Ele disse a um outro: segui-me, e ele
lhe respondeu: Senhor, permiti-me ir antes enterrar meu pai. Jesus lhe
respondeu: deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos, mas por vós ide
anunciar o reino de Deus. (São Lucas, cap. IX, v 59,60)
Nos
ensinos de Jesus não devemos nos apegar a letra; lembremos de Paulo quando
escreveu aos Coríntios: “porque a letra mata e o espírito vivifica.” (2
Coríntios 3:6). O sentido espiritual é o enfoque dos ensinos de Mestre
Jesus; nos possibilitando conclusões com lógica. Pois, se observarmos apenas a
letra, chegaremos em conclusões equivocadas e sem o sentido real do
ensinamento.
Assim
quando Jesus instruiu: “deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos”,
Ele se referiu aos indivíduos “Mortos de Espírito”, os mortos espirituais, que
são os que ainda não despertaram para a conscientização espiritual, sendo ainda
prisioneiros das ilusões do mundo material, que vive pela matéria, é um
ensinamento para chamar a atenção para as coisas espirituais.
No
livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIII. Itens 7 e 8, Allan Kardec
nos explica:
Que podem significar estas palavras:
“Deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos?” As considerações
precedentes mostram primeiro que, na circunstância em que foram pronunciadas,
não poderiam exprimir uma censura contra aquele que considera um dever de
piedade filial ir enterrar seu pai; elas encerram, porém, um sentido profundo,
que só um conhecimento mais completo da vida espiritual poderia fazer
compreender.
A vida espiritual, com efeito,
é a verdadeira vida; é a vida normal do espírito; sua existência terrestre não
é senão transitória e passageira; é uma espécie de morte comparada ao esplendor
e à atividade da vida espiritual. O corpo não é senão uma veste grosseira que
reveste momentaneamente o espírito, verdadeira cadeia que o prende à gleba da
Terra, e da qual se sente feliz de estar livre. O respeito que se tem pelos mortos
não se prende à matéria, mas, pela lembrança, ao espírito ausente; é análogo
àquele que se tem pelos objetos que lhe pertenceram, que tocou, e que aqueles
que o amam guardam como relíquia. É o que esse homem não poderia compreender
por si mesmo; Jesus lho ensina, dizendo: Não vos inquieteis com o corpo, mas
pensai antes no espírito; ide ensinar o reino de Deus; ide dizer aos homens que
sua pátria não está na Terra, mas no céu,porque lá somente está a verdadeira
vida.
E
o Espírito Emmanuel na mensagem Acorda e Ajuda, do Livro Fonte Viva,
psicografia de Chico Xavier, nos esclarece:
Jesus
não recomendou ao aprendiz deixasse aos cadáveres o cuidado de enterrar os
cadáveres e sim conferisse “aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos.”
Há, em verdade, grande
diferença.
O cadáver é carne sem vida,
enquanto quem um morto é alguém que se ausenta da vida.
Há muita gente que perambula nas
sombras da morte sem morrer.
Trânsfugas da evolução,
cerram-se entre as paredes da própria mente, cristalizados no egoísmo ou na
vaidade, negando-se a partilhar a experiência comum.
Mergulham-se em sepulcros de
ouro, de vício, de amargura e ilusão.
Se vitimados pela tentação da
riqueza, moram em túmulos de cifrões, se derrotados pelos hábitos perniciosos,
encarceram-se em grades de sombra; se prostrados pelo desalento, dormem no
pranto da bancarrota moral, e, se atormentados pelas mentiras com que envolvem
a si mesmos, residem sob as lápides, dificilmente permeáveis, dos enganos
fatais.
Na
mesma mensagem, Emmanuel ainda nos orienta segundo esse ensino de Jesus:
Aprende a participar da luta
coletiva.
Sai, cada dia, de ti mesmo, e
busca sentir a dor do vizinho, a necessidade do próximo, as angustias de teu
irmão e ajuda quanto possas.
Não te galvanizes na esfera
do próprio “eu”.
Desperta e vive com todos,
por todos e para todos, porque ninguém respira tão somente para si.
Em qualquer parte do Universo,
somos usufrutuários do esforço e do sacrifício de milhões de existências.
Cedamos algo de nós mesmos,
em favor dos outros, pelo muito que os outros fazem por nós.
Recordemos, desse modo, o
ensinamento do Cristo.
Se encontrares algum
cadáver, dá-lhe a bênção da sepultura, na relação das tuas obras de caridade
mas, em se tratando da jornada espiritual. Deixa sempre “os mortos o cuidado de
enterrar os seus mortos.”
Jesus
falava uma frase, mas interpretando se torna sempre um grande texto em todos os
sentido! Cristo ontem, Cristo hoje, Cristo Sempre!
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