Translate

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Mensagem: FAZER O BEM SEM CESSAR


“Eu nunca vos deixareis órfãos, eu ficarei convosco até a consumação dos evos. 
Quando qualquer dificuldade estiver ao vosso alcance pensai em mim e eu estarei convosco.”
Transcorreram dois mil anos e nesses dois mil anos em que o mundo se convulsionou inúmeras vezes, algo diferente hoje desenha-se no alicerce das almas: a presença do amor de Deus.

É necessário que tenhamos o sentimento profundo de compaixão para podermos entender a dor de quem chora.
Há muito sofrimento ao nosso lado esperando a mão amiga, e nós nos encontramos na Terra para servir.

Quem não se dedica a servir ainda não aprendeu a viver.
O serviço é a benção de Deus demonstrando o sentido existencial.
Fazei o bem, filhos e filhas da alma, além do vosso alcance. 
Nunca vos arrependereis de terdes erguido um combalido, saciado a sede ou alimentado alguém esfaimado.

Exultai pela honra, pela glória de crer e esse crer deve constituir a diretriz da vossa existência.
Embrulhai-vos na lã do cordeiro de Deus e sede mansos e pacíficos.
Dias virão em que o lobo e a ovelha comerão ao lado no mesmo pasto.
Dias estão chegando em que o amor e a solidariedade diluirão a violência e a agressividade.

Sede pioneiros dessa era nova contribuindo com o que tendes de mais valor, que é o vosso sentimento, auxiliando-vos a ascender na escala evolutiva e a erguer os que teimosamente permanecem nos degraus inferiores da vida.
A queda leva ao abismo, e abismos existem sem fundos como as escadas da degradação não têm o ultimo degrau.
Parai, detende o passo e começai a subir a escada do progresso, porque Cristo espera por vós.

Este é o vosso momento: não vos escuseis de amar ou de servir, tendo em mente que a vida física é breve como qualquer jornada, mas o ser que sois é permanente, imortal.
Transformai o amor em alimento da alma e o serviço em sustentação do amor.
Em nome dos Espíritos-espiritas aqui presentes rogamos as bênçãos de Deus para todos nós.

Voltai aos vossos lares ,jubilosos, esquecei, por momentos breves que sejam, das aflições e enriquecei o coração e a mente com a alegria de amar e de receber amor.
Em nome do Senhor eu vos abraço, filhos e filhas da alma, com carinho de servidor humílimo e paternal de sempre, Bezerra.

Pelo Espírito Bezerra de Menezes.

Psicofonia de Divaldo Franco.

Resultado de imagem para bezerra de menezes e divaldo franco

Fonte: Página recebida em psicofonia pelo médium Divaldo Pereira Franco, durante a palestra proferida na sede da Creche Amélia Rodrigues, no dia 22 de outubro de 2016, em Santo André, SP.


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

PRECE: PELAS ALMAS SOFREDORAS QUE PEDEM PRECES



PRECE

        Deus clemente e misericordioso, que a vossa bondade se estenda sobre todos os espíritos que se recomendam às nossas preces, notadamente sobre a alma de ... (falar o nome do desencarnado)


        Bons espíritos, para os quais o bem é a única ocupação, intercedei comigo pelo seu alivio. Fazei brilhar, aos seus olhos, um raio de esperança, e que a divina luz os esclareça sobre as imperfeições que os afastam da morada dos felizes. Abri seu coração ao arrependimento e ao desejo de se depurar para apressar o seu adiantamento. Fazei-os compreender que, pelos seus esforços, eles podem abreviar o tempo das suas provas.


         Que Deus, em sua bondade, lhes dê a força de perseverar em suas boas resoluções!


