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segunda-feira, 23 de maio de 2022

EROTIZAÇÃO PRECOCE E O PAPEL DOS PAIS

O texto abaixo é do livro: Sexo e Consciência. Divaldo Franco, organizado por Luiz Fernando Lopez.

    O programa educativo estabelecido para um indivíduo na escola ou no lar deve contemplar as questões da sexualidade, para que esteja integrada em um planejamento mais amplo, em vez de ser enquadrada em uma proposta pedagógica à parte. A educação integral deve garantir que o estudo da sexualidade acompanhe todos os outros aspectos do desenvolvimento do ser.

    O papel primordial na educação sexual dos filhos pertence à família. Ninguém transfira essa tarefa para a escola!

     Por isso, deveremos estar atentos às influências que alcançam o nosso filho.

    Muitos pais dizem aos seus filhos: “Quando se está com a boca cheia de comida, à mesa, não se conversa. A mesa é um lugar para se alimentar, não para debates!”. Este é um dever que lhe compete. Mas se todas as boas posturas devem ser ensinadas, também ensinaremos a boa conduta sexual, evitando que os filhos se tornem pessoas hipócritas ou psicologicamente castradas, dois comportamentos extremos que são reconhecidamente prejudiciais.

    Como o impulso sexual é inevitável, um jovem que permaneça sem orientação alguma vai exercer o sexo, ainda que ele conheça ou não os seus mecanismos. Se, durante a vigília, que é a vida consciente, ele não realizar as suas aspirações, nos estados oníricos irá vivenciar seus desejos e terá poluções noturnas, já que a sua mente está cheia de imagens desta e de outras encarnações.

    Desde que o inconsciente tem predominância em nosso comportamento, durante o sono e nos sonhos a sua manifestação é ainda mais acentuada, uma vez que nesse estado há um desbloqueio de toda censura que nos impomos para manter as convenções sociais. No nosso estágio atual de evolução quase tudo que fazemos é regido pelo inconsciente.

    Nesse sentido, eu recomendaria aos pais não anteciparem informações que não forem solicitadas pela criança. Esperem o educando perguntar, mostrem-se aptos a dialogar a respeito de qualquer tema no âmbito da sexualidade. É a proposta do filósofo grego Sócrates, que se procurava utilizar dos conteúdos trazidos pelos educandos para trabalhar os assuntos do seu interesse. Aliás, a palavra latina educare significa mover de dentro para fora. A função do educador é despertar o interesse do educando para que ele formule suas próprias interrogações e busque o conhecimento por si mesmo. Quando Sócrates saía a caminhar pelas ruas de Atenas, na Grécia Antiga, sempre que era interrogado pelos alunos, aproveitava o conhecimento que os educandos detinham para falar sobre os assuntos solicitados, sempre estimulando os jovens a descobrirem as suas respostas. Este método pedagógico é denominado maiêutica, que significava parto.

    O cuidado em não antecipar informações sobre sexo e sexualidade reveste-se de importância que muitos pais e educadores desconhecem. Quando apresentamos esclarecimentos de forma precipitada estamos auxiliando a introjeção de ideias para as quais o psiquismo da criança ainda não amadureceu. No momento em que esses conceitos começam a fazer sentido para o educando ele próprio se encarrega de questionar.

    Evitemos ser coadjuvantes no seu despertamento antecipado para os temas da sexualidade. Enquanto a criança não estiver perguntando sobre esses assuntos, ainda é ingênua. Deixemos que experimente a ingenuidade que é inerente à sua faixa etária, respeitando o seu ciclo de maturação psicológica, do contrário poderemos contribuir com o surgimento da malícia e da erotização precoce, que a criança ainda não construiu no seu psiquismo. O que existe nela não é malícia, mas curiosidade. A malícia encontra-se alojada na mente do adulto, que ao olhar qualquer cena mais insinuante do dia a dia dá-lhe uma conotação sexual à imagem visualizada. Ao contrário disso, a criança registra tudo com naturalidade e vai procurar satisfazer a sua curiosidade em torno do que viu ou escutou, embora os meios de comunicação tenham contribuído, a partir dos referidos anos 1960, para que a inocência infantil sofresse interferências negativas.

    Acompanho na mídia alguns pretensos sexólogos que se aventuram a ensinar sobre sexo e deturpam o significado profundo desta experiência humana tão enriquecedora. Em vez de orientarem para a educação, orientam para a liberação, não estimulando o jovem a refletir sobre os seus valores e sobre os vínculos afetivos.

