto às leis que regem o equilíbrio da alma.
- Compreendo que dispõe agora de valiosos conhecimentos, em torno da obsessão...
- Sim, creio hoje que a obsessão, entre as criaturas humana, é um flagelo muito pior que o câncer. Peçamos a Deus que a ciência no mundo se decida a estudar-lhe os problemas e resolvê-los...
A entrevista mostrava sinais de fadiga e, pelos olhos da enfermeira que lhe guardava a cabeça no regaço amigo, percebi que não me cabia avançar.
- Miss Monroe – conclui -, foi um prazer para mim este encontro em Hollywood. Podemos, acaso, saber quais são, na atualidade, os seus planos para o futuro?
Ela emitiu novo sorriso, em que se misturavam a tristeza e a esperança, manteve o silencio por alguns instantes e afirmou:
- Na condição de doente, primeiro, quero melhorar-me... Em seguida, como aluna no educandário da vida, preciso repetir as lições e provas em que fali... Por agora, não devo e nem posso ter outro objetivo que não seja reencarnar, lutar, sofrer e reaprender...
Pronunciei algumas frases curtas de agradecimento e despedida e ela agitou a pequenina mão num gesto de adeus. Logo após, alinharei estas notas, à guisa de reportagem, a fim de pensar nas bênçãos do Espiritismo Evangélico e na necessidade da sua divulgação.