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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

NÃO MERECEM

Guarde-se do mal e defenda-se dele com a realização do bem operante. O mal não merece consideração.
Há muito que fazer, valorizando a oportunidade de serviço que surge inesperada.
A intriga não merece a atenção dos seus ouvidos.
A injúria não merece o respeito de sua preocupação.
A ingratidão não merece o zelo da sua aflição.
O ultraje não merece o seu revide verbalista.
A mentira não merece a interrupção das suas nobres tarefas.
A exasperação não merece o seu sofrimento.
A perseguição gratuita não merece a sua solicitude.
A maledicência não merece o alto-falante da sua garganta. 
A inveja não merece o tempo de que você necessita para o trabalho nobre.

Os maus não merecem a sua inquietação.
Entregue-os ao tempo benfazejo.

Abra os braços ao dever,  firme-se no solo do serviço, abrace-se à cruz da responsabilidade, recordando o madeiro onde expirou o Cristo e, em perfeita  magnitude, desafie a fúria do mal.
O lídimo cristão é fiel servidor.

Você tem somente um amo a quem prestará contas: Jesus!

Preocupado com o que deve fazer, não pare a escutar os que não tem o que fazer ou nada querem a fazer. 
Transformando-se em antena viva da inspiração superior, registre o ensinamento evangélico do amor, no coração, viva-o na ação e prossiga sem medo.

Você sabe que em toda seara existem abelhas diligentes e marimbondos destruidores. Também, não ignora “que os maus por si mesmos se destroem”, como afirma a sabedoria popular.

Identifique no obstáculo o ensejo iluminativo e não se detenha.

Por essa razão, enquanto a ventania açoita, guarde a sua fé robusta e, sem dar atenção ao mal, esteja acautelado, porque, não descendo às ondas mentais dos maus, você paira inatingível nas vibrações superiores das Altas Potências da Vida. Doe amor e, assim, faça o bem, para que não venha “a responder por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem”.

Autor: Marco Prisco
Psicografia de Divaldo Franco. 

Fonte: Legado Kardequiano. 


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

VER E OUVIR

A visão e a audição devem ser educadas, tanto quanto as palavras e as maneiras.

Em visita ao lar de alguém, aprendamos a agradecer o carinho do acolhimento sem nos determos em possíveis desarranjos do ambiente.

Se ouvimos alguma frase imperfeitamente burilada na voz de pessoa amiga, apreciemos a intenção e o sentimento, na elevação em que se articula, sem anotar-lhe o desalinho gramatical.

Veja com bondade e ouça com lógica.

Saibamos ver os quadros que nos cercam, sejam eles quais forem, sem sombra de malícia a tisnar-nos o pensamento. Registrando anedotas inconvenientes, em torno de acontecimentos e pessoas, tenhamos suficiente coragem de acomodá-las no arquivo do silêncio.

Toda impressão negativa ou maldosa que se transmite aos amigos, em forma de confidência, é o mesmo que propinar-lhes veneno através dos ouvidos.

Em qualquer circunstância, é preciso não esquecer que podemos ver e ouvir para compreender e auxiliar.

André Luiz
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Fonte: livro – Sinal Verde


terça-feira, 13 de outubro de 2015

ALLAN KARDEC: MINHA PRIMEIRA INICIAÇÃO NO ESPIRITISMO


O texto a seguir está contido na segunda parte do livro Obras Póstumas, Allan Kardec. O próprio Kardec redigiu este relato, sobre a sua iniciação nos estudos da espiritualidade, o que iria formar posteriormente a Doutrina Espírita, o Espiritismo. Este relato nos possibilita de uma forma mais direta e íntima entender o inicio do Espiritismo, por meio das palavras do próprio Allan Kardec.


Foi em 1854 que ouvi falar, pela primeira vez, das mesas girantes. Um dia, encontrei o Sr. Fortier, o magnetizador, que conhecia há muito tempo; ele me disse: Sabeis a singular propriedade que se acaba de descobrir no magnetismo? Parece que não são somente os indivíduos que se magnetizam, mas as mesas que se fazem girar e caminhar à vontade. – “É muito singular, com efeito, respondi; mas, a rigor, isso não me parece radicalmente impossível. O fluido magnético, que é uma espécie de eletricidade, pode muito bem agir sobre os corpos inertes e fazê-los mover.” Os relatos, que os jornais publicaram, de experiências feitas em Nantes e Marselha, e em algumas outras cidades, não podiam deixar duvida sobre a realidade do fenômeno.

