O seu nome é Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, nasciddo em Lyon, em 3 de
outubro de 1804. Seu pai era o magistrado Jean-Baptiste-Antoine Rivail e sua
mãe era Jeanne Duhamel. Era chamado na família de “Hippolite”, na sociedade era
chamado de “Professor Rivail”, e na literatura dos seus livros didáticos de
“H-L-D Rivail”. De antiga família lionesa de orientação católica, e que tinham
tradição na magistratura e em advocacia, mas Rivail, desde cedo manifestou
propensão para o estudo das ciências e da filosofia.
Estudos – educação
Fez seus estudos na escola do maior pedagogo do século XIX, de fama
mundial: João Henrique Pestalozzi, a Escola de Pestalozzi, no Castelo Yverdon,
em Yverdon-les-Bains, na Suiça (país protestante). Hippolyte-Léon-Denizard
Rivail dotado de uma inteligência notável e atraído para o ensino pelo seu
caráter e as suas aptidões especiais, desde os quatorze anos de idade ensinava
aos seus colegas que tinham adquirido menos do que ele. Foi nessa escola que se
desenvolveram as ideias que deveriam, mais tarde, colocá-lo na classe dos homens
de progresso e dos livre pensadores. Aos
dezoito anos, bacharelou-se em Ciências e Letras; aos vinte anos renomado autor
de livros didáticos. E tornou-se um dos
mais distintos discípulos e ativo propagador do método de Pestalozzi, que exerceu uma grande influência sobre a
reforma dos estudos na Alemanha e na França.
Falava os idiomas: francês, alemão, inglês e holandês, além de dominar
perfeitamente os idiomas italiano e espanhol. E alguns fontes cita que também
tinha conhecimentos do Latim, do Grego, do Gaulês e de algumas línguas latinas
nas quais se exprimia corretamente.
Trabalho na educação
Em 1824, quando concluiu seus estudos, Rivail voltou para a França,
Paris. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes
obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon,
pelas quais manifestava particular atração.
Era membro de varias sociedades sábias, como o Instituto Histórico de
Paris; da Academia Royale d’Arras, que, em concurso de 1831, o premiou por uma
dissertação notável sobre esta questão: “Qual é o sistema de estudos mais em
harmonia com as necessidades da época?”; após o ano de 1834, tornou-se membro
da Real Academia de Ciências Naturais.
Lecionava as matérias: Química, Matemática, Astronomia, Física,
Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.
Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior
democratização do ensino público, e publicou um plano para aperfeiçoamento do
ensino público.
Entre 1835 a 1840, manteve em sua residência, à rua Sèvres, cursos
gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia e outros.Nesse
período, preocupado com a didática, para a tornar atraente e interessante aos
sistemas de educação, elaborou um manual de aritmética, que foi adotado por
décadas nas escolas francesas, e um quadro mnemônico da História da França, que
visou facilitar ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior
expressão e as descobertas de cada reinado do país.
Rivail, ilustrou-se por trabalhos de uma natureza educacional, com o
objetivo de esclarecer as massas e ligá-las mais à sua família e ao seu país.
Entre as suas numerosas obras de educação, citaremos as seguintes:
- Plano
Proposto para a melhoria da instrução pública (1828);
- Curso
prático e teórico de aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos
professores primários e das mães de família (1829);
- Gramática
Francesa Clássica (1831);
- Manual dos
Exames para os diplomas de capacidade;
-
Soluções arrazoadas das perguntas
problemas de aritmética e de geometria (1846);
- Catecismo
gramatical da língua francesa (1848);
- Programa
de cursos usuais de química, física, astronomia, fisiologia, que ele professava
no Lycée Polymathique;
- Ditado
normal dos exames da Prefeitura e da Sorbonne, acompanhado de Ditados especiais
sobre as dificuldades ortográficas (1849), obra muito estimada na época de sua
aparição.
Diplomas obtidos
Lista dos principais diplomas obtidos por Denizard Rivail durante a sua
carreira de professor e diretor de colégio.
- Diploma da
Sociedade Francesa de Estatística Universal, fundada em Paris, em 22 de
novembro de 1820, por César Moreau.