    É importante que saibamos que essa erotização precoce não produz apenas efeitos psicológicos perturbadores, mas também pode desencadear consequências fisiológicas. Refiro-me à puberdade precoce.

    Joanna de Ângelis me informou que a puberdade precoce é um fenômeno que se vem tornando cada vez mais frequente. Nos climas tropicais, por exemplo, a maturação sexual ocorre mais rapidamente. Por outro lado, os meios de comunicação veiculam informações sobre sexo que estimulam o psiquismo infantil e provocam o amadurecimento psicológico antes do fisiológico. Como consequência, a mente influencia o corpo e o modifica, fazendo o organismo apresentar características não compatíveis com a idade real da criança.

    Quando ligamos a televisão podemos encontrar em determinados canais programas de sexo explícito a qualquer hora do dia. Isso provoca na criança uma expressão de desejo que não está de acordo com a fase de desenvolvimento biológico em que se encontra. As suas energias mentais são mobilizadas e surgem necessidades precoces, que uma atitude educativa cuidadosa pode prevenir ou corrigir, evitando o surgimento da puberdade precoce.

    Quando os pais receberem as primeiras solicitações de esclarecimento, deverão atentar para o fato de que agora o filho iniciou um processo de busca que será ininterrupto. Com isso, os familiares poderão apresentar informações gerais sobre desenvolvimento, puberdade, adolescência e sexualidade, para que a filha não seja surpreendida pela ovulação e a irrupção da menarca, a primeira menstruação, e para que o filho não se espante com o fenômeno da ejaculação, situações que a qualquer momento poderão tornar-se parte das suas vidas.

    Dessa forma, o conhecimento em torno do seu próprio corpo e das próprias reações emocionais evitará que haja traumas no trânsito da infância para a adolescência, ocasião em que o medo e a vergonha podem fazer o jovem ocultar esses fenômenos fisiológicos. O adolescente deverá entender que seu corpo vai aos poucos respondendo aos estímulos sexuais, deflagrando sensações completamente novas para ele.

    Por isso, se os pais imprimem naturalidade ao trabalhar esses conceitos com a criança, o educando terá segurança para formular outras perguntas e para desenvolver a vida sexual saudável.

  A partir daí, vários aspectos relativos à sexualidade deverão ser explicados em caráter preventivo, antes mesmo que o adolescente os solicite.

   Deveremos acompanhar nossos filhos quando eles estiverem na televisão ou no computador para sabermos quais são os seus programas prediletos.

    Não vamos permitir que a ignorância, o supremo desconhecimento sobre o corpo e o sexo, contribua para que nosso filho se envolva em situações amargas.

    Às vezes, eu acompanho um pouco dos programas de televisão para aprender o que não se deve ensinar. E as apresentadoras desses programas, com raríssimas exceções, são selecionadas para essa função somente porque possuem uma aparência erótica e extravagante. Infelizmente, quase todas são destituídas de boa formação moral, cultural e educacional. Bem se vê que uma apresentadora com essas características também não revela qualquer habilidade pedagógica ou de manejo com o público infantil, embora fosse o ideal, pois ela está trabalhando com crianças.

    É de estarrecer que a primeira pergunta que fazem a uma criança que participa de um programa como esse é a seguinte: “E onde está o seu namoradinho?”. É uma pergunta embaraçosa para a mente infantil, pelo fato de que uma criança de cinco ou seis anos de idade não sabe a diferença entre um namorado e aquele amiguinho com quem costuma brincar. Então a apresentadora vai enxertar na mente daquele pequeno ser um conceito que só deveria fazer parte da sua experiência existencial bem mais tarde, quando atingisse a adolescência.

    São as grandes “educadoras” da mídia de diversos países, a quem as mães confiam os seus filhos, porque estão sempre muito ocupadas para dar-lhes atenção.

    Uma criança que foi intensamente estimulada desde cedo chega aos nove, dez ou onze anos ansiosa por vivenciar aquilo que lhe foi incutido na mente. E, na primeira oportunidade em que estiver com alguém, vai realizar a experiência sexual para satisfazer a qualquer preço a sua curiosidade. Como essa criança (ou pré-adolescente) ainda não conhece o próprio corpo e não sabe utilizar os seus equipamentos emocionais, a experiência torna-se uma grande frustração porque não consegue detectar as sensações que envolvem o ato sexual. E necessário que o organismo alcance a fase na qual os hormônios preparam o corpo do indivíduo para uma relação íntima.