Algum tempo depois revi o Sr. Fortier, e ele me disse: “Eis que é muito mais extraordinário; não só se faz a mesa girar magnetizando-a, mas a faz falar; interrogada ela responde. – Isto, repliquei, é uma outra questão; crerei nisso quando o vir, e quando se me tiver provado que uma mesa tem um cérebro para pensar, nervos para sentir, e que possa se tornar sonâmbula; até lá, permiti-me nisso não ver senão uma história de fazer dormir.”

Este raciocínio era lógico; eu concebia a possibilidade do movimento por uma força mecânica, mas, ignorando a causa e a lei do fenômeno, parecia-me absurdo atribuir inteligência a uma coisa puramente material. Estava na posição dos incrédulos de nossos dias que negam porque não veem senão um fato do qual não se dão conta. Há 50 anos, se se tivesse dito, pura e simplesmente, a alguém que se podia transmitir um despacho a 500 léguas, e receber-lhe a resposta em uma hora, se vos riria na cara, não teriam faltado excelentes razões cientificas para provar que a coisa era materialmente impossível. Hoje, quando a lei da eletricidade é conhecida, isto não espanta ninguém, mesmo os camponeses. Ocorre o mesmo com todos os fenômenos espíritas ; para quem não conhece as leis que o regem, parecem sobrenaturais, maravilhosos, e, por consequência, impossíveis e ridículos; uma vez conhecida a lei, o maravilhoso desaparece; a coisa nada mais tem que repugne à razão, porque se lhe compreende a possibilidade.

Disso, estava, pois, no período de um fato inexplicado, em aparência contrário às leis da Natureza, e que a minha razão repelia. Ainda nada tinha visto, nem nada observado; as experiências, feitas na presença de pessoas honradas e dignas de fé, me confirmaram na possibilidade do efeito puramente material, mas a ideia de uma mesa falante não entrava ainda no meu cérebro.

No ano seguinte, era no começo de 1855, encontrei o Sr. Carlotti, um amigo de vinte e cinco anos, que me entreteve com esses fenômenos durante quase uma hora, com o entusiasmo que punha em todas as ideias novas. O Sr. Carlotti era Corso, de uma natureza ardente e enérgica; sempre estimara nele as qualidades que distinguem uma grande e bela alma, mas desconfiava de sua exaltação. Foi primeiro que me falou da intervenção dos espíritos, e me contou tantas coisas surpreendentes que, longe de me convencer, aumentou as minhas duvidas. Sereis um dia dos nossos, disse-me. Não digo não, respondi-lhe; veremos isso mais tarde.

Algum tempo depois, pelo mês de maio de 1855, me encontrei na casa da sonâmbula, Sra. Roger, com o Sr. Fortier, seu magnetizador; encontrei o Sr. Pâtiere a Sra. de Plainemaison que me falaram desses fenômenos no mesmo sentido do Sr. Carlotti, mas num outro tom. O Sr. Pâtier era um funcionário publico, de uma certa idade, homem muito instruído, de um caráter sério, frio e calmo; sua linguagem firme, isenta de todo entusiasmo, fez sobre mim uma viva impressão, e, quando me ofereceu para assistir às experiências, que ocorriam na casa da Sra. de Plainemaison, rua Grange-Batelière, nº 18, aceitei prontamente. O encontro foi marcado para a terça-feira, mas, às oito horas da noite.

Foi lá, pela primeira vez, que fui testemunha do fenômeno das mesas girantes, e isso em condições tais que não me era mais possível a duvida. Vi também algumas tentativas, muito imperfeitas, de escrita medianímica, sobre uma ardósia, com a ajuda de uma cesta. As minhas ideias estavam longe de ser detidas, mas havia ali um fato que deveria ter uma causa. Entrevi, sob essas futilidades aparentes e a espécie de jogo que se fazia desses fenômenos, alguma coisa de seria, e como a revelação de uma nova lei, que me prometia aprofundar.

Logo se ofereceu a ocasião de observar mais atentamente do que não o havia feito ainda. Num dos saraus da Sra. de Plainemaison, conheci a família Baudin, que morava então na rua Rochechouart. O Sr. Baudin ofereceu-me para assistir às sessões semanais que ocorriam em sua casa, e para as quais fui, desde esse momento, muito assíduo.