         Possam estas palavras benevolentes abrandar as suas penas, em lhes mostrando que há, na Terra, seres que sabem deles se compadecer e que desejam a sua felicidade.
                                           
 
OUTRA PRECE

         Nós vos pedimos, Senhor, derramar, sobre todos aqueles que sofrem, seja no espaço como espíritos errantes, seja entre nós como espíritos encarnados, as graças do vosso amor e da vossa misericórdia. Apiedai-vos das nossas fraquezas. Falíveis nos fizestes, mas nos destes a força de resistir ao mal e vencê-lo. Que a vossa misericórdia se estenda sobre todos aqueles que não puderam resistir aos seus maus pendores, e estão ainda arrastados para um mau caminho. Que vossos bons espíritos os envolvam, que a vossa luz brilhe aos seus olhos, e que, atraídos pelo seu calor vivificante, eles venham se prosternar aos vossos pés, humildes, arrependidos e submissos.

        Nós vos pedimos igualmente, Pai de misericórdia, por aqueles dos nossos irmão que não tiveram a força de suportar as suas provas terrestres. Vós nos destes um fardo a carregar, Senhor, e não devemos depô-lo senão aos vossos pés; mas a nossa fraqueza é grande e a coragem nos falta, às vezes, no caminho. Tende piedade destes servidores indolentes que abandonaram a obra antes da hora; que a vossa justiça os poupe e permita aos nossos bons espíritos lhes trazer o alívio, as consolações e a esperança do futuro. O caminho do perdão é fortificante para a alma; mostrai-o, Senhor, aos culpados que desesperam, e sustentados por essa esperança, eles haurirão forças na grandeza mesma de suas faltas, e de seus sofrimentos, para resgatar o seu passado e se preparar para conquistar o futuro.



Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Coletânea de Preces Espíritas. Allan Kardec.


Leia também. Link para: É VALIDO FAZER PRECE PELOS DESENCARNADOS?


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Post.233: É VALIDO FAZER PRECE PELOS DESENCARNADOS?

Encontramos no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, o texto a seguir sobre prece pelos desencarnados e pelos espíritos sofredores. Como é importante realizar prece para eles, sendo essas orações um vento de esperança e de luz em seu espírito.




Da prece pelos mortos e pelos espíritos sofredores

         18. A prece é reclamada pelos espíritos sofredores; ela lhes é útil porque vendo que pensam neles, sentem-se menos abandonados, menos infelizes. Mas a prece tem sobre eles uma ação mais direta: reergue-lhes a coragem, excita-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação, e pode desviá-los do pensamento do mal. É nesse sentido que ela não só pode aliviar, mas abreviar seus sofrimentos.

        19. Certas pessoas não admitem a prece pelo mortos, porque, na sua crença, não há para a alma senão duas alternativas: ser salva ou condenada às penas eternas, e, num e noutro caso, a prece  é inútil. Sem discutir o valor dessa crença, admitamos por um instante a realidade das penas eternas e irremissíveis, e que as nossas preces sejam impotentes para lhes por um termo. Perguntamos se, nessa hipótese, é lógico, caridoso e cristão rejeitar a prece pelos condenados? Essas preces, por impotentes que sejam para os livrar, não são, para eles, um sinal de piedade que pode dulcificar seu sofrimento? Sobre a Terra, quando um homem é condenado perpetuamente, no caso mesmo que ele não tenha nenhuma esperança de obter graça, é proibido a uma pessoa caridosa ir sustentar suas correntes para lhe aliviar o peso? Quando alguém está atacado de um mal incurável, porque não oferecer nenhuma esperança de cura, é preciso abandoná-lo sem nenhum alívio? Imaginai que, entre os condenados, pode se encontrar uma pessoa que vos foi cara, um amigo, talvez um pai, uma mãe ou um filho, e porque, segundo vós, não poderá esperar sua graça, lhe recusaríeis um copo de água para estancar-lhe a sede? Um bálsamo para secar-lhes as feridas? Não faríeis por ele o que faríeis por um prisioneiro? Não lhe daríeis um testemunho de amor, uma consolação? Não, isso não seria cristão. Uma crença que resseca o coração não pode se aliar com a de um Deus que coloca, em primeiro lugar entre os deveres, o amor ao próximo.