    As consequências desse desastroso processo de deseducação sexual podem ser facilmente visualizadas. De uma menina precocemente estimulada, teremos uma adolescente sexualmente frustrada, que estará mudando constantemente de parceiro, procurando em cada um deles a fantasia infantil que não viveu. O mesmo acontecerá em relação aos meninos precocemente estimulados que atingem a adolescência. Eles tentarão encontrar a realização masculina a partir da sua fantasia infantil do que é ser um homem.

    Não se pode estabelecer uma idade fixa e definida para começar a namorar. Todavia, é importante que os pais e educadores respeitem o ritmo do indivíduo em formação, além da necessidade que tem este indivíduo de respeitar o seu tempo e os seus limites.

    Outra questão frequente são as doenças infectocontagiosas que podem ser contraídas através do contato sexual. Deveremos orientar os nossos filhos para o risco que elas representam, esclarecendo sobre o uso do preservativo, embora este não deva ser o foco da nossa orientação. Precisamos infundir-lhes a ideia de que o melhor mecanismo de prevenção é ter uma vida sexual saudável. Se nos concentrarmos em falar somente sobre o preservativo, estaremos liberando o nosso filho para que ele se entregue a aventuras sexuais, o que equivale a dizer que estaremos induzindo-o a uma forma de prostituição. Esta conduta dos pais corresponde a um aplauso diante do desejo do filho de se utilizar de alguém a quem pretende viciar para descartar depois, uma prática que pode desencadear danos psicológicos, às vezes, irreparáveis.

    É evidente que muitas vezes os educandos não seguirão as nossas diretrizes. A nossa tarefa, no entanto, é demonstrar que o sexo é um complemento para o amor, em vez de ser a razão principal para duas pessoas se buscarem na intimidade. E se os filhos insistirem em ignorar as nossas sugestões para um comportamento de educação afetiva, resolvendo-se por ter experiências sexuais variadas e descomprometidas, que utilizem o preservativo para, ao menos, manterem a saúde física, uma vez que a saúde psicológica estará sendo negligenciada por eles.


Fonte: Livro – Sexo e Consciência. Divaldo Franco, organizado por Luiz Fernando Lopez.


segunda-feira, 16 de maio de 2022

O MAIOR MANDAMENTO

1.      Os Fariseus, tendo sabido que ele tinha feito calar a boca aos Saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, veio lhe fazer esta pergunta para o tentar: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma e de todo o vosso espírito; é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante àquele: Amareis vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos. (São Mateus, cap. XXII, v. 34 a 40).

2.  Fazei aos homens tudo o que quereis que eles vos façam; porque é a lei e os profetas. (idem, cap. VII, v.12).

3. O reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar conta aos seus servidores; e tendo começado a fazê-lo, se lhe apresentou um deles que lhe devia dez mil talentos. Mas como ele não tinha os meios de lhos restituir, seu senhor recomendou que o vendessem a ele, sua mulher e seus filhos, e tudo o que ele tinha, para satisfazer a sua dívida. O servidor, lançando-se-lhe aos pés, suplicou-lhe dizendo: Senhor, tende um pouco de paciência e eu lhe restituirei o total. Então o senhor desse servidor, tocado de compaixão, o deixou ir e remiu-lhe a dívida. Mas esse servidor, mal tendo saído, encontrou um de seus companheiros eu lhe devia cem dinheiros, tomou-o pela garganta, quase sufocando-o e dizendo-lhes: Restitui-me o que me deves. E seu companheiro, lançando-se-lhe aos pés, suplicou-lhe dizendo: Tende um pouco de paciência e eu vos restituirei o total. Mas ele não quis escutá-lo; e se indo, fê-lo colocar na prisão, para nela o ter até que lhe restituísse o que lhe devia.
    Os outros servidores, seus companheiros, vendo o que se passava, extremamente aflitos, foram informar a seu senhor de tudo o que havia ocorrido. Então o senhor fazendo-o vir, lhe disse: Meu servidor, eu vos isentei de tudo o que me devíeis, porque me pedistes isso; não seria preciso, pois, que tivésseis piedade do vosso companheiro, como tive piedade de vós? E o senhor, encolerizado, o entregou às mãos dos carrascos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
    É assim que meu Pai, que está no céu, vos tratará, se cada um não perdoar, do fundo do coração, ao seu irmão, as faltas que lhe tiverem cometido. (São Mateus, cap. XVIII, v. 23 a 35).