Essas reuniões eram bastante numerosas; além dos habituais, ali se admitia, sem dificuldade, a quem pedisse. As duas médiuns eram as Srtas. Baudin, que escreviam sobre uma ardósia com a ajuda de uma cesta, dita pião, descrita em O Livro dos Médiuns. Esse modo, que exige o concurso de duas pessoas, excluía toda possibilidade de participação das ideias do médium. Ali, vi comunicações seguidas, e respostas dadas às perguntas propostas, algumas vezes mesmo a perguntas mentais que acusavam, de maneira evidente, a intervenção de uma inteligência estranha.

Os assuntos tratados eram geralmente frívolos; ocupava-se ali sobretudo de todas as coisas ligadas à vida material, ao futuro, em uma palavra, a nada de verdadeiramente sério; a curiosidade e o divertimento eram os principais móveis dos assistentes. O espírito que se manifestava habitualmente, tomava o nome de Zéfiro, nome perfeitamente em relação com o seu caráter e o da reunião; todavia, era muito bom, e se declarara o protetor da família; frequentemente, se ele tinha a palavra para rir, sabia também, em caso de necessidade, dar sábios conselhos, e manejar, sendo o caso, o epigrama mordaz e espirituoso. Logo travamos conhecimento, e ele me deu, constantemente, provas de uma grande simpatia. Não era um espírito muito avançado, mas, mais tarde, assistido pelos espíritos superiores, me ajudou nos meus primeiros trabalhos. Disse depois que deveria se reencarnar, e dele não ouvi mais falar.

Foi lá que fiz os meus primeiros estudos sérios em Espiritismo, menos ainda pela revelação do que pela observação. Apliquei a essa nova ciência, como o fizera até então, o método da experimentação; jamais ocasionei teorias preconcebidas: observava atentamente, comparava, deduzia as consequências; dos efeitos procurava remontar às causas, pela dedução e o encadeamento lógico dos fatos, não admitindo uma explicação como válida senão quando podia resolver todas as dificuldades da questão. Foi assim que sempre procedi em meus trabalhos anteriores, desde a idade de 15 a 16 anos. Compreendi, desde logo, a seriedade da exploração que iria empreender; entrevi, nesses fenômenos, a chave do problema, tão obscuro e tão controverso, do passado e do futuro da Humanidade, a solução do que havia procurado em toda a minha vida; era, em uma palavra, toda uma revelação nas ideias e nas crenças; seria preciso, pois, agir com circunspecção, e não levianamente; ser positivo e não idealista, para não se deixar iludir.

Um dos primeiros resultados de minhas observações foi que os espíritos, não sendo outros senão as almas dos homens, não tinham a soberana sabedoria, nem a soberana ciência; que o seu saber estava limitado ao grau de seu adiantamento, e que a sua opinião não tinha senão o valor de uma opinião pessoal. Essa verdade, reconhecida desde o princípio, me preservou do grande escolho de crer em sua infalibilidade, e me impediu de formular teorias prematuras sobre o dizer de um só ou de alguns.

Só o fato da comunicação com os espíritos, seja o que for que se possa dizer, provava a existência do mundo invisível ambiente; era já um ponto capital, um campo imenso aberto à nossa exploração, a chave de uma multidão de fenômenos inexplicados; o segundo ponto, não menos importante, era o de conhecer o estado desse mundo, seus costumes, podendo-se assim se exprimir; vi logo que, cada espírito, em razão de sua posição pessoal e de seus conhecimentos, dele me desvendava uma fase, absolutamente como se chega a conhecer o estado de um país interrogando os habitantes de todas as classes e de todas as condições, cada um podendo nos ensinar alguma coisa, e nenhum, individualmente, não podendo nos ensinar tudo; cabe ao observador formar o conjunto com a ajuda de documentos recolhidos de diferentes lados, colecionados, coordenados e controlados uns pelos outros. Agi, pois, com os espíritos, como o teria feito com os homens; foram para mim, desde o menor ao maior, meios de me informar, e não reveladores predestinados.