- Diploma da
Sociedade de Emulação e de Agricultura do Departamento do Ain – 1828 (Rivail
fora designado para expor e apresentar em França o método de Pestalozzi);
- Diploma de
fundador da Sociedade de Previdência dos Diretores de Colégios e Internatos de
Paris – 1829;
- Diploma da
Sociedade Gramatical, fundada em Paris em 1807, por Urbain Domergue – 1829;
- Medalha de
Ouro, 1° prêmio, conferida pela Sociedade Real d’Arrás, no concurso realizado
em 1831, sobre educação e ensino.
- Diploma do
Instituto Histórico, fundado em 24 de dezembro de 1833 e organizado a 6 de
abril de 1834. Presidente: Michaud, membro da academia francesa.
- Diploma da
Sociedade de Educação Nacional, constituída pelos diretores de Colégios e de
Internatos da França – 1835. Presidente: Geoffroy de Saint-Hilaire.
- Diploma do
Instituto de Línguas, fundado em 1837. Presidente: Conde Le Peletier-Jaunay.
- Diploma da
Sociedade para a instrução Elementar – 1847. Secretário geral: H. Carnot.
- Diploma da
Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional, fundada por Jomard, membro do
Instituto.
A esposa
de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail -
Allan Kardec
Em 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Filha
única, seu pai era o tabelião Julien-Louis Boudet e sua mãe era Julie-Louise
Seigneat de Lacombe. Amélie Gabrielle Boudet, nasceu em 23 de novembro de 1795,
Thiais, Departamento do Sena, era conhecida na intimidade familiar pelo
diminutivo Gaby. De acordo com o seu biografo, Henri Sausse, Amélie Gabrielle
Boudet foi professora com diploma de primeira classe, tendo se formado na primeira
Escola Normal Leiga, de orientação Pestalozziana, localizada no Boulevard
Saint-Germain, em Paris, cidade onde viveu toda a sua vida. Tendo sido também
poetisa e artista plástica, com domínio das técnicas tradicionais.
E de acordo com o pesquisador espírita Silvino Canuto de Abreu, Amélie
Gabrielle Boudet foi professora de Letras e Belas Artes.
Tendo sido autora das seguintes obras:
- Contos
Primaveris (1825);
- Noções de
Desenho (1826); e
- O
Essencial em Belas Artes (1828).
Amélie Gabrielle Boudet, colaborou permanentemente com os estudos do
marido, tornando-se grande incentivadora do trabalho da Codificação Espírita e
de difusão. Depois do desencarne de seu
esposo, em 1869, assumiu todos os encargos necessários à gestão do Espiritismo,
na França e no mundo.
Costuma-se dividir a sua vida em grandes fases ou períodos, que são:
- de 1795 a
1832, como senhorita Amélie Gabrielle Boudet;
- de 1832 a
1857, como a senhora Rivail;
- de 1857 a
1869, como a senhora Allan Kardec;
- de 1869 a
1883, como a viúva Allan Kardec.
Amélie Gabrielle Boudet, faleceu em 21 de janeiro de 1883, em sua
residência, em Paris, sendo sepultado dois dias após junto ao esposo, no
cemitério do Père-Lachaise. Saindo o cortejo de sua casa na Villa Ségur.
Atualmente, um centro de estudos espíritas em Paris homenageia-a com o seu
nome.
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Na ilustração: Allan Kardec e sua esposa Amélie Gabrielle |
Das mesas girantes à Codificação
Nascido na religião católica, e estudante em um país protestante, não
seguia nenhuma destas religiões. Foi em 1854 que Rivail ouviu falar pela
primeira vez do fenômeno das mesas girantes, que era o maior entretenimento na
época. Foi o seu amigo de muito tempo o Sr. Fortier, que era um magnetizador,
que falou sobre os fenômenos à Rivail, mas ele não deu muita atenção, nem
importância ao relato naquele momento.