         A não eternidade das penas não implica a negação de uma penalidade temporária, porque Deus, na sua Justiça, não pode confundir o bem e o mal. Ora, negar, nesse caso, a eficácia da prece, seria negar a eficácia da consolação, do encorajamento e dos bons conselhos. Seria negar a força que se haure na assistência moral daquele que nos querem bem.

        20. Outros se fundamentam numa razão mais especiosa: a imutabilidade dos decretos divinos. Deus, dizem eles, não pode mudar as suas decisões a pedido de suas criaturas; sem isso nada seria estável no mundo. O homem, pois, nada tem a pedir a Deus, não tem senão que se submeter a adorá-lo.

        Há, nessa ideia, uma falsa aplicação da imutabilidade da lei divina, ou melhor, ignorância da lei no que concerne à penalidade futura. Essa lei é revelada pelos  Espíritos do Senhor, hoje que o homem está maduro para compreender o que, na fé, está conforme ou contrário aos atributos divinos.

        Segundo o dogma da eternidade absoluta das penas, ao culpado não se tem em conta seus remorsos e seu arrependimento; para ele, todo desejo de se melhorar é supérfluo e está condenado a permanecer perpetuamente no mal. Se está condenado por um tempo determinado, a pena cessará quando esse tempo tiver expirado; mas quem diz que, então, terá mudado para melhores sentimentos? Quem diz que, a exemplo de muitos condenados na Terra, na sua saída da prisão, não será tão mau quanto antes? No primeiro caso, seria manter na dor do castigo um homem que retornou ao bem; no segundo, agraciar aquele que permaneceu culpado. A lei de Deus é mais previdente que essa; sempre justa, equitativa e misericordiosa, não fixa nenhuma duração à pena, qualquer que seja; ela se resume assim:

        21. “O homem suporta sempre a consequência das suas faltas; não há uma só infração à lei de Deus que não tenha punição.

        A severidade do castigo é proporcional à gravidade da falta.

        A duração do castigo, para qualquer falta, é indeterminada e está subordinada ao arrependimento do culpado e seu retorno ao bem. A pena dura tanto quanto a obstinação no mal, e seria perpétua se a obstinação fosse perpétua, de curta duração se o arrependimento chega logo.

         Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe envia a esperança. Mas o simples remorso do mal não basta, pois é preciso a reparação. Por isso, o culpado é submetido a novas provas, nas quais pode sempre, por sua vontade, fazer o  bem em reparação ao mal que fez.

         O homem é, assim, constantemente, o árbitro de sua própria sorte, podendo abreviar seu suplício ou prolongá-lo indefinidamente. Sua felicidade, ou sua infelicidade, dependem da sua vontade de fazer o bem.”

         Tal é a lei; lei imutável e conforme a bondade e a justiça de Deus.        

         O espírito culpado e infeliz pode, assim, sempre salvar-se a si mesmo: a lei de Deus lhe diz em que condições pode fazê-lo. Frequentemente, o que lhe falta é a vontade, a força, a coragem; se, por nossas preces, nós lhe inspiramos essa vontade, se o sustentamos e encorajamos; se, por nossos conselhos, nós lhe damos as luzes que lhe faltam, ao invés de solicitar a Deus a derrogação da sua lei, nos tornamos instrumentos para a execução da sua lei de amor e de caridade, na qual ele nos permite, assim, participar dando, nós mesmos, uma prova de caridade.   

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec.


Leia também. Link para: PRECE PELAS ALMAS SOFREDORAS


domingo, 16 de outubro de 2016

TUDO É AMOR

Observa, amigo, em como do amor tudo provém e no amor tudo se resume. 

Vida é o Amor existencial. 

Razão é o Amor que pondera. 

Estudo é o Amor que analisa. 

Ciência é o Amor que investiga. 

Filosofia é o Amor que pensa. 

Religião é o Amor que busca Deus. 

Verdade é o Amor que se eterniza. 

Ideal é o Amor que se eleva. 

Fé é o Amor que se transcende. 

Esperança é o Amor que sonha. 

Caridade é o Amor que auxilia. 

Fraternidade é o Amor que se expande. 