Tais foram as disposições com as quais empreendi, e sempre persegui os meus estudos espíritas; observar, comparar e julgar, tal foi a regra constante quer segui.
Até as sessões na casa do Sr. Baudin, não tivera nenhum objetivo determinado; comecei ali a procurar resolver os problemas que me interessavam do ponto de vista da filosofia, da psicologia e da natureza do mundo invisível; chegava a cada sessão com uma série de perguntas preparadas, e metodicamente arrumadas; elas eram sempre respondidas com precisão, profundidade, e de maneira lógica. Desde esse momento as reuniões tiveram um outro caráter; entre os assistentes se encontravam pessoas sérias que por elas tomaram um vivo interesse, e se me ocorria de ali faltar, estava-se como inativo; as perguntas fúteis perderam seu atrativo para a maioria. De início, não tivera em vista senão a minha própria instrução; mais tarde, quando vi que isso formava um conjunto e tomava as proporções de uma doutrina, tive o pensamento de publicá-las para a instrução de todo o mundo. Foram as mesmas perguntas que, sucessivamente desenvolvidas e completadas, fizeram a base de O Livro dos Espírito.

No ano seguinte, em 1856, segui ao mesmo tempo as reuniões espíritas que se tinham na rua Tiquetone, na casa do Sr. Roustan e Srta. Japhet, sonâmbula. Essas reuniões eram sérias e mantidas com ordem. As comunicações ocorriam por intermédio da Srta. Japhet, médium, com a ajuda de uma cesta de bico.

Meu trabalho estava em grande parte terminado, e tomava as proporções de um livro, mas pretendia fazê-lo controlado por outros espíritos, com a ajuda de diferentes médiuns. Tive o pensamento de fazê-lo um motivo de estudos para as reuniões do Sr. Roustan; ao cabo de algumas sessões, os espíritos disseram que preferiam revê-lo na intimidade, e me assinalaram, para esse efeito, certos dias para trabalhar, em particular, com a Srta. Japhet, a fim de fazê-lo com mais calma e também para evitar as indiscrições e os comentários prematuros do público.

Não me contentava com essa verificação; os espíritos dela me fizeram a recomendação. As circunstancias, tendo me colocado em relação com outros médiuns, cada vez que a ocasião se apresentava, disso aproveitava para propor algumas das questões que me pareciam as mais espinhosas. Foi assim que mais de dez médiuns prestaram a sua assistência para esse trabalho. Foi da comparação e da fusão de todas essas respostas coordenadas, classificadas, e muitas vezes refundidas no silêncio da meditação, que formei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, que apareceu a 18 de abril de 1857.

Até o fim desse mesmo ano, as suas senhoritas Baudin se casaram; as reuniões não mais ocorreram, e a família se dispersou. Mas, então, as minhas relações começaram a se estender, e os espíritos multiplicaram, para mim, os meios de instrução para os meus trabalhos ulteriores.

Fonte: Obras Póstumas. Allan Kardec.

sábado, 3 de outubro de 2015

ALLAN KARDEC


O seu nome é Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, nasciddo em Lyon, em 3 de outubro de 1804. Seu pai era o magistrado Jean-Baptiste-Antoine Rivail e sua mãe era Jeanne Duhamel. Era chamado na família de “Hippolite”, na sociedade era chamado de “Professor Rivail”, e na literatura dos seus livros didáticos de “H-L-D Rivail”. De antiga família lionesa de orientação católica, e que tinham tradição na magistratura e em advocacia, mas Rivail, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia.


Estudos – educação
Fez seus estudos na escola do maior pedagogo do século XIX, de fama mundial: João Henrique Pestalozzi, a Escola de Pestalozzi, no Castelo Yverdon, em Yverdon-les-Bains, na Suiça (país protestante). Hippolyte-Léon-Denizard Rivail dotado de uma inteligência notável e atraído para o ensino pelo seu caráter e as suas aptidões especiais, desde os quatorze anos de idade ensinava aos seus colegas que tinham adquirido menos do que ele. Foi nessa escola que se desenvolveram as ideias que deveriam, mais tarde, colocá-lo na classe dos homens de progresso e dos livre pensadores.  Aos dezoito anos, bacharelou-se em Ciências e Letras; aos vinte anos renomado autor de livros didáticos.  E tornou-se um dos mais distintos discípulos e ativo propagador do método de Pestalozzi,  que exerceu uma grande influência sobre a reforma dos estudos na Alemanha e na França.



Falava os idiomas: francês, alemão, inglês e holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol. E alguns fontes cita que também tinha conhecimentos do Latim, do Grego, do Gaulês e de algumas línguas latinas nas quais se exprimia corretamente.

