Perguntas
sobre as invenções e as descobertas, no livro dos médiuns, Allan Kardec.
- OS
ESPÍRITOS PODEM GUIAR NAS PESQUISAS CIENTÍFICAS E NAS DESCOBERTAS?
A ciência é a
obra do gênio; não deve adquiri-la senão pelo trabalho, porque é só pelo
trabalho que o homem avança no seu caminho. Que mérito teria se não houvesse se
não que interrogar os Espíritos para tudo saber? Todo imbecil poderia tornar-se
sábio a esse preço. Ocorre o mesmo com as invenções e as descobertas da
indústria. Depois, há uma outra consideração, a de que cada coisa deve vir a
seu tempo, e quando as idéias estejam
maduras para recebê-las; se o homem tivesse esse poder, transtornaria a ordem
das coisas, fazendo crescer os frutos antes da época.
Deus disse ao
homem: Tirarás teu sustento da terra com o suor do teu rosto; admirável figura
que pinta a condição na qual está neste mundo; ele deve progredir em tudo pelo
esforço do trabalho; se as coisas lhe fossem dadas todas prontas, de que lhe
serviria sua inteligência? Seria como o escolar do qual um outro faria o dever.
- O SÁBIO E O
INVENTOR JAMAIS SÃO ASSISTIDOS PELOS ESPÍRITOS EM SUAS PESQUISAS?
Oh! Isso é
bem diferente. Quando há chegado o tempo de uma descoberta, os Espíritos
encarregados de dirigir-lhe a marcha procuram o homem capaz de conduzi-la a bom
termo, e lhe inspiram as ideias necessárias, de maneira a deixar-lhe todo o mérito,
porque, essas ideias, é preciso que as elabore e as execute. Ocorre o mesmo com
todos os grandes trabalhos da inteligência humana. Os espíritos deixam cada
homem em sua esfera; daquele que não está apropriado senão para cavar a terra
não farão o depositário dos segredos de Deus; mas saberão tirar da obscuridade
o homem capaz de secundar seus desígnios. Não vos deixeis, pois, arrastar pela
curiosidade ou ambição em um caminho que não é o do Espiritismo e que
resultaria para vós nas mais ridículas mistificações.
Nota. O
conhecimento mais esclarecido do Espiritismo acalmou a febre das descobertas
que, no princípio, muitos pretendiam fazer por esse meio. Chegaram até a pedir
aos espíritos receitas para tingir e fazer crescer os cabelos, curar os calos dos
pés, etc. Vimos as pessoas que acreditaram fazer fortuna, e não recolheram
senão procedimentos mais ou menos ridículos. Ocorre o mesmo quando se quer, com
a ajuda dos espíritos, penetrar os mistérios da origem das coisas; certos
espíritos tem, sobre essas matérias, seus sistemas que, frequentemente, não
valem mais do que os dos homens e que é prudente não acolher senão com a maior
reserva.
Fonte: O
Livro dos Médiuns. Allan Kardec. Segunda
Parte – Cap. XXVI, itens 28 e 29.