Sacrifício é o Amor que se esforça. 

Renúncia é o Amor que se depura. 

Simpatia é o Amor que sorri. 

Altruísmo é o Amor que se engrandece. 

Trabalho é o Amor que constrói. 

Indiferença é o Amor que se esconde. 

Desespero é o Amor que se desgoverna. 

Paixão é o Amor que se desequilibra. 

Ciúme é o Amor que se desvaira. 

Egoísmo é o Amor que se animaliza. 

Orgulho é o Amor que enlouquece. 

Sensualismo é o Amor que se envenena. 

Vaidade é o Amor que se embriaga. 

Finalmente, o ódio, que julgas ser a antítese do Amor, não é senão o próprio Amor que adoeceu gravemente. 

Tudo é Amor. 

Não deixes de amar nobremente. 

Respeita, no entanto, a pergunta que te faz, a cada instante, a Lei Divina: Como? 



Pelo Espírito André Luiz.
Psicografia de Chico Xavier.


Fonte: Apostilas da Vida.


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

“VOCÊ AMARIA ASSIM?”

         Encontramos no livro Sexo e Consciência, de Divaldo Franco – Organizado por Luiz Fernando Lopez, esta emocionando história real narrada por Divaldo Franco, segue o texto:





“Você amaria assim?”

         Há muitos anos eu li uma página que me comoveu profundamente. O título é uma pergunta: Você amaria assim?. Trata-se da história real de um casal que residia nos arredores de Boston, no estado americano de Massachusetts.

         Era um casal de meia idade que trabalhava afanosamente para cumprir com todos o seus compromissos: a hipoteca da casa, o automóvel e outros bens. Estavam casados há 20 anos. Conheceram-se na escola, namoraram, noivaram e casaram.

        No ano de 1947, depois da segunda guerra mundial, o marido dirigiu-se à sua mulher e lhe disse:

        - Luísa, acabo de receber uma proposta extraordinária para trabalhar na reconstrução do Japão, arrasado pelos estertores da guerra que acaba de se encerrar. O que eu ganharia em um mês é muito mais do que em um ano trabalhando nos Estados Unidos. Na minha condição de engenheiro, eu poderei oferecer tecnologia aos nipônicos e receberei em troca uma sólida fortuna que nos libertará dos débitos e nos dará uma aposentadoria antecipada. Já que não tivemos filhos, vamos preparar nosso futuro. Mas eu terei que morar no Japão durante um ano.

        A esposa recebeu a proposta com receio e retrucou:
        

        - Mas, meu bem, é um período muito largo! Um ano parece que não passa nunca! Especialmente quando as pessoas estão separadas...

        - Não vejo desta forma, querida! Eu creio que o tempo passa muito rápido quando temos uma meta. As metas são a manifestação mais explícita da nossa necessidade e nos aproximam daquilo a que aspiramos.

        Por fim, o marido convenceu a esposa e viajou ao Japão.


        Naquela época, o telefone internacional era muito difícil de ser utilizado. Por isso, o marido comunicava-se com a esposa por intermédio de cartas e de cartões que enviava periodicamente, numa linha de correspondência especial que os Estados Unidos mantinham para suas tropas, suas autoridades legais e seus técnicos enviados ao Japão para a missão de reconstrução que mencionamos.

        Algumas vezes, ele conseguia comunicar-se através das ondas de rádio, em equipamentos do governo americano. E ambos choravam profundamente... Era uma saudade que corroia o peito como um ácido poderoso...

        Seis meses, oito meses... No décimo mês ele fez uma carta longa e lhe disse:
     
       “Os meus serviços são tão excelentes, que eu recebi uma nova proposta para ficar mais seis meses no Japão. Retornarei à América como um homem rico e não terei mais necessidade de trabalhar. Eu penso que você me concederá esses próximos oito meses: dois que faltam para completar o contrato anterior e seis que se referem ao novo contrato que me propuseram.”