Trabalho na educação
Em 1824, quando concluiu seus estudos, Rivail voltou para a França, Paris. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração.
Era membro de varias sociedades sábias, como o Instituto Histórico de Paris; da Academia Royale d’Arras, que, em concurso de 1831, o premiou por uma dissertação notável sobre esta questão: “Qual é o sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades da época?”; após o ano de 1834, tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.
Lecionava as matérias: Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.
Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público, e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público.
Entre 1835 a 1840, manteve em sua residência, à rua Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia e outros.Nesse período, preocupado com a didática, para a tornar atraente e interessante aos sistemas de educação, elaborou um manual de aritmética, que foi adotado por décadas nas escolas francesas, e um quadro mnemônico da História da França, que visou facilitar ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado do país.
Rivail, ilustrou-se por trabalhos de uma natureza educacional, com o objetivo de esclarecer as massas e ligá-las mais à sua família e ao seu país. Entre as suas numerosas obras de educação, citaremos as seguintes:
- Plano Proposto para a melhoria da instrução pública (1828);
- Curso prático e teórico de aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos professores primários e das mães de família (1829);
- Gramática Francesa Clássica (1831);
- Manual dos Exames para os diplomas de capacidade;
- Soluções  arrazoadas das perguntas problemas de aritmética e de geometria (1846);
- Catecismo gramatical da língua francesa (1848);
- Programa de cursos usuais de química, física, astronomia, fisiologia, que ele professava no Lycée Polymathique;
- Ditado normal dos exames da Prefeitura e da Sorbonne, acompanhado de Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849), obra muito estimada na época de sua aparição.

Diplomas obtidos
Lista dos principais diplomas obtidos por Denizard Rivail durante a sua carreira de professor e diretor de colégio.
- Diploma da Sociedade Francesa de Estatística Universal, fundada em Paris, em 22 de novembro de 1820, por César Moreau.
- Diploma da Sociedade de Emulação e de Agricultura do Departamento do Ain – 1828 (Rivail fora designado para expor e apresentar em França o método de Pestalozzi);
- Diploma de fundador da Sociedade de Previdência dos Diretores de Colégios e Internatos de Paris – 1829;
- Diploma da Sociedade Gramatical, fundada em Paris em 1807, por Urbain Domergue – 1829;
- Medalha de Ouro, 1° prêmio, conferida pela Sociedade Real d’Arrás, no concurso realizado em 1831, sobre educação e ensino.
- Diploma do Instituto Histórico, fundado em 24 de dezembro de 1833 e organizado a 6 de abril de 1834. Presidente: Michaud, membro da academia francesa. 
- Diploma da Sociedade de Educação Nacional, constituída pelos diretores de Colégios e de Internatos da França – 1835. Presidente: Geoffroy de Saint-Hilaire.
- Diploma do Instituto de Línguas, fundado em 1837. Presidente: Conde Le Peletier-Jaunay.
- Diploma da Sociedade para a instrução Elementar – 1847. Secretário geral: H. Carnot.
- Diploma da Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional, fundada por Jomard, membro do Instituto.

A esposa  de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail -  Allan Kardec 

Em 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Filha única, seu pai era o tabelião Julien-Louis Boudet e sua mãe era Julie-Louise Seigneat de Lacombe. Amélie Gabrielle Boudet, nasceu em 23 de novembro de 1795, Thiais, Departamento do Sena, era conhecida na intimidade familiar pelo diminutivo Gaby. De acordo com o seu biografo, Henri Sausse, Amélie Gabrielle Boudet foi professora com diploma de primeira classe, tendo se formado na primeira Escola Normal Leiga, de orientação Pestalozziana, localizada no Boulevard Saint-Germain, em Paris, cidade onde viveu toda a sua vida. Tendo sido também poetisa e artista plástica, com domínio das técnicas tradicionais. 
E de acordo com o pesquisador espírita Silvino Canuto de Abreu, Amélie Gabrielle Boudet foi professora de Letras e Belas Artes.
Tendo sido autora das seguintes obras:
- Contos Primaveris (1825);
- Noções de Desenho (1826); e
- O Essencial em Belas Artes (1828).
Amélie Gabrielle Boudet, colaborou permanentemente com os estudos do marido, tornando-se grande incentivadora do trabalho da Codificação Espírita e de difusão.  Depois do desencarne de seu esposo, em 1869, assumiu todos os encargos necessários à gestão do Espiritismo, na França e no mundo.
Costuma-se dividir a sua vida em grandes fases ou períodos, que são:
- de 1795 a 1832, como senhorita Amélie Gabrielle Boudet;
- de 1832 a 1857, como a senhora Rivail;
- de 1857 a 1869, como a senhora Allan Kardec;
- de 1869 a 1883, como a viúva Allan Kardec.
Amélie Gabrielle Boudet, faleceu em 21 de janeiro de 1883, em sua residência, em Paris, sendo sepultado dois dias após junto ao esposo, no cemitério do Père-Lachaise. Saindo o cortejo de sua casa na Villa Ségur. Atualmente, um centro de estudos espíritas em Paris homenageia-a com o seu nome.

