Precisamos considerar que a mente permanece na base de todos os
fenômenos mediúnicos.
Não ignoramos que o universo, a estender-se no infinito, por milhões e
milhões de sóis, é a exteriorização do pensamento divino, de cuja essência
partilhamos, em nossa condição de raios conscientes da eterna Sabedoria, dentro
do limite de nossa evolução espiritual.
Da superestrutura dos astros à infraestrutura subatômica, tudo está
mergulhado na substância viva da mente de Deus, como os peixes e as plantas da
água estão contidos no oceano imenso.
Filhos do Criador, dele herdamos a faculdade de criar e desenvolver,
nutrir e transformar.
Naturalmente circunscritos nas dimensões conceptuais em que nos
encontramos, embora na insignificância de nossa posição comparada à glória dos
Espíritos que já atingiram a angelitude, podemos arrojar de nós a energia
atuante do próprio pensamento, estabelecendo, em torno de nossa
individualidade, o ambiente psíquico que nos é particular.
Cada mundo possui o campo de tensão eletromagnética que lhe é próprio,
o teor de forças gravítica em que se equilibra, e cada alma se envolve no
círculo de forças vivas que lhe transpiram do ‘hálito’ mental, na esfera de
criaturas a que se imana, em obediência às suas necessidades de ajuste ou
crescimento para a imortalidade.
Cada planeta revoluciona na órbita que lhe é assinalada pelas leis do
equilíbrio, sem ultrapassar as linhas de gravitação que lhe dizem respeito, e
cada consciência evolve no grupo espiritual a cuja movimentação se subordina.
Somos, pois, vastíssimo conjunto de inteligência, sintonizadas no mesmo
padrão vibratório de percepção, integrando um todo, constituído de alguns
bilhões de seres, que formam por assim dizer a humanidade terrestre.
Compondo, assim, apenas humilde família, no infinito concerto da vida
cósmica, em que cada mundo guarda somente determinada família da humanidade
universal, conhecemos, por enquanto, simplesmente as expressões de vida que nos
fala mais de perto, limitados ao degrau de conhecimento que já escalamos.
Dependendo dos nossos semelhantes, em nossa trajetória para a vanguarda
evolutiva, à maneira de mundos que se deslocam no espaço, influenciados pelos
astros que os cercam, agimos e reagimos uns sobre os outros, por intermédio da
energia mental em que nos renovamos constantemente, criando, alimentando e
destruindo formas e situações, paisagens e coisas, na estruturação dos nossos
destinos.
Nossa mente é, dessarte, um núcleo de forças inteligentes gerando
plasma sutil que, a exteriorizar-se incessantemente de nós, oferece recursos de
objetividade às figuras de nossa imaginação, sob o comando de nossos próprios
desígnios.
A ideia é um
‘ser’ organizado por nosso Espírito, a que o pensamento dá forma e ao qual a
vontade imprime movimento e direção.
Do conjunto de nossas ideias resulta a nossa própria existência.
Segundo é fácil de concluir, todos os seres vivos respiram na onda de
psiquismo dinâmico que lhes é peculiar, dentro das dimensões que lhes são
características ou na frequência que lhes é própria. Esse psiquismo independe
dos centros nervosos, uma vez que, fluindo da mente, é ele que condiciona todos
os fenômenos da vida orgânica em si mesma.
Examinando, pois, os valores anímicos como faculdades de comunicação
entre os espíritos, qualquer que seja o plano em que se encontrem, não podemos
perder de vista o mundo mental do agente e do recipiente, porquanto, em
qualquer posição mediúnica, a inteligência receptiva está sujeita às
possibilidades e à coloração dos pensamentos em que vive, e a inteligência
emissora jaz submetida aos limites e às interpretações dos pensamentos que é
capaz de produzir.
(...)
É da Lei que nossas maiores alegrias sejam recolhidas ao contato
daqueles que, compreendendo-nos, permitam conosco valores mentais de qualidade
idênticas aos nossos, assim como as arvores oferecem maior coeficiente de
produção se colocadas entre as companheiras da mesma espécie, com as quais
trocam seus princípios germinativos.
Em mediunidade, portanto, não podemos olvidar o problema da sintonia.
Atraímos os espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por
eles atraídos; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o
que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá.
Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas,
quaisquer que sejam os característicos em que se expressem, é imprescindível
enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os
únicos que nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós das esferas mais
altas, por meio dos gênios da sabedoria e do amor que supervisionam nossas
experiências.
Procederam acertadamente aqueles que compararam nosso mundo mental a
um
espelho.
Refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direção dos
outros as imagens que criamos.
E, como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente
retrataremos a claridade e a beleza se instalarmos a beleza e a claridade no
espelho de nossa vida íntima.
Os reflexos mentais, segundo a sua natureza, favorecem-nos a estagnação
ou nos impulsionam a jornada para a frente, porque cada criatura humana vive no
céu ou no inferno que edificou para si mesma, nas reentrâncias do coração e da
consciência, independentemente do corpo físico, porque, observando a vida em
sua essência de eternidade gloriosa, a morte vale apenas como transição entre
dois tipos da mesma experiência, no ‘hoje imperecível’.
Vemos a mediunidade em todos os tempos e em todos os lugares da massa
humana.
Missões santificantes e guerras destruidoras, tarefas nobres e
obsessões pérfidas guardam origem nos reflexos da mente individual ou coletiva,
combinados com as forças sublimadas ou degradantes dos pensamentos de que se
nutrem.
Saibamos, assim, cultivar a educação, aprimorando-nos cada dia.
Médiuns somos todos nós, nas linhas de atividade em que nos situamos.
A força psíquica, nesse ou naquele teor de expressão, é peculiar a
todos s seres, mas não existe aperfeiçoamento mediúnico sem acrisolamento da
individualidade.
É contraproducente intensificar a movimentação da energia sem
disciplinar-lhe os impulsos.
É perigoso possuir sem saber usar.
O espelho sepultado na lama não reflete o esplendor do sol.
O lago agitado não retrata a imagem da estrela que jaz no
infinito.
Elevemos nosso padrão de conhecimento pelo estudo bem conduzido e
apuremos a qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das virtudes
superiores, se nos propomos recolher a mensagem das grandes almas.
Mediunidade não basta só por si.
É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para
conhecer da qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção.
Aparelhos mediúnicos valiosos naturalmente não se improvisam. Como
todas as edificações preciosas, reclamam esforço, sacrifício, coragem, tempo...
E, sem amor e devotamento, não será possível a criação de grupos e instrumentos
louváveis nas tarefas de intercambio.
Fonte: Livro Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz.
Psicografia de Chico Xavier. Cap.: 1 e 9.