        Ela ficou entristecida e respondeu-lhe que já estava esgotada. Seu sistema nervoso e sua saúde apresentavam distúrbios que precisavam ser cuidados. Entretanto, reconhecia que não havia outra alternativa, já que ele era tão importante para a reconstrução daquele pais despedaçado pelo confronto armado. Enfim, declarou que concordava.

        Depois de alguns meses as cartas começaram a diminuir. Ela entendeu que lhe faltava tempo para escrever e resolveu contentar-se com os postais. Porém, em pouco tempo, essa forma de comunicação também começou a torna-se rara.


        Ao completar-se o quarto mês do novo contrato, faltando, por tanto dois meses para o seu retorno aos Estados Unidos, ele enviou-lhe uma carta extensa, na qual expunha:    
  
      “Peço que você me perdoe e que me compreenda. Os homens são diferentes biológicas psicologicamente das mulheres. O período de minha ausência, foi realmente muito longo... E eu não suportei a solidão e o trabalho áspero. Acabo de casar-me com uma japonesa. Solicitei o divórcio pelos meios legais e imediatamente providenciei a minha nova união conjugal. Eu não quis lhe contar antes para não a magoar. Perdoe-me! Eu sei que você me ama e que teve resistências para suportar esta vida de solidão e abstinência intima. Mas eu não consegui. Apaixonei-me pela camareira japonesa que vinha arrumar o meu apartamento. Ela é uma mulher pequenina, do tipo tímida e ao mesmo tempo muito simpática. É realmente uma pessoa de perfil diferente daquelas com as quais estamos acostumados na América. Não dez nenhum movimento para seduzir-me. Fui eu que me apaixonei e a conquistei, pois a amei profundamente. Você será capaz de me perdoar? 

        Ao terminar a leitura, a esposa experimentou um grande choque emocional. Estava divorciada e nem sequer fazia ideia! Todos os seus sonhos de mulher e toda a sua vida pareciam ruir diante de algumas palavras numa correspondência. Como aquela carta era cruel! Como pode um pedaço de papel destruir uma vida? Então ela o odiou com todas as forças da alma! Logo em seguida pegou a carta e rasgou-a, entrando em um estado de intensa deterioração afetiva.


        Transcorridos vários dias, depois de meditar, ela respondeu ao ex-marido:
    
       “Eu o amo muito! Não sei se sou capaz de lhe perdoar, mas pelo menos sou capaz de entender você. Eu gostaria de saber qual é o nome da sua nova esposa.”

         Ele, posteriormente informou que a esposa japonesa se chamava Aiko e ambos continuaram a manter uma tímida correspondência.

         Quatro meses depois ele escreveu mais uma vez e comunicou-lhe:
        
        “Quero dar-lhe uma notícia de grande importância para minha vida. Dentro de alguns meses eu serei pai! Infelizmente, em nosso longo casamento de vinte anos, Deus não nos abençoou com a alegria de ter filhos. Mas agora eu serei pai!”.

        Luísa leu a carta e sentiu um misto de amargura e de alegria. Era como se ele estivesse dizendo que a culpa por não terem tido filhos era dela. Embora essa ideia não estivesse explícita, a mensagem subliminal parecia impregnar as palavras do ex-marido.

        Quando a criança nasceu, ele enviou nova correspondência para dar a notícia:

        “Tornei-me pai de uma menina linda! E como eu amo muito você, coloquei o seu nome na minha filha. Desta forma você estará sempre próxima de mim, pois eu não consigo esquecê-la”.


       A notícia chegava à ex-esposa como um duro golpe que ela teve que assimilar. Em seguida, reuniu todas as forças para manter-se digna e gentil, enviando um presente para a menina que acabara de nascer.

        Dez meses depois, uma carta do antigo companheiro informa que todos estavam muito bem, que a menina crescia de forma saudável e que a sua esposa japonesa estava grávida novamente. Ao mesmo tempo ele enviava uma fotografia sua com a nova família.