No ano seguinte, no começo de 1855, encontrou o Sr. Carlotti, que era
um amigo de vinte e cinco anos, em que conversaram sobre o fenômeno das mesas
girantes por quase uma hora. Algum tempo
depois, pelo mês de maio de 1855, Rivail, aceitou o convite do Sr. Carlotti
para ir a uma dessas sessões, na casa da sonâmbula Sra. Roger. A partir daí
Rivail interessou-se pelo estudo sobre
esse fenômeno, e se empenhou principalmente em deduzir-lhe as consequências
filosóficas. Nele entreviu, desde o inicio, o principio de novas leis naturais;
as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu na
ação deste último uma das forças da natureza, cujo conhecimento deveria lançar
luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu-lhe a
importância do ponto de vista religioso. Demonstrou que os fatos falsamente
qualificados de sobrenaturais estão submetidos a leis, ele os fez entrar na
ordem dos fenômenos da natureza, e destruindo assim o último refugio do maravilhoso,
e um dos elementos da superstição.
Rivail percebendo que o movimento e as respostas complexas das mesas
deviam-se à intervenção de espíritos, dedicou-se à estruturação de uma proposta
de compreensão da realidade baseada na necessidade de integração entre os
conhecimentos científicos, filosóficos e moral.
Foi, em 18 de abril de 1857 com a publicação de O Livro dos Espíritos,
que data a verdadeira fundação do Espiritismo, que, até então, não possuía
senão elementos esparsos sem coordenação, e cuja importância não pudera ser
compreendida por todos; a partir desse momento, também, a doutrina fixa a
atenção dos homens sérios e toma um desenvolvimento rápido. Em poucos anos,
essas ideias acharam numerosos adeptos em todas as classes da sociedade e em todos
os países. Esse sucesso, sem precedente, liga-se sem duvida as simpatias que
essas ideias encontraram, mas deveu-se também, em grande parte, à clareza, que
é um dos caracteres distintivos dos escritos de Allan Kardec, usando este
pseudônimo para assinar todas as suas obras espíritas. Aproveitando seus
recursos intelectuais e experiência no magistério, Kardec resolveu dar ao livro
básico da codificação uma metodologia didática, a qual se revelou altamente
indicada para as circunstâncias de implantação da nova doutrina. O método
escolhido foi o de perguntas e respostas por parte dos espíritos, divididas em
quatro grupos bem definidos de ideias, recebendo, cada um, o nome de parte ou
“livro”.
Como um observador e cientifico que era, Kardec sempre usava diferentes
médiuns para atestar a veracidade das informações,além disso eram lhe enviadas
varias mensagens psicografadas de diferentes lugares, cidades, países, que
Kardec nunca esteve e que não conhecia os médiuns. É o Controle Universal do
Ensino dos Espíritos, que Kardec definiu da seguinte forma: “Uma só garantia
séria existe para o ensino dos Espíritos – a concordância que haja entre as
revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de
médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares diferentes”.
Foi Kardec que criou as palavras “espírita” e “ Espiritismo”, segundo
as palavras do estudioso: “Para coisas novas, nomes novos”. Os estudos eram
ininterruptos e, com diversos testes e análises racionais, sob crivos
filosóficos, científicos e religioso.
As suas obras espíritas que são a base do Espiritismo, foram:
- O Livro dos Espíritos, para a parte
filosófica e cuja primeira edição apareceu em 18 de abril de 1857;
- O Livro
dos Médiuns, para a parte experimental e científica (janeiro de 1861);
- O
Evangelho Segundo o Espiritismo, para a parte moral (abril de 1864);
- O Céu e o
Inferno, ou a Justiça de Deus Segundo o Espiritismo (agosto de 1865);
- A Gênese,
os Milagres e as Predições (janeiro de 1868);
- A Revista
Espírita, jornal de estudos psicológicos, coletânea mensal começada em 1º de
janeiro de 1858.
Fundou em Paris em 1º de abril de 1858, a primeira Sociedade Espírita
regularmente constituída, sob o nome de Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas, cujo objetivo exclusivo era o estudo de tudo o que pode contribuir
para o progresso desta nova ciência.
