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quarta-feira, 4 de abril de 2018

OS QUE DORMEM NO PLANO ESPIRITUAL


         No livro Os Mensageiros, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Chico Xavier. André Luiz nos conta que em um Posto de Socorro, ligado a Colônia Espiritual Campo da Paz. Há um pavilhão abrigando vários espíritos adormecidos. André nos narra que a impressão que ele teve era de ter penetrado em um cemitério escuro, onde os visitantes fossem obrigados a guardar todo o respeito aos mortos.


        Com estranheza, André Luiz notou que um dos servidores do posto de socorro entregou ao chefe do Posto, Chamado Alfredo, uma pequena maquina, que explicou da seguinte forma para que servia: “Este é o nosso aparelho de sinalização luminosa. Estamos no centro dos pavilhões a que se recolhem irmãos ainda adormecidos. Temos aqui, presentemente, quase dois mil.”

        Os numerosos cooperadores dirigiam-se em ordem para a zona de serviços que lhes competiam.

        Ao primeiro sinal luminoso de Alfredo, o chefe do Posto de Socorro, acenderam-se numerosas lâmpadas elétricas e, então, André Luiz  dominado a custo, a impressão de horror em que teve de extensas filas de leitos aos rés do chão, ocupados todos por pessoas mergulhadas em profundo sono. Muitos tinham o semblante horrendo. Eram muitos poucos os que traziam as pálpebras cerradas, parecendo tranquilos. Em quase todos, estampavam-se-lhes nos olhos, aparentemente vitrificados, o extremo pavor e o doloroso desespero da morte. Cadavérica palidez cobria-lhes a face. Raríssimos pareciam dormir em sono natural.

        André Luiz profundamente tocado pelo o que via, inclinou-se instintivamente para o indivíduo mais próximo, tentando examinar o estado fisiológico do adormecido. André identificou o calor orgânico, a pulsação regular e os movimentos respiratórios, embora verificasse a extrema rigidez dos membros, como que mergulhados em imobilidade cataléptica. André levantou-se assustado, dirigindo-se a Aniceto, o seu instrutor, perguntou-lhe:
       - Explicai-me, por Deus! Que vemos aqui? Estamos, acaso na moradia da morte, depois da morte?
Aniceto respondeu:
       - Sim, André, este sono é, verdadeiramente, avançada imagem da morte. Aqui permanecem, com a bênção do abrigo, alguns milhões dos nossos irmãos que ainda dormem. São as criaturas que nunca se entregaram ao bem ativo e renovador, em torno de si, e mormente os que acreditam convictamente na morte como o nada, o fim de tudo, o sono eterno. A crença na vida superior é atividade incessante da alma. A ferrugem ataca a enxada ociosa. O entorpecimento invade o espírito vazio de ideal criador. Os que, nos círculos carnais, homens e mulheres, creem na vida eterna, ainda que não sejam fundamentalmente cristãos, estão desenvolvendo faculdades de movimentação espiritual e podem penetrar as esferas extraterrenas em estado animador, pelo menos quanto à locomoção e juízo mais ou menos exato. No entanto, as criaturas que perseveram em negação deliberada e absoluta, não obstante , por vezes, filiadas a cultos externos de atividade religiosa, que nada veem além da carne nem desejam qualquer conhecimento espiritual, são verdadeiramente infelizes. (...) Temos a certeza, porém, de que muitos se negaram ao contato da fé, absolutamente por indiferença criminosa aos desígnios do eterno Pai. Dormem, porque estão magnetizados pelas próprias concepções negativistas; permanecem paralíticos, porque preferiram a rigidez ao entendimento; mas dia virá em que deverão levantar-se e pagar os débitos contraídos. Eis por que os considero sofredores. Primeiramente, demoram no sono em que acreditaram; mais tarde, acordam; porém a maioria não pode fugir à enfermidade e à perturbação.
A fé sincera é ginástica do Espírito. Quem não a exercitar de algum modo, na Terra, preferindo deliberadamente a negação injustificável, encontrar-se-á mais tarde sem movimento. Semelhantes criaturas necessitam de sono, de profundo repouso, até que despertem para o exame das responsabilidades que a vida traduz.

          A luz artificial iluminava os leitos, que se perdiam de vista, mas observei que
nenhum dos albergados reagia à intensa claridade que se fizera. Continuavam rígidos, cadavéricos, prostrados.

         Alfredo, o chefe do Posto de Socorro, começou a mover o aparelho de sinalização, para emitir as ordens de serviço. Cada sinal determinava operação diferente.

        Os servidores do Posto distribuíram pequenas porções de alimento liquido e medicação bucal, em profundo silêncio. Em seguida, forneceram reduzidas quantidades de água efluviada (água fluidificada) ao infelizes, com exceção, porém, de muitos que pareciam preparados a receber, tão somente, caldo e remédio. Dois terços dos quatrocentos abrigados em tratamento receberam passes magnéticos. Alguns poucos receberam aplicação do sopro curador.

        Todos os movimentos do trabalho eram transmitidos pela sinalização luminosa, partida das mãos do administrador, que parecia interessado na manutenção do máximo silêncio. A razão de alguns enfermos não terem sido beneficiados com a água e com o socorro de forças novas, por meio do passe e do sopro vivificante, é que segundo Aniceto (instrutor de André Luiz): “Cada um na vida, tem a necessidade que lhe é peculiar. Aqui, compreendemos com amplitude esse imperativo da Natureza.


       Todos os que dormem nestes pavilhões permanecem dentro do mau sono. Quem dorme em desequilíbrio entrega-se a pesadelos. Todos estes irmãos desventurados, aparentemente mortos, são presas de horríveis visões intimas. Cada um dos adormecidos em sono atormentado vivem estranhos pesadelos, de que não podem isentar-se de um instante para outro. É um sono doloroso e infeliz, em que não traduz repouso do pensamento. Anestesiados pela negação espiritual a que se entregaram no mundo. Quase todos vítimas de terríveis pesadelos, por terem olvidado, no mundo material, os mandamentos de amor e sabedoria. Sob a imobilidade aparente, movimenta-se-lhe o espírito, entre aflições angustiosas que, por vezes, não podemos sondar.

       Nestes pavilhões, tinha cerca de 1.980 abrigados que dormem. Todos receberam diariamente alimento e medicação comuns, mas só quatrocentos são atendidos com alimento e medicação especializados, por se mostrarem mais suscetíveis de justa melhora. Desses quatrocentos, apenas dois terços se revelaram aptos à recepção de passes magnéticos. Muitos não podiam receber naquele momento a água efluviada. E poucos foram contemplados com o sopro curativo.

       E razão destas circunstancias, Aniceto falou para André Luiz que: “Façamos todo o bem, sem qualquer ansiedade. Semeemo-lo sempre e em toda a parte, mas não estacionemos na exigência de resoltados. O lavrador pode espalhar as sementes à vontade e onde quer que esteja, mas precisa reconhecer que a germinação, o crescimento e o resultado pertencem a Deus.”


Fonte: livro Os Mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. Psicografia de Chico Xavier. Capítulos 22 a 25.


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