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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

MUNDOS REGENERADORES


                    Entre essas estrelas que cintilam na abóboda azulada, quantos mundos há, como o vosso, designados pelo Senhor para a expiação e a prova! Mas há também mais miseráveis e melhores, como os há transitórios que se podem chamar de regeneradores. Cada turbilhão planetário, correndo no espaço ao redor de um foco comum, arrasta consigo seus mundos primitivos de exílio, de prova, de regeneração e de felicidade. Já vos falaram desses mundos onde a alma nascente é colocada, quando, ignorante ainda do bem e do mal, pode caminhas para Deus, senhora de si mesma, na posse do seu livre-arbítrio; já vos foi dito de que imensas faculdades a alma está dotada para fazer o bem; mas, ah! Existem as que sucumbem, e Deus, não querendo seu aniquilamento, lhes permite ir para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, se regeneram, e se tornarão dignas da gloria que lhes estava reservada.

                Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes; a alma que se arrepende, neles encontra a calma e o repouso, acabando de se depurar. Sem dúvida, nesses mundos, o homem está ainda sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e os vossos desejos, mas está livre das paixões desordenadas, das quais sois escravos; neles não mais de orgulho que faz calar o coração, de inveja que o tortura, de ódio que o sufoca; a palavra amor está escrita sobre todas as frontes; uma perfeita equidade regula as relações sociais; todos se revelando a Deus, e tentando ir a ele, seguindo suas leis.

                Neles, todavia, não está ainda a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem aí é ainda carne e, por isso mesmo, sujeito às vicissitudes de que não estão isentos senão os seres completamente desmaterializados; há ainda provas a suportar, mas que não tem as pungentes angustias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são muito felizes, e muitos de vós ficariam satisfeitos em aí se deterem, porque é a calma depois da tempestade, a convalescença depois de uma cruel moléstia; mas o homem, menos absorvido pelas coisas materiais, entrevê, melhor que vós, o futuro; ele compreende que há outras alegrias que o Senhor promete para aqueles que delas se tornem dignos, quando a morte tiver ceifado de novo seus corpos para lhes dar a verdadeira vida. É então que a alma liberta planará sobre todos os horizontes; não mais os sentidos materiais e grosseiros, mas os sentidos de um perispírito puro e celeste, aspirando as emanações do próprio Deus sob os perfumes do amor e da caridade que se espalham do seu seio.

                Mas, ah! nesses mundos, o homem é ainda falível, e o espírito do mal não perdeu, ali, completamente seu império. Não avançar é recuar, e se não está firme no caminho do bem, pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde o esperam novas e mais terríveis provas. 

                Contemplai, pois, essa abóboda azulada, à noite, à hora do repouso e da prece, e nessas esferas inumeráveis que brilham sobre vossas cabeças, perguntai-vos as que conduzem a Deus, e pedi-lhe que um mundo regenerador vos abra seu seio depois da expiação da Terra. (Santo Agostinho, Paris, 1862).


Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec. Capítulo III, itens  16 a 18.



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