A publicação da Revista Espírita foi dirigida por Kardec até a sua
morte, em 1869, e circula até hoje em português, francês e espanhol, editada
pelo Conselho Espírita Internacional, apesar de ter sofrido algumas
interrupções.
Kardec, tirou de seu próprio bolso o investimento para a publicação de
O Livro dos Espíritos, assim como também investiu nas obras posteriores
lançadas. Mas, toda a renda dos livros da Doutrina Espírita, Allan Kardec
investia no próprio Espiritismo, nunca tirou proveito dos lucros dos livros nem
da revista. Encontramos no livro obras póstumas, a seguinte afirmativa de Allan
Kardec: “É que jamais pedi a ninguém, que ninguém nada deu, jamais, a mim
pessoalmente; em uma palavra, que não vivo às custas de ninguém, uma vez que,
das somas que foram voluntariamente confiadas, nenhuma parcela dela foi
desviada em meu proveito.” (...) “Pois bem, senhores, o que me proporcionou
esse suplemento de recursos foi o produto de minhas obras. Digo-o com alegria,
foi com o meu próprio trabalho, com os frutos de minhas vigílias que provi, em
maior parte pelo menos, às necessidades materiais da instalação da Doutrina.
Trouxe assim uma considerável conta-parte para a caixa do Espiritismo; aqueles
que ajudam a propagação das obras, não poderão, pois, dizer que trabalham para
me enriquecer, uma vez que o produto de todo livro vendido, de toda assinatura
da Revista, aproveita à Doutrina e não ao indivíduo.”
Como surgiu o pseudônimo Allan Kardec
O pseudônimo Allan Kardec surgiu pela necessidade de diferenciar as
obras pedagógicas escritas pelo professor Rivail, das obras da Codificação
Espírita. Pois, como seu nome Hippolyte-Léon-Denizard Rivail era
conhecidíssimo, seria melhor adotar um pseudônimo para não interferir no
programa da Codificação, porque as obras espíritas deveriam florescer pelo seu
valor e, não pelo autor que o subscrevia, assim não iria prejudicar o êxito das
obras espíritas.
A escolha do pseudônimo veio por meio de uma comunicação espiritual,
numa noite, em reunião com as médiuns Baudin, o espírito protetor daquela
família, conhecido como Zéfiro ou Espírito Z, fez uma revelação que provocou
forte emoção no professor Rivail. O espírito lhe contou que já o conhecia de
outras existências, ao tempo da civilização Druida, viviam nas Gálias, tendo
sido ele um grão-sacerdote de nome Allan Kardec. Vem daí a escolha de Allan Kardec, para
assinar as obras espíritas.
Uma curiosidade é que Lyon, a segunda maior cidade francesa depois de
Paris e o berço de Rivail, já foi a antiga Lugdunum, local de povoação
celta-druida.
A aparência de Allan Kardec por Anna
Blackwell
Anna Blackwell, que conheceu de perto Allan Kardec, cujas obras
fundamentais traduziu para a língua inglesa, descreveu da seguinte maneira o
codificador: “Allan Kardec era de estatura meã. Robusto, cabeça ampla, redonda,
firme, com feições bem pronunciadas e olhos pardoclaros, mais parecia alemão
que francês. Era ativo e tenaz, mas de temperamento calmo, precavido e realista até quase à frieza, cético por
natureza e por educação, argumentador lógico e preciso, e eminente prático em
suas idéias e ações, distanciado assim do misticismo que do entusiasmo.
Ponderado, lento no falar, sem afetação, com inegável dignidade, resultante da
seriedade e da honestidade, traços definitivos de caráter, nunca provocando
qualquer comentário a respeito do assunto a que consagrava sua vida, recebia
amavelmente os numerosos visitantes que acorriam de todas as partes do mundo para
conversar com ele a respeito das ideias de que era i mais autorizado expoente,
respondendo às consultas e às objeções, resolvendo dificuldades, e dando
informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava franca e
animadamente.
