Muitas pessoas se preocupam em saber
se estamos diante da pessoa que escolhemos no mundo espiritual para ser nosso
marido ou esposa. Quem dera que a gente soubesse! Se fosse possível essa identificação
sem nenhuma margem de erro, as uniões conjugais seriam muito felizes!
Não é importante saber se o nosso
parceiro ou parceira é alguém que elegemos antes de reencarnarmos. O importante
é verificarmos se os gostos e tendências do outro demonstram que existe
afinidade entre nós, independentemente de já termos convivido com ele ou não. O
importante não é uma parceria previamente definida, mas é a formação e a
manutenção de uma parceria feliz.
Uma pessoa adequada para nós é aquela
que nos produz emoções, não aquela que nos provoca sensações. Se um rapaz
encontra uma moça e imediatamente sente a irrupção do desejo sexual, isto é uma
sensação. Mas se ele a vê, e logo sente por ela um encantamento especial, um
impulso para se aproximar com cuidado e gentileza, estará diante de uma emoção,
que tem caráter mais profundo. Por outro lado, uma moça conhece um rapaz e logo
o associa à imagem de um ator famoso, que lhe desperta sonhos eróticos e que
agora vê de alguma forma materializado na figura do jovem que encontrou. Isto
representa uma sensação, uma eclosão de interesse sexual. Contudo, se ela se
depara com o rapaz e sente alegria por vê-lo, uma necessidade de estar ao seu
lado e de conversar, de tocar-lhe a mão com ternura, ela experimentou uma
emoção, o desabrochar de uma centelha de afetividade.
No caso do rapaz que se encantou com
uma jovem, e no episódio da moça que se sentiu feliz com o encontro, a
comprovação da afinidade se fará somente mais tarde, à medida que o relacionando
se tornar mais profundo, porque o sentimento estará mais bem caracterizado. Em
caso de se confirmar a afinidade é provável que a pessoa que está em nossa
companhia seja uma alma querida, que antes de renascer se comprometeu conosco
para a formação de uma família saudável. No entanto, não há como estabelecer
critérios infalíveis para essa conclusão.
Se a decisão de unir-se a outra pessoa
exige uma análise cuidadosa, que se inicia no
autoconhecimento e tem continuidade na convivência com o outro,
isto se torna um dos aprendizados mais importantes para o jovem: a distinção
entre amor e paixão.
É medida de urgência que o jovem
identifique quando encontrou o amor ou quando foi acometido por um surto de
paixão que terá existência breve.
No campo do relacionamento a dois,
identificamos duas formas de atração que se hospedam na intimidade do ser
humano.
A primeira delas é a paixão, a atração
provocada pelos instintos, que surge como uma febre de desejo e está
relacionada ao impulso para a procriação. A paixão pode até ser interpretada
como uma forma de amor, mas um amor primitivo e imediatista, que todos trazemos
das experiências evolutivas do processo antropossociopsicológico, permanecendo
em nós para favorecer a perpetuação da vida.
A outra forma de atração que nos
motiva a estabelecer vínculos é o amor propriamente dito, verdadeiro e
plenificador. Este sentimento também nos impulsiona ao intercurso sexual, cuja finalidade
precípua, além da continuidade da espécie, é o intercâmbio de hormônios
psíquicos, de vibrações emocionais que sustentam a vida e realimentam os
sentimentos profundos daqueles que mantém um vínculo afetivo.
Muitos autores da história da
Filosofia, como Epicuro, que viveu aproximadamente no ano 350 antes de Cristo,
estabeleceram que a felicidade depende do prazer. Esse pressuposto é o
fundamento da doutrina hedonista, segundo a qual para estar realizado o
indivíduo necessita ter poder para comprar o que deseja, amealhando posses
materiais e desfrutando de todas as oportunidades de prazer que estiverem ao
seu alcance.
Neste sentido, o sexo exerce papel
preponderante, porque a proposta hedonista se perpetuou em nossa esfera
emocional até hoje. Como a maioria de nós vive preocupada em atender ao prazer,
mas não consegue obter todos os bens materiais e o poder social que gostaria de
possuir, o sexo, na sua feição de instrumento da paixão, acaba tornando-se uma
válvula de escape para nossas fugas psicológicas. O ser humano decide praticar
o sexo para experimentar o prazer sem a necessidade de ter culpa ou conflito,
entendendo que se não está enfrentando ou prejudicando o seu semelhante para
obter vantagens materiais, tudo estará dentro de um padrão de normalidade. Ele
poderá desfrutar do prazer sexual sem se perturbar e conservando a consciência
tranquila. Por isso, a pessoa troca de parceiros sempre buscando experiências
agradáveis e aventuras, esquecendo-se de que após o orgasmo, quando advém o
relaxamento do corpo e o repouso, a sensação de prazer é logo substituída por
um sentimento de frustração. Com a continuidade das experiências malsucedidas,
o indivíduo vai lentamente descobrindo que o prazer verdadeiro somente poderá
ser vivenciado quando o sexo estiver fixado num sentimento profundo de amor.
Na história evolutiva do
espírito, a paixão e o amor se encontram como duas vertentes à disposição do
livre-arbítrio, a partir de cuja escolha ocorre o nosso desenvolvimento moral
ou a nossa decadência espiritual. Quando optamos pela paixão, estacionamos
voluntariamente em alguns degraus da evolução até nos resolvermos pela
libertação das amarras da inferioridade mediante a conquista do amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos podem deixar seu comentário no Blog Jardim Espírita. Se for caso de resposta, responderei assim que poder, podendo levar alguns dias.
Não publicarei comentários que contenham termos vulgares, palavrões, ofensas, publicidade e dados pessoais (como e-mail, telefone, endereços, etc.). E não entrarei em contato por ligação telefônica, nem mensagem de SMS, nem por mensagem de Whatsapp... Podemos nos comunicar sempre por aqui pela área dos comentários do Blog, que acompanhamos as suas mensagens e respondemos no mesmo local, na mesma postagem que foi realizada a mensagem conforme o tempo que tenho disponível. Então fiquem a vontade para comentar!