Os desencarnados, embora não se
fatiguem como as criaturas terrestres, não prescindem da pausa de repouso. Em
geral, as operações, à noite, são ativas e laboriosas. Apenas um terço dos
companheiros espirituais, em serviço na crosta, conserva-se em atividade
diurna.
O dia terrestre pertence, com
mais propriedade, ao serviço do espírito encarnado. O homem deve aprender a
agir, testemunhando compreensão das Leis Divinas. Pelo menos durante certo
número de horas, deve estar mais só com as experiências que lhe dizem respeito.
O dia e a noite constituem, para
o homem, uma folha do livro da vida. A maior parte das vezes, a criatura escreve
sozinha a página diária, com a tinta dos sentimentos que lhe são próprios, nas
palavras, pensamentos, intenções e atos, e no verso, isto é, na reflexão
noturna, que os bons espíritos ajuda a retificar as lições e acertar as
experiências, quando o Senhor no-lo permite.
A natureza nunca é a mesma em
toda parte. Não há duas porções de terra com climas absolutamente iguais. Cada
colina, cada vale, possui expressões climatéricas diferentes. É forçoso
reconhecer, porém, que o campo, em qualquer condição, no círculo dos
encarnados, é o reservatório mais abundante e vigoroso de princípios vitais. Em
geral, os espíritos cooperadores, estimam o ar da manhã, quando a atmosfera
permanece igualmente em repouso, isenta dos glóbulos de poeira convertidos em
microscópicos balões de bacilos e de outras expressões inferiores.
Porque na floresta temos uma
densidade forte, pela pobreza das emanações, em vista da impermeabilidade ao
vento. Aí, o ar costuma converte-se em elemento asfixiante, pelo excesso de
emissões dos reinos inferiores da Natureza. Na cidade, a atmosfera é compacta e
o ar também sufoca, pela densidade mental das mais baixas aglomerações humanas.
No campo, desse modo, temos o centro ideal... Reina no campo a paz relativa e
equilibrada da Natureza terrestre. Nem a selvageria da mata virgem, nem a
sufocação dos fluidos humanos. O campo é o nosso generoso caminho central, a
harmonia possível, o repouso desejável.
O campo é também vasta oficina
para os serviços dos espíritos benfeitores em colaboração ativa. O reino
vegetal possui cooperadores numerosos. Muitos irmãos se preparam para o mérito
de nova encarnação no mundo, prestando serviço aos reinos inferiores. O trabalho
com o Senhor é uma escola viva, em toda parte.
Ninguém desrespeita a Natureza
sem o doloroso choque de retorno, a todo tempo.
Há milênios a Natureza espera a
compreensão dos homens. Não se tem alimentado tão somente de esperança, mas
vive em ardente expectação, aguardando o entendimento e o auxílio dos espírito
encarnados na Terra. As forças naturais continuam sofrendo a opressão de todas
as vaidades humanas. (...) A maioria dos cultivadores da terra tudo exige sem
nada oferecer. Enquanto os bons espíritos zela, cuidadosamente, pela manutenção
das bases da vida, tem se visto a civilização funcionando qual vigorosa máquina
de triturar, convertendo-se os homens, em pequenos Moloques de pão, carne e
vinho, absolutamente mergulhados na viciação dos sentimentos e nos excessos da
alimentação, despreocupados do imenso débito para a Natureza amorável e
generosa. Oprimindo as criaturas inferiores, ferindo as forças benfeitoras da
vida, sendo ingratos para com as fontes do bem, atendendo às indústrias ruralistas,
mais pela vaidade e ambição de ganhar, que nos são próprias, que pelo espírito
de amor e utilidade, mas também não passamos de infelizes servos das paixões
desvairadas.
(...)
Sempre, ao voltarmos à crosta,
envolvendo-nos em fluidos do círculo carnal, levamos muito longe a aquisição de
nitrogênio. (...) Como sabemos, organismo algum poderá viver na Terra sem essa
substância, e embora se locomova, no oceano de nitrogênio, respirando-o na
média de mil litros por dia, não pode o homem, como nenhum ser vivo do planeta,
apropriar-se do nitrogênio do ar. Por enquanto, não permite o Senhor a criação
de células nos organismos viventes do nosso mundo, que procedem à absorção
espontânea desse elemento de importância primordial na manutenção da vida, como
acontece ao oxigênio comum. Somente as plantas, infatigáveis operarias do orbe,
conseguem retirá-lo do solo, fixando-o para o entretenimento da vida noutros
seres. Cada grão de trigo é uma bênção nitrogenada para sustento das criaturas,
cada fruto da terra é uma bolsa de açúcar e albumina, repleta do nitrogênio
indispensável ao equilíbrio orgânico dos seres vivos. Todas as indústrias
agropecuárias não representam, na essência, senão a procura organizada e
metódica do precioso elemento da vida. Se o homem conseguisse fixar dez gramas,
aproximadamente, dos mil litros de nitrogênio que respira diariamente, a crosta
terrestre estaria transformada no paraíso verdadeiramente espiritual. Mas, se
muito nos dá o Senhor, é razoável que exija a colaboração do nosso esforço na construção
da nossa própria felicidade. Mesmo na cidade espiritual Nosso Lar, ainda está
distante da grande conquista do alimento espontâneo pelas forças atmosféricas,
em caráter absoluto. E o homem, transforma a procura de nitrogênio em movimento
de paixões desvairadas, ferindo e sendo ferido, ofendendo e sendo ofendido,
escravizando e tornando-se cativo, segregando em densas trevas! (...) A vida
não é um roubo incessante, em que a planta lesa o solo, o animal extermina a
planta e o homem assassina o animal, mas um movimento de permuta divina, de
cooperação generosa, que nunca perturbaremos sem grave dano à própria condição
de criaturas responsáveis e evolutivas!
Fonte: Livro Os Mensageiros. Pelo Espírito André Luiz.
Psicografia de Chico Xavier. Capítulos 41 e 42.