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quarta-feira, 6 de maio de 2020

FLAGELOS DESTRUIDORES

O objetivo dos flagelos destruidores é fazer a humanidade avançar mais depressa. A destruição é necessária para a regeneração moral dos espíritos, que adquirem, a cada nova existência, um novo grau de perfeição. É preciso ver o fim para poder apreciar os resultados. Esses transtornos são, frequentemente, necessários  para fazer alcançar, mais prontamente, uma ordem melhor de coisas, em alguns anos o que exigiria séculos.

           Deus emprega todos os dias outros meios sem ser os flagelos destruidores para aprimorar a humanidade, visto que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É que o homem não aproveita; é preciso o homem ser tocado no seu orgulho e fazê-lo sentir sua fraqueza.

          Durante a vida, o homem relaciona tudo com o seu corpo, mas, depois da morte, ele pensa de outra forma, pois a vida do corpo é pouca coisa. Um século no mundo material é um relâmpago na eternidade. Portanto, os sofrimentos de alguns meses ou alguns dias, não são nada, apenas um ensinamento para nós, e que nos servirá no futuro. O mundo espiritual é o mundo real, preexistente e sobrevivente a tudo, são os filhos de Deus e o objeto de toda a sua solicitude; os corpos físicos são apenas os trajes com os quais eles aparecem no mundo material. Nas grandes calamidades que dizimam os homens, é como um exército que, durante a guerra, vê seus trajes usados, rasgados ou perdidos. O general tem mais cuidado com seus soldados do que com suas vestes.

           Mas as vítimas desses flagelos não são menos vítimas?

          Se considerarmos a vida por aquilo que ela é, e o pouco que é com relação ao infinito, se atribuiria menos importância a isso. Essas vítimas encontrarão, em uma outra existência, uma larga compensação aos seus sofrimentos, se elas sabem suportá-los sem murmurar.

          Que chegue a morte por um flagelo ou por uma causa comum, não se pode escapar a ela quando soa a hora de partida: a única diferença é que com isso, nos desencarnes por flagelo, parte um maior número de uma vez.

          Se pudéssemos nos elevar, pelo pensamento, de maneira a dominar a Humanidade e abrangê-la inteiramente, esses flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais que tempestades passageiras no destino do mundo.

         Os flagelos destruidores tem uma utilidade, sob o ponto de vista físico, pois eles mudam, algumas vezes, o estado de uma região; mas o bem que disso resulta não é, frequentemente, percebido senão pelas gerações futuras.

          Os flagelos são provas que fornecem ao homem a ocasião de exercitar sua inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação à vontade de Deus, e o orientam para demonstrar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se ele não está mais dominado pelo egoísmo.

         O homem pode evitar os flagelos por uma parte, mas não como se pensa, geralmente. Muitos flagelos são o resultado da imprevidência do homem; à medida que o homem adquire conhecimentos e experiência, pode evitá-los, quer dizer, preveni-los, se sabe procurar-lhes as causas. Mas entre os males que afligem a Humanidade, há os gerais que estão nos desígnios da Providência, e dos quais cada indivíduo recebe mais ou menos, a repercussão.  A estes o homem não pode opor senão a resignação à vontade de Deus e, ainda, esses males são agravados, frequentemente, pela sua negligência.

          Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, é preciso incluir na primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra. Mas o homem não encontrou na ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e na irrigação, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar, ou pelo menos atenuar, os desastres? Certas regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão preservadas hoje? Que não fará, portanto, o homem por seu bem-estar material quando souber aproveitar todos os recursos de sua inteligência e quando ao cuidado de sua conservação pessoal, souber aliar o sentimento de uma verdadeira caridade por seus semelhantes?



Fonte: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Cap.VI – Lei de Destruição, questões 737 à 741.

 


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