Em algumas ocasiões apresentava fisionomia radiante com um sorriso
agradável e prazenteiro, se bem que, por causa da sobriedade do seu todo,
jamais o viram rir. Entre os milhares de visitantes, encontravam-se pessoas de
alto nível no mundo social, literário, artístico e científico. O imperador
Napoleão III, cujo interesse pelos fenômenos espíritas não era nenhum segredo,
mandou chama-lo varias vezes, e com ele manteve longas palestras, nas
Tulherias, acerca das doutrinas expostas no O Livro dos Espíritos”.
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Selos comemorativos no Brasi |
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Selos comemorativos no Brasil |
Últimos anos e desencarne
Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado-se à divulgação do
Espiritismo.
Trabalhador
infatigável, sempre o primeiro a chegar e o ultimo a sair no trabalho, Allan
Kardec faleceu, no dia 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrência
da ruptura de um aneurisma. Estava em meio de preparativos para uma mudança de
local, necessitada pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações, no
dia seguinte a morte de Kardec, ele deveria desocupar o imóvel, indo para a
casa da Villa Ségur. A partir de então, os escritórios da Revue iriam para a
Rue de Lille, Libririe Spirite, que sediaria também a Société Parisienne dês
Études Spirites (SPES). Havia numerosas obras que estavam no ponto de terminar,
ou que esperavam o tempo oportuno para aparecer.
Morreu como viveu, trabalhando.
Apesar, que há muitos anos, sofria de uma doença do coração, que não podia ser
combatida senão pelo repouso intelectual e uma certa atividade material; mas
inteiramente dedicado à sua obra, recusava-se a tudo o que podia absorver um
dos seus instantes, às expensas de suas ocupações prediletas. O corpo se lhe
tornava pesado e lhe recusava os seus serviços, mas o seu Espírito, mais vivo,
mais enérgico, mais fecundo, estendia sempre mais o círculo de sua atividade.
O corpo foi
sepultado ao meio-dia de 2 de abril, no cemitério de Montmartre. Estima-se que
mais de mil pessoas acompanharam o cortejo, que seguiu pelas ruas de Grammont,
Laffitte, Notre-Dame-de-Larette, Fontaine e pelo Boulevard de Clichy.
Na primeira reunião da SPES após o fato, os membros presentes lançaram
a ideia de se levantar um monumento ao mestre, que logo recebeu adesão de espíritas
de muitas cidades. Foi assim que se fez construir o famoso dólmen do cemitério
Père-Lachaise, para onde os restos mortais de Kardec foram transladados em 29
de março de 1870. Quando inaugurado, o dólmen não registrava a célebre frase:
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir em cessar, tal é a lei”. Que foi
esculpida ainda em 1870. O monumento druida está, desde então, no famoso
cemitério que também é considerado um museu, por ter sido ali sepultado divesos
grandes vultos franceses e mesmo de outros países. O de Kardec é o túmulo mais
visitado e o mais florido de todos.
“O
Espiritismo, tirando-me da obscuridade, veio me lançar num caminho novo; em
pouco tempo encontrei-me arrastado por um movimento que estava longe de prever.
Quando concebi a ideia de O Livro dos Espíritos, a minha intenção era de não me
pôr em evidência e ficar desconhecido; mas, prontamente ultrapassado, isso não
me foi possível: devi renunciar aos meus gostos de solidão, sob pena de abdicar
a obra empreendida e que crescia cada dia; foi-me necessário seguir o impulso e
tomar-lhe as rédeas. À medida que ela se desenvolvia, um horizonte mais vasto
se desenrolava diante de mim e lhe recuava os limites; compreendi, então, a
imensidade de minha tarefa, e a importância do trabalho que me restava a fazer
para completá-la; as dificuldades e os obstáculos, longe de me assustarem,
redobraram a minha energia; vi o objetivo e resolvi alcançá-lo com a
assistência dos bons espíritos. Sentia que não tinha tempo a perder e que não o
perdi nem em visitas inúteis, nem em cerimônias ociosas; essa foi a obra de
minha vida; dei-lhe todo o meu tempo, sacrifiquei-lhe o meu repouso, a minha
saúde, porque o futuro estava escrito diante de mim em caracteres
irrecusáveis.” – Allan Kardec.