        4. “Amar o próximo como a si mesmo: fazer para os outros o que queríamos que os outros fizessem por nós” é a mais completa expressão da caridade, porque resume todos os deveres para com o próximo. Não se pode ter guia mais seguro, a esse respeito, que tomando por medida, do que se deve fazer para os outros, o que se deseja para si. Com qual direito se exigiria dos semelhantes mais de bons procedimentos, de indulgência, de benevolência e de devotamento do que se os tem para com eles? A pratica dessas máximas tende à destruição do egoísmo; quando os homens as tomarem por normas de sua conduta e por base de suas instituições, compreenderão a verdadeira fraternidade e farão reinar, entre eles, a paz e a justiça; não haverá mais nem ódios nem dissensões, mas união, concórdia e benevolência mútua.


Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec. Cap. XI, itens 1 à 4.


quinta-feira, 5 de maio de 2022

95 ANOS DE DIVALDO FRANCO


05 de Maio de 2022, aniversário de 95 anos de Divaldo Fraco, saúde e gratidão a este trabalhador do bem e da luz.




PRECE DO ALVORECER







PRECE DO ALVORECER

        Acordei quando a manhã se vestia de luz para receber o dia. O sol, espreguiçando-se por detrás das nuvens, derramava seus raios mornos pela Terra.

        Abrindo a janela, senti uma grande alegria e desejei orar ao Criador de todas as coisas, ao Pai de todos nós. Queria dizer tantas coisas!

        Mas como se pode, sendo tão pequeno, dizer coisas grandiosas a quem é tão onipotente?

        Desejei abraçar o dia e servir, fazer algo útil, bom, especial.

        Como se pode agradecer ao Pai generoso por tantas dádivas senão buscando se tornar um servidor para as Suas criaturas?

        Entre a timidez e a emoção, com o coração a cantar em descompasso no peito, comecei:


Meu Deus e meu Senhor. Eu gostaria tanto de poder colaborar contigo. Eu gostaria de ser um jardim de flores, de todas as cores, para embelezar a Terra.

Mas, na pobreza que minha alma encerra, se não puder ser um jardim, deixa-me ser uma rosa solitária, em uma fenda da rocha, colocando beleza no painel nobre da natureza.

Eu gostaria de ser um canteiro perfumado, onde as abelhas viessem colher o néctar, para produzir o mel que alimentaria bocas infantis.

Eu gostaria de ser um trigal maduro, para colocar pão na mesa da Humanidade. Mas, é demais para mim.

Como não poderei ser uma seara, ajuda-me a ser o grão, que caindo no chão, se multiplique num milhão. E me transforme em pão para os meus irmãos.

Eu gostaria de ser um pomar de frutos maduros para acabar com a fome. Mas na pobreza que me consome, te venho pedir para ser uma árvore desgalhada, projetando sombra na estrada.

Talvez alguém, em passando de mansinho, por esse caminho possa me dizer “Olá”. E respondendo, eu estenda a mão e me ofereça: ”Sou teu irmão, sou teu amigo.”

Eu gostaria de ser como uma chuva generosa, que caísse na terra porosa e reverdecesse o chão. Mas, como não conseguirei, então, te pedirei para ser um copo de água fria que mate a sede de quem anda na desesperação.

Eu gostaria de ser um riacho que descesse a encosta da montanha cantando, por entre as pedras, ofertando linfa refrescante às árvores que protegem o solo.

Meu Deus! Eu gostaria de ser como a Via-láctea de estrelas para que as noites da Terra fossem mais belas e a dor debandasse, na busca de um novo dia.

Mas, na minha pequenez, sem conseguir, te quero pedir para ser um pirilampo na noite escura, iluminando a amargura de quem anda na solidão.

Eu gostaria de ser um poeta, um artista, um trovador. Quem sabe um cantor, um esteta, orador para falar da magia e da beleza da Tua glória.

Mas, como eu quase nada sou, como me falta o verbo, a mestria, então, eu te peço, Senhor, para ser o companheiro da criatura deserdada.

Deixa-me caminhar pela estrada e estender a mão a quem anda solitário e triste. Deixa-me ser-lhe a mão de sustento e lhe dizer: “Sou teu irmão, estou contigo. Vem comigo.”

* * *

Agradeçamos a Deus a nossa existência.

E apresentemos esse nosso Pai para a Humanidade, tornando-nos exemplos de amigos e irmãos em todas as circunstâncias.



Fonte: Texto da oração com base no cap. 12, do livro Divaldo Franco e o jovem, compilação de Délcio Carlos Carvalho, ed. LEAL.
Fonte do vídeo: Facebook da rede social da Mansão do Caminho