Na ilustração: Allan Kardec e sua esposa Amélie Gabrielle

Das mesas girantes à Codificação
 Nascido na religião católica, e estudante em um país protestante, não seguia nenhuma destas religiões. Foi em 1854 que Rivail ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das mesas girantes, que era o maior entretenimento na época. Foi o seu amigo de muito tempo o Sr. Fortier, que era um magnetizador, que falou sobre os fenômenos à Rivail, mas ele não deu muita atenção, nem importância ao relato naquele momento. 
No ano seguinte, no começo de 1855, encontrou o Sr. Carlotti, que era um amigo de vinte e cinco anos, em que conversaram sobre o fenômeno das mesas girantes por quase uma hora.  Algum tempo depois, pelo mês de maio de 1855, Rivail, aceitou o convite do Sr. Carlotti para ir a uma dessas sessões, na casa da sonâmbula Sra. Roger. A partir daí Rivail interessou-se pelo estudo  sobre esse fenômeno, e se empenhou principalmente em deduzir-lhe as consequências filosóficas. Nele entreviu, desde o inicio, o principio de novas leis naturais; as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu na ação deste último uma das forças da natureza, cujo conhecimento deveria lançar luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu-lhe a importância do ponto de vista religioso. Demonstrou que os fatos falsamente qualificados de sobrenaturais estão submetidos a leis, ele os fez entrar na ordem dos fenômenos da natureza, e destruindo assim o último refugio do maravilhoso, e um dos elementos da superstição.
Rivail percebendo que o movimento e as respostas complexas das mesas deviam-se à intervenção de espíritos, dedicou-se à estruturação de uma proposta de compreensão da realidade baseada na necessidade de integração entre os conhecimentos científicos, filosóficos e moral.
Foi, em 18 de abril de 1857 com a publicação de O Livro dos Espíritos, que data a verdadeira fundação do Espiritismo, que, até então, não possuía senão elementos esparsos sem coordenação, e cuja importância não pudera ser compreendida por todos; a partir desse momento, também, a doutrina fixa a atenção dos homens sérios e toma um desenvolvimento rápido. Em poucos anos, essas ideias acharam numerosos adeptos em todas as classes da sociedade e em todos os países. Esse sucesso, sem precedente, liga-se sem duvida as simpatias que essas ideias encontraram, mas deveu-se também, em grande parte, à clareza, que é um dos caracteres distintivos dos escritos de Allan Kardec, usando este pseudônimo para assinar todas as suas obras espíritas. Aproveitando seus recursos intelectuais e experiência no magistério, Kardec resolveu dar ao livro básico da codificação uma metodologia didática, a qual se revelou altamente indicada para as circunstâncias de implantação da nova doutrina. O método escolhido foi o de perguntas e respostas por parte dos espíritos, divididas em quatro grupos bem definidos de ideias, recebendo, cada um, o nome de parte ou “livro”.
Como um observador e cientifico que era, Kardec sempre usava diferentes médiuns para atestar a veracidade das informações,além disso eram lhe enviadas varias mensagens psicografadas de diferentes lugares, cidades, países, que Kardec nunca esteve e que não conhecia os médiuns. É o Controle Universal do Ensino dos Espíritos, que Kardec definiu da seguinte forma: “Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos – a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares diferentes”.
Foi Kardec que criou as palavras “espírita” e “ Espiritismo”, segundo as palavras do estudioso: “Para coisas novas, nomes novos”. Os estudos eram ininterruptos e, com diversos testes e análises racionais, sob crivos filosóficos, científicos e religioso.
As suas obras espíritas que são a base do Espiritismo, foram:
-  O Livro dos Espíritos, para a parte filosófica e cuja primeira edição apareceu em 18 de abril de 1857;
- O Livro dos Médiuns, para a parte experimental e científica (janeiro de 1861);
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, para a parte moral (abril de 1864);
- O Céu e o Inferno, ou a Justiça de Deus Segundo o Espiritismo (agosto de 1865);
- A Gênese, os Milagres e as Predições (janeiro de 1868);
- A Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, coletânea mensal começada em 1º de janeiro de 1858.

