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terça-feira, 16 de maio de 2023

DEIXAI AOS MORTOS O CUIDADO DE ENTERRAR SEUS MORTOS

Ele disse a um outro: segui-me, e ele lhe respondeu: Senhor, permiti-me ir antes enterrar meu pai. Jesus lhe respondeu: deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos, mas por vós ide anunciar o reino de Deus. (São Lucas, cap. IX, v 59,60)



Nos ensinos de Jesus não devemos nos apegar a letra; lembremos de Paulo quando escreveu aos Coríntios: “porque a letra mata e o espírito vivifica.” (2 Coríntios 3:6). O sentido espiritual é o enfoque dos ensinos de Mestre Jesus; nos possibilitando conclusões com lógica. Pois, se observarmos apenas a letra, chegaremos em conclusões equivocadas e sem o sentido real do ensinamento.

Assim quando Jesus instruiu: “deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos”, Ele se referiu aos indivíduos “Mortos de Espírito”, os mortos espirituais, que são os que ainda não despertaram para a conscientização espiritual, sendo ainda prisioneiros das ilusões do mundo material, que vive pela matéria, é um ensinamento para chamar a atenção para as coisas espirituais.

No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIII. Itens 7 e 8, Allan Kardec nos explica:            

            Que podem significar estas palavras: “Deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos?” As considerações precedentes mostram primeiro que, na circunstância em que foram pronunciadas, não poderiam exprimir uma censura contra aquele que considera um dever de piedade filial ir enterrar seu pai; elas encerram, porém, um sentido profundo, que só um conhecimento mais completo da vida espiritual poderia fazer compreender.
           A vida espiritual, com efeito, é a verdadeira vida; é a vida normal do espírito; sua existência terrestre não é senão transitória e passageira; é uma espécie de morte comparada ao esplendor e à atividade da vida espiritual. O corpo não é senão uma veste grosseira que reveste momentaneamente o espírito, verdadeira cadeia que o prende à gleba da Terra, e da qual se sente feliz de estar livre. O respeito que se tem pelos mortos não se prende à matéria, mas, pela lembrança, ao espírito ausente; é análogo àquele que se tem pelos objetos que lhe pertenceram, que tocou, e que aqueles que o amam guardam como relíquia. É o que esse homem não poderia compreender por si mesmo; Jesus lho ensina, dizendo: Não vos inquieteis com o corpo, mas pensai antes no espírito; ide ensinar o reino de Deus; ide dizer aos homens que sua pátria não está na Terra, mas no céu,porque lá somente está a verdadeira vida.

E o Espírito Emmanuel na mensagem Acorda e Ajuda, do Livro Fonte Viva, psicografia de Chico Xavier, nos esclarece:

Jesus não recomendou ao aprendiz deixasse aos cadáveres o cuidado de enterrar os cadáveres e sim conferisse “aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos.”
             Há, em verdade, grande diferença.
             O cadáver é carne sem vida, enquanto quem um morto é alguém que se ausenta da vida.
         Há muita gente que perambula nas sombras da morte sem morrer.
         Trânsfugas da evolução, cerram-se entre as paredes da própria mente, cristalizados no egoísmo ou na vaidade, negando-se a partilhar a experiência comum.
         Mergulham-se em sepulcros de ouro, de vício, de amargura e ilusão.
         Se vitimados pela tentação da riqueza, moram em túmulos de cifrões, se derrotados pelos hábitos perniciosos, encarceram-se em grades de sombra; se prostrados pelo desalento, dormem no pranto da bancarrota moral, e, se atormentados pelas mentiras com que envolvem a si mesmos, residem sob as lápides, dificilmente permeáveis, dos enganos fatais.

Na mesma mensagem, Emmanuel ainda nos orienta segundo esse ensino de Jesus:
            Aprende a participar da luta coletiva.
            Sai, cada dia, de ti mesmo, e busca sentir a dor do vizinho, a necessidade do próximo, as angustias de teu irmão e ajuda quanto possas.
            Não te galvanizes na esfera do próprio “eu”.
            Desperta e vive com todos, por todos e para todos, porque ninguém respira tão somente para si.
            Em qualquer parte do Universo, somos usufrutuários do esforço e do sacrifício de milhões de existências.
             Cedamos algo de nós mesmos, em favor dos outros, pelo muito que os outros fazem por nós.
             Recordemos, desse modo, o ensinamento do Cristo.
             Se encontrares algum cadáver, dá-lhe a bênção da sepultura, na relação das tuas obras de caridade mas, em se tratando da jornada espiritual. Deixa sempre “os mortos o cuidado de enterrar os seus mortos.”
           

Jesus falava uma frase, mas interpretando se torna sempre um grande texto em todos os sentido! Cristo ontem, Cristo hoje, Cristo Sempre!


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