        Transcorridos mais alguns meses, ele comunicou que a gravidez estava indo muito bem e que as expectativas em torno do parto eram as melhores possíveis. No entanto, algo de estranho acontecera. Ele estava com um problema respiratório, mas os médicos ainda não haviam definido o diagnostico da doença. Tudo que ele podia dizer é que frequentemente sentia uma dor intensa no peito e que respirava com dificuldade. Provavelmente se tratava de uma consequência do consumo prolongado de cigarros, uma vez que há muitos anos ele era tabagista.

         A criança veio à luz e o pai enviou as notícias, colocando no final da carta uma informação breve sobre o seu estado de saúde:


        “Os médicos me disseram que eu tenho um câncer de pulmão. A minha sobrevida é de apenas quatro meses no máximo...”.

        A informação produziu um grande impacto na ex-esposa, que se preparava para receber em breve mais uma dolorosa notícia.

        Mais tarde ela recebeu uma carta de Aiko, a esposa japonesa. Era um texto mal redigido, em um inglês sinuoso, repleto de incorreções gramaticais e ideias desconexas. Contudo, foi o suficiente para que ela entendesse que o marido de ambas havia desencarnado, o que a fez entrar em estado de profunda tristeza...

        Decorrido algum tempo, a viúva nipônica enviou-lhe uma correspondência revelando que passava por grandes dificuldades financeiras. A situação no Japão era terrível! E na verdade o marido não recebia um salário de enormes proporções, pois a sua função não era das mais importantes. Quando estava encarnado ele preferiu projetar uma imagem de abundância para não preocupar a ex-mulher nos Estados Unidos.


         Quando terminou de ler a carta, ela meditou demoradamente e decidiu enviar-lhe um cheque com uma importante soma em dinheiro. Afinal, as duas crianças eram filhas do homem que ela amou durante toda a vida.

        Dois anos depois, a japonesa comunicou que continuava muito difícil cuidar das crianças em meio à recessão instalada em seu país. A adaptação à nova era apresentava desafios quase insuperáveis. Por ser uma japonesa casada com um americano, a jovem mãe sofria o preconceito e a rejeição de quase todos ao seu redor. As suas filhas, mestiças, padeciam com as provocações constantes dos cidadãos americanos que residiam no Japão.


        Nessa época, os Estados Unidos estavam recebendo os familiares dos americanos que se haviam casado fora do país. Mas o Departamento de Estado era muito severo ao selecionar aqueles que seriam admitidos em solo americano. E como a japonesa não contava com nenhuma ajuda, tornava-se pouco provável a sua transferência.

        Quando a viúva americana analisou o contexto doloroso em que se encontravam a jovem mãe, tomou uma decisão corajosa e nobre. Fez uma carta muito longa e propôs à japonesa:

        “Você gostaria que eu educasse as suas duas filhas aqui na América? Elas aprenderiam o inglês e estariam em segurança comigo. Eu moro em uma casa enorme nos arredores de Boston, uma verdadeira mansão na qual elas ficariam muito bem acomodadas. Eu educaria as suas crianças como se fossem minhas próprias filhas. Eu as educaria para você, fazendo por elas tudo aquilo que estiver ao meu alcance. Sei que para uma mãe deve ser terrível separar-se de suas crianças. Não sou mãe, mas tenho uma ideia do que significa isso. Porém, se você ama as suas filhas e deseja para elas a felicidade, creio que se faz necessário alguma renúncia da sua parte, pois desta forma o futuro das meninas estaria garantido.”

        Para surpresa de Luísa, a jovem mãe aceitou a proposta e marcou a data em que as crianças viajariam. A primeira esposa tentou obter apoio governamental para que a viúva japonesa também imigrasse, mas seu esforço foi em vão.

         Finalmente chegou o dia tão esperado. A comissária de bordo encarregou-se de cuidar das meninas durante a longa viagem aérea de muitas horas, pois que possuía uma escala no território americano do Havaí.