Fundou em Paris em 1º de abril de 1858, a primeira Sociedade Espírita regularmente constituída, sob o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo objetivo exclusivo era o estudo de tudo o que pode contribuir para o progresso desta nova ciência.

A publicação da Revista Espírita foi dirigida por Kardec até a sua morte, em 1869, e circula até hoje em português, francês e espanhol, editada pelo Conselho Espírita Internacional, apesar de ter sofrido algumas interrupções.

Kardec, tirou de seu próprio bolso o investimento para a publicação de O Livro dos Espíritos, assim como também investiu nas obras posteriores lançadas. Mas, toda a renda dos livros da Doutrina Espírita, Allan Kardec investia no próprio Espiritismo, nunca tirou proveito dos lucros dos livros nem da revista. Encontramos no livro obras póstumas, a seguinte afirmativa de Allan Kardec: “É que jamais pedi a ninguém, que ninguém nada deu, jamais, a mim pessoalmente; em uma palavra, que não vivo às custas de ninguém, uma vez que, das somas que foram voluntariamente confiadas, nenhuma parcela dela foi desviada em meu proveito.” (...) “Pois bem, senhores, o que me proporcionou esse suplemento de recursos foi o produto de minhas obras. Digo-o com alegria, foi com o meu próprio trabalho, com os frutos de minhas vigílias que provi, em maior parte pelo menos, às necessidades materiais da instalação da Doutrina. Trouxe assim uma considerável conta-parte para a caixa do Espiritismo; aqueles que ajudam a propagação das obras, não poderão, pois, dizer que trabalham para me enriquecer, uma vez que o produto de todo livro vendido, de toda assinatura da Revista, aproveita à Doutrina e não ao indivíduo.”   


Como surgiu o pseudônimo Allan Kardec
O pseudônimo Allan Kardec surgiu pela necessidade de diferenciar as obras pedagógicas escritas pelo professor Rivail, das obras da Codificação Espírita. Pois, como seu nome Hippolyte-Léon-Denizard Rivail era conhecidíssimo, seria melhor adotar um pseudônimo para não interferir no programa da Codificação, porque as obras espíritas deveriam florescer pelo seu valor e, não pelo autor que o subscrevia, assim não iria prejudicar o êxito das obras espíritas.  
A escolha do pseudônimo veio por meio de uma comunicação espiritual, numa noite, em reunião com as médiuns Baudin, o espírito protetor daquela família, conhecido como Zéfiro ou Espírito Z, fez uma revelação que provocou forte emoção no professor Rivail. O espírito lhe contou que já o conhecia de outras existências, ao tempo da civilização Druida, viviam nas Gálias, tendo sido ele um grão-sacerdote de nome Allan Kardec.  Vem daí a escolha de Allan Kardec, para assinar as obras espíritas.
Uma curiosidade é que Lyon, a segunda maior cidade francesa depois de Paris e o berço de Rivail, já foi a antiga Lugdunum, local de povoação celta-druida.


A aparência de Allan Kardec por Anna Blackwell
Anna Blackwell, que conheceu de perto Allan Kardec, cujas obras fundamentais traduziu para a língua inglesa, descreveu da seguinte maneira o codificador: “Allan Kardec era de estatura meã. Robusto, cabeça ampla, redonda, firme, com feições bem pronunciadas e olhos pardoclaros, mais parecia alemão que francês. Era ativo e tenaz, mas de temperamento calmo, precavido e  realista até quase à frieza, cético por natureza e por educação, argumentador lógico e preciso, e eminente prático em suas idéias e ações, distanciado assim do misticismo que do entusiasmo. Ponderado, lento no falar, sem afetação, com inegável dignidade, resultante da seriedade e da honestidade, traços definitivos de caráter, nunca provocando qualquer comentário a respeito do assunto a que consagrava sua vida, recebia amavelmente os numerosos visitantes que acorriam de todas as partes do mundo para conversar com ele a respeito das ideias de que era i mais autorizado expoente, respondendo às consultas e às objeções, resolvendo dificuldades, e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava franca e animadamente.
Em algumas ocasiões apresentava fisionomia radiante com um sorriso agradável e prazenteiro, se bem que, por causa da sobriedade do seu todo, jamais o viram rir. Entre os milhares de visitantes, encontravam-se pessoas de alto nível no mundo social, literário, artístico e científico. O imperador Napoleão III, cujo interesse pelos fenômenos espíritas não era nenhum segredo, mandou chama-lo varias vezes, e com ele manteve longas palestras, nas Tulherias, acerca das doutrinas expostas no O Livro dos Espíritos”.

