A lei de talião, do latim lex talionis (Lex: lei e tálio, de talis:
yal, idêntico), também dita pena de talião, que consiste na rigorosa
reciprocidade do crime e da pena – apropriadamente chamada retaliação. Esta lei
é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente. Os seus
primeiros indícios de principio foram encontrados no Código de Hamurábi, em
1780 a.C., no reino da Babilônia. Na Torá ou Lei de Moisés (estima-se ter sido
escrita pelo profeta no século 13 a.C.), esta lei é expressa em trechos como
Êxodo 21:23-25; Levítico 24:20 e Deuteronômio 19:21. Assim, o criminoso é
punido de igual maneira ao dano causado ao outro. Modernamente, temos a palavra
retaliação, indicando retribuição de uma ofensa com a mesma intensidade.
A vingança inspirada no olho por olho, dente por dente, é o mais
falível instrumento de perdição da humanidade, em que cega de ódio, voltando
aos primórdios da sociedade, sem ter nenhuma evolução moral, estando enraizada
tal lei em todas as camadas da sociedade.
A história da humanidade é marcada com este nível moral baixo em que há
crueldades, vinganças, guerras, circo romano, escravidão, inquisição,
terrorismo. Isto em pleno século 21 d.C., as pessoas ainda tendem a vivenciar
os seus instintos animalescos. Demonstrando quão atrasados no progresso moral
estão, estas ações animalescas são o que
levam as pessoas a cometerem atos graves, sem sentido, sem noção em razão de
outra violência, muitas vezes pior ao cometido.
O Espiritismo busca os ensinos de Mestre Jesus em sua essência moral.
Na questão 764 de O Livro dos Espíritos, este assunto é comentado e explicado:
Pergunta: Jesus disse: Quem matou pela espada, perecerá
pela espada. Essas palavras não são a consagração da pena de talião? A morte
infligida ao homicida não é a aplicação dessa pena?
Resposta: Tomai cuidado! Tendes vos enganado sobre
essas palavras, como sobre muitas outras. A pena de talião é a justiça de Deus
e é Ele que a aplica. Todos vós suportais, a cada instante, essa pena, porque
sois punidos pelo que pecastes, nesta vida ou em outra vida. Aquele que fez
sofrer seus semelhantes, estará numa posição em que sofrerá, ele mesmo, o
sofrimento que causou. É o sentido das palavras de Jesus; mas vos disse também:
Perdoai aos vossos inimigos e vos ensinou a pedir a Deus perdoar as vossas
ofensas, como vós mesmos tiverdes perdoado; quer dizer, na mesma proporção que
tiverdes perdoado: compreendei-o bem.
Assim, por meio desta questão de O Livro dos Espíritos, entendemos que
estas palavras de Jesus: “Quem matou pela espada, perecerá pela espada.” Não é
referente a lei de talião, mas sim referente a lei de causa e efeito, ação e
reação. Em que é aplicada pela Lei Divina Universal. Em que pagamos nesta vida
pelos erros cometidos nesta existência, e de outras existências, ou em uma
próxima vida temos que liquidar as nossas dividas, e estas dividas são liquidas
pela justa lei de causa e efeito, que é infinitamente justa. “Aquele que fez
sofrer seus semelhantes, estará numa posição em que sofrerá, ele mesmo, o
sofrimento que causou.” No livro “A Gênese” de Allan Kardec, no capitulo 1 -
item 23, encontramos que: “A parte mais importante da revelação do Cristo, no
sentido de fonte primária, de pedra angular de toda a sua doutrina é o ponto de
vista inteiramente novo sob que considera Ele a Divindade.
(...)
Já não é o
Deus que faz da vingança uma virtude e ordena se retribua olho por olho, dente
por dente; mas, o Deus de misericórdia, que diz: ‘Perdoai as ofensas, se
quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não
quereis vos façam.’”
Jesus apresentou a evolução da Lei de Moisés em tantos pontos, como
neste ensino, em Mateus 05:38-45:
“Vocês
ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’. Mas eu lhes digo:
Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também
a outra.
E se alguém
quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa.
Se alguém o
forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas.
Dê a quem
lhe pede, e não volte as costas aquele que deseja pedir-lhe algo emprestado.
Vocês
ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo.’
Mas eu lhes
digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês
venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque Ele faz raiar o seu
sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.”
Ou seja, não devemos fazer justiça com nossas próprias mãos. Nós não
estamos em um nível para sermos aptos a fazer justiça, a justiça que conhecemos
e que entendemos é injusta, defeituosa, isto porque somos seres ainda em inicio
de evolução, não tendo parâmetros do que é a justiça verdadeiramente. O que
sabemos de justiça? Por isso a existência da Lei de Causa e Efeito. Deus acolhe a todos e dar as mesmas
oportunidades a todos, assim como a mesma justiça a todos.
O meio para o avanço moral da
humanidade, é a sociedade se voltar para o amor, para o bem, independente de
religião, pois os ensinos do Evangelho, está por todo o planeta, só que com
entendimento diferente, mas que as correntes religiosas carregam as mesmas
ideia, porque todos os povos, raças foram visitadas pelos mensageiros de Jesus.
Nos livros sagrados dos diferente povos, estão contidos lições de amor e de perdão. Assim, todos tem
o meio de trabalhar para o seu melhoramento espiritual, avançando
moralmente. Ninguém tem o direito de
fazer justiça com as próprias mãos. Somente o perdão é capaz de tornar a
humanidade iluminada.
Quando
alguém ofender-nos, ou nos fizer injustiça, ou maldade... O que devemos fazer é
superar esta negatividade com pensamentos caridoso, de amor, pois que o
ofensor é um indivíduo que precisa de
ajuda, de esclarecimento. Se prejudicarmos alguém e continuar neste erro, sem exercer
os ensinos de Jesus, sem trabalharmos nossa consciência e o perdão, o que irá
acontecer é que iremos enfrentar sofrimento similar apresentado pela vida, com
a finalidade de despertarmos. É a ação e a reação.