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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

O PODER DA FÉ

Quando veio até o povo, um homem se aproximou dele, lançou-se-lhe de joelhos aos pés, e lhe disse: Senhor, tende piedade de meu filho, que está lunático e sofre muito, porque ele cai frequentemente no fogo e frequentemente na água. Eu o apresentei aos vossos discípulos, mas não puderam curá-lo. E Jesus respondeu, dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui essa criança. E Jesus, tendo ameaçado o demônio, ele saiu da criança, que foi curada no mesmo instante. Então os discípulos vieram encontrar Jesus em particular, e lhe disseram: Por que não puderam, nós outros, expulsar esse demônio? Jesus lhe respondeu: É por causa da vossa incredulidade. Porque eu vô-lo digo em verdade: se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daqui para ali, e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (São Mateus, cap. XVII, v. de 14 a 20).


                No sentido próprio, é certo que a confiança nas próprias forças torna capaz de executar coisas materiais que não se pode fazer quando se duvida de si; mas aqui é unicamente no sentido moral que é preciso entender essas palavras. As montanhas que a fé transporta são as dificuldades, as resistências, a má vontade, numa palavra, que se encontra entre os homens, mesmo quando se trata das melhores coisas; os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgulhosas, são outras tantas montanhas que barram o caminho de todo aquele que trabalha pelo progresso da humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem vencer os obstáculos, nas pequenas como nas grandes coisas; a que é vacilante dá a incerteza, a hesitação de que se aproveitam aqueles que se quer combater; ela não procura os meios de vencer, porque não crê poder vencer.

                Noutra acepção, a fé se diz da confiança que se tem no cumprimento de uma coisa, da certeza de atingir um fim; ela dá uma espécie de lucidez que faz ver, no pensamento, o fim para o qual se tende e os meios de atingi-lo, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com certeza. Num e noutro caso, ela pode fazer realizar grandes coisas.

                 A fé sincera e verdadeira é sempre calma; dá a paciência que sabe esperar, porque tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, está certa de chegar; a fé incerta sente a sua própria fraqueza; quando está estimulada pelo interesse, torna-se colérica e crê suprir a força pela violência. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrario, é uma prova de fraqueza e de duvida de si mesmo.

                É preciso se guardar de confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se alia à humildade; aquele que a possui coloca sua confiança em Deus mais do que em si mesmo, porque sabe que, simples instrumento da vontade de Deus, não pode nada sem Ele; por isso, os bons espíritos vêm em sua ajuda. A presunção é menos a fé do que o orgulho, e o orgulho é sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos fracassos que lhe são infligidos.

                O poder da fé recebe uma aplicação direta e especial na ação magnética; por ela o home age sobre o fluido, agente universal, lhe modifica as qualidades e lhe dá uma impulsão, por assim dizer, irresistível. Por isso, aquele que, a um grande poder fluídico normal junta uma fé ardente, pode, apenas pela vontade dirigida para o bem, operar esses fenômenos estranhos de cura e outros que, outrora, passariam por prodígios e que não são, todavia, senão consequências de uma lei natural. Tal o motivo pelo qual Jesus disse aos seus apóstolos: se não curastes é que não tínheis a fé.


Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec. Cap.: XIX – itens de 1 à 5.


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