Selos comemorativos no Brasi
Selos comemorativos no Brasil


Últimos anos e desencarne
           Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado-se à divulgação do Espiritismo.
          Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a chegar e o ultimo a sair no trabalho, Allan Kardec faleceu, no dia 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrência da ruptura de um aneurisma. Estava em meio de preparativos para uma mudança de local, necessitada pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações, no dia seguinte a morte de Kardec, ele deveria desocupar o imóvel, indo para a casa da Villa Ségur. A partir de então, os escritórios da Revue iriam para a Rue de Lille, Libririe Spirite, que sediaria também a Société Parisienne dês Études Spirites (SPES). Havia numerosas obras que estavam no ponto de terminar, ou que esperavam o tempo oportuno para aparecer.
           Morreu como viveu, trabalhando. Apesar, que há muitos anos, sofria de uma doença do coração, que não podia ser combatida senão pelo repouso intelectual e uma certa atividade material; mas inteiramente dedicado à sua obra, recusava-se a tudo o que podia absorver um dos seus instantes, às expensas de suas ocupações prediletas. O corpo se lhe tornava pesado e lhe recusava os seus serviços, mas o seu Espírito, mais vivo, mais enérgico, mais fecundo, estendia sempre mais o círculo de sua atividade.
       
  O corpo foi sepultado ao meio-dia de 2 de abril, no cemitério de Montmartre. Estima-se que mais de mil pessoas acompanharam o cortejo, que seguiu pelas ruas de Grammont, Laffitte, Notre-Dame-de-Larette, Fontaine e pelo Boulevard de Clichy.
Na primeira reunião da SPES após o fato, os membros presentes lançaram a ideia de se levantar um monumento ao mestre, que logo recebeu adesão de espíritas de muitas cidades. Foi assim que se fez construir o famoso dólmen do cemitério Père-Lachaise, para onde os restos mortais de Kardec foram transladados em 29 de março de 1870. Quando inaugurado, o dólmen não registrava a célebre frase: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir em cessar, tal é a lei”. Que foi esculpida ainda em 1870. O monumento druida está, desde então, no famoso cemitério que também é considerado um museu, por ter sido ali sepultado divesos grandes vultos franceses e mesmo de outros países. O de Kardec é o túmulo mais visitado e o mais florido de todos.



“O Espiritismo, tirando-me da obscuridade, veio me lançar num caminho novo; em pouco tempo encontrei-me arrastado por um movimento que estava longe de prever. Quando concebi a ideia de O Livro dos Espíritos, a minha intenção era de não me pôr em evidência e ficar desconhecido; mas, prontamente ultrapassado, isso não me foi possível: devi renunciar aos meus gostos de solidão, sob pena de abdicar a obra empreendida e que crescia cada dia; foi-me necessário seguir o impulso e tomar-lhe as rédeas. À medida que ela se desenvolvia, um horizonte mais vasto se desenrolava diante de mim e lhe recuava os limites; compreendi, então, a imensidade de minha tarefa, e a importância do trabalho que me restava a fazer para completá-la; as dificuldades e os obstáculos, longe de me assustarem, redobraram a minha energia; vi o objetivo e resolvi alcançá-lo com a assistência dos bons espíritos. Sentia que não tinha tempo a perder e que não o perdi nem em visitas inúteis, nem em cerimônias ociosas; essa foi a obra de minha vida; dei-lhe todo o meu tempo, sacrifiquei-lhe o meu repouso, a minha saúde, porque o futuro estava escrito diante de mim em caracteres irrecusáveis.” – Allan Kardec.