        O texto jornalístico no qual li esta história reproduz a narração da própria viúva americana em relação ao seu encontro com as meninas. As palavras aproximadas são as seguintes:

        “Viajei de Boston a Nova York e cheguei ao aeroporto John Kennedy. Comecei a imaginar como deveria receber as duas crianças. Eu já estava com mais de quarenta anos e não possuía experiência com o mundo infantil. As meninas estavam com 3 e com quase 5 anos. Pensava em contratar uma enfermeira e uma pedagoga para me ajudar. Faria o que fosse possível. De repente eu fui chamada pelo serviço de som do aeroporto para que comparecesse ao setor de desembarque. Uma funcionaria da companhia aérea conduziu até mim as duas japonesinhas. Eram duas meninas lindas, que pareciam duas bonequinhas de porcelana de tão delicadas. Quando se aproximaram, falando somente algumas palavras em inglês, saltaram-me nos ombros e me chamaram tia-mãe. E ambas tocaram profundamente o meu coração.”

        Luísa levou as meninas para casa como se estivesse levando o marido de volta ao seu lar, procurando educá-las com carinho e dedicação. Matriculou-as em uma escola especial que acolhia crianças que não falavam o idioma inglês. E continuou mantendo correspondência com a mãe das meninas.

        Dois anos depois, as meninas estavam completamente integradas à cultura americana e se encontravam imensamente felizes. As duas já falavam corretamente o inglês, pois as crianças apresentam grande facilidade para absorver conteúdos novos, principalmente um novo idioma que estejam exercitando constantemente. No entanto, a mãe adotiva não poderia esquecer que uma criança necessita da presença da mãe biológica para ser plenamente feliz. Por isso, resolveu investir novamente na vinda de Aiko para os Estados Unidos, embora estivesse consciente da dificuldade que enfrentaria para atingir aquele objetivo. Se a japonesa fosse viúva de um saldado americano, o Departamento de Estado providenciaria a sua entrada no país sem fazer nenhum objeção. Mas como era apenas esposa de um engenheiro, o interesse das autoridades constituídas em admiti-la não era o mesmo.


         Após meditar a respeito, Luísa teve uma ideia que poderia ser a solução definitiva para contornar o obstáculo. Foi ao jornal de sua cidade e contou a história em detalhes, dando subsídios para que a jornalista publicasse uma matéria especial no periódico. A noticia teve tanta repercussão, que foi reproduzida no jornal The Washington Post, adquirindo notoriedade em todo o país. A intenção era sensibilizar a sociedade para que o governo Americano se sentisse na obrigação de intervir a favor de Aiko. O plano deu certo! Enfim, a japonesa conseguiu o direito de ir morar nos Estados Unidos.

        Alguns meses mais tarde, Luísa encontrava-se novamente no Aeroporto Kennedy. Estava esperando aquela que lhe roubara o marido. Levava as duas meninas, agora vestidas com um traje adequado à cultura americana.

        Quando o avião pousou ela fez uma reflexão, que em suas próprias palavras fica mais fácil de compreender:

        “Como será que Aiko vai me ver? Como será que eu vou vê-la? Será que restou entre nós alguma mágoa? Eu vou olhar para ela e vou pensar: O que ela tem melhor do que eu? Ela é muito pequena e certamente não tem a minha elegância. O que foi que ele viu nela? Às vezes parece que os homens são meio atormentados, pois se veem atraídos por mulheres com uma aparência física muito singular. Eles gostam das coisas diferentes somente para contrariar a opinião geral...”


         A viúva americana se deparava naquele instante com um ressentimento profundo que ela não havia percebido antes. E, quando experimentava o auge deste dilema, concluiu que a situação constrangedora era uma via de ao dupla. Pensou consigo mesma: “Ela também deve estar num grande conflito! Vem para um país estrangeiro sem falar o idioma, e vai ficar na casa da mulher que foi a primeira esposa do seu marido... Não é uma situação confortável...”

         A anfitriã não teve tempo de reflexionar muito porque a imigrante acabara de chegar ao setor de desembarque internacional. Luísa viu sair pela porta uma mulher que era muito jovem, quase uma menina, de pequena estatura. Não tinha certeza, mas deveria ser ela. Estava com um sorriso no rosto, apesar de não conseguir ocultar a tristeza estampada na face. Sentaram-se e abraçaram-se efusivamente. Aiko, que estava trêmula, chorou longamente nos braços de sua nova amiga. Naquele instante, Luísa experimentou um estranho sentimento. A jovenzinha parecia uma filha que chegava de longe para aconchegar-se ao seu coração.


         Levou-a para Boston e colocou-a no apartamento anexo à sua casa, para que tivesse independência, transferindo as meninas para o quarto ao lado daquele em que a mãe estava instalada.

         Imediatamente começou a ajudá-la de várias formas. Matriculou-a num curso de inglês e resolveu estudar japonês para facilitar a comunicação entre ambas, pois a japonesa estava muito traumatizada com a guerra e com a morte do marido.

         Algum tempo depois, a viúva americana transferiu a hospede para dentro de sua mansão.


         Aiko era muito inteligente, e logo se destacou nos estudos de matemática, ingressando oportunamente numa universidade americana onde concluiu o curso com brilhantismo, o que permitiu ter sucesso profissional em um período relativamente curto.

         Os anos se passaram... a primeira esposa estava com mais de sessenta anos de idade. As meninas estavam crescidas e chamavam-na de mãe, o que era muito compreensível, embora também chamasse Aiko pelo mesmo nome, porém, em japonês.

        Neste momento da sua vida, Luísa entendeu que era hora de definir alguns aspectos que não poderiam ser adiados. Escreveu seu testamento e deixou sua decisão nos seguinte termos:

       “Inicialmente Deus me brindou com um grande amor! E este amor, por alguma razão que desconheço, Deus resolveu subtrair do meu caminho. Mas como o Criador é muito sábio, Ele multiplicou por três aquele amor que se foi. Sou imensamente feliz, porque Deus substituiu um amor ausente por três pérolas do Oriente, que são os amores da minha vida. Portanto, todos os bens que acumulei, tanto aqueles que adquirir com meu marido quanto aqueles que conquistei posteriormente, através do meu trabalho, eu ofereço à minha filha japonesa Aiko e às minhas netinhas.”

        Menos de dois meses depois de redigir o seu testamento, a nobre senhora desencarnou. Contudo, foi um retorno feliz para a outra margem do rio da vida...

        Ao concluir a narrativa da história, na reportagem a que me referi no início, o jornalista resolve fazer uma pergunta de grande significação ao leitor: “Você amaria assim?”. É exatamente a questão que deu o título à reportagem.

        Sempre que eu conto essa linda história, em palestras e seminários pelo mundo, concluo a reflexão fazendo a mesma pergunta, deixando a cada um a tarefa de respondê-la para si mesmo. Será que o seu amor seria tão grande que pudesse dar este verdadeiro salto quântico sobre uma experiência dolorosa? Será que poderia superar com todos os méritos uma traição, um abandono, uma ingratidão, um conflito conjugal?


        Se nós afirmamos nossa plena confiança no Criador do Universo, devemos permitir que o Amor de Deus represente a linha direcional para que tenhamos uma orientação em todas as nossas transições evolutivas. E dessa forma, poderemos fazer ao outro apenas aquilo que gostaríamos que o outro nos fizesse.

        O verdadeiro amor é aquele que liberta, rompendo as algemas do egoísmo, do orgulho e do ressentimento. A libertação pelo amor, como afirma o Espírito Joanna de Ângelis, é o luminoso caminho para encontrarmos a plenitude e praticarmos a caridade. Porque a caridade é o amor no seu mais alto grau, na sua manifestação mais sublime. É um ato de caridade oferecer alimento a quem tem fome ou disponibilizar um medicamento a quem necessita de cuidados de saúde. No entanto, as atitudes de caridade moral, representadas pelo perdão, pelo sorriso generoso , pela doação de ternura e pela renuncia aos embustes do nosso ego, são as expressões mais elevadas da caridade.



Fonte: Livro Sexo e Consciência de Divaldo Franco. Organizado por Luiz